HSBC corta preço-alvo da Petrobras, mas recomenda “acumular posições”

Banco ressalta a performance negativa das ações da petrolífera nos últimos anos, porém acredita em fluxo positivo de notícias

Anderson Figo

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SÃO PAULO – “Riscos regulatórios, atraso na capitalização e subsequente diluição nos resultados pesaram fortemente na Petrobras (PETR3, PETR4), transformando-a na segunda pior performance entre as companhias de petróleo e gás desde janeiro de 2008 e a pior desde janeiro de 2010″. Esta é a análise de Anisa Redman, do HSBC, que rebaixou nesta quarta-feira (26) seu preço-alvo para as ações da estatal, mas manteve o otimismo em relação ao futuro da companhia.

O novo target do banco para as ações PETR3 é de R$ 42, frente aos R$ 48 estipulados anteriormente. Da mesma forma, o preço-alvo dos ADRs (American Depositary Receipts) da Petrobras, listados na bolsa de Nova York, foi rebaixado de US$ 55 para US$ 50 ao final de 2011. Mesmo assim, Anisa reiterou a recomendação overweight (desempenho acima da média do mercado) para os papéis da petrolífera.

Performance negativa dos ativos
De acordo com a analista do HSBC, a performance negativa das ações da Petrobras nos últimos anos reflete as incertezas que rondaram e ainda rondam a mente dos investidores diante dos últimos acontecimentos relevantes envolvendo a companhia, como o processo de capitalização, as descobertas no pré-sal e o novo marco regulatório do setor.

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Assim, de acordo com Anisa, as ações da estatal acumulam uma performance bastante inferior à auferida por seus pares globais. “O mercado já está precificando os efeitos da diluição advinda da capitalização concluída em outubro de 2010 e as incertezas sobre a estratégia de negócios da Petrobras, além de sua habilidade em financiar os ambiciosos planos de crescimento, em nossa visão”, destacou o HSBC em relatório.

O resultado disso pode ser visto nas tabelas abaixo, elaboradas pelo HSBC. Na primeira, o comparativo da performance das ações da Petrobras entre 1 janeiro de 2008 e 19 de janeiro de 2011 com os papéis de seus pares globais, bem como com o Ibovespa e com os índices MSCI Brazil e MSCI GEM, criados pelo Morgan Stanley.

Já a segunda tabela faz a mesma comparação, porém, entre as performances do período de 1 de janeiro de 2010 e 19 de janeiro de 2011. “Apesar do avanço auferido nas primeiras três semanas deste ano, a ação tem queda de 18% desde 1 de janeiro de 2010. Desde os tempos pré-crise financeira em janeiro de 2008 até o momento, a Petrobras teve a segunda pior performance, com baixa de 36%, atrás apenas da Gazprom”, destacou Anisa.

Mercado está exagerando?
Mesmo diante deste desempenho, a analista do HSBC avalia que o “mercado parece estar assumindo premissas negativas irreais”. De acordo com Anisa, os investidores devem estar considerando uma das seguintes premissas em seus valuations: preço do barril de petróleo Brent, negociado no mercado de Nova York, a US$ 71 durante os próximos anos; volume de produção 16% menor do que o target da companhia; capex 13% maior por ano; custos de extração 24% maiores por ano; uma taxa livre de risco de 9,5% na perpetuidade; ou uma parcela do governo de 21% no valor do barril de petróleo Brent frente à média histórica de 18%.

“Entretanto, nós acreditamos que uma companhia com o potencial de produção da Petrobras com as taxas de crescimento acima da média (em termos de capacidade absoluta de produção) deve ser avaliada por sers fundamentos, muito além de seus múltiplos financeiros de curto prazo”, disse a analista do HSBC.

O banco acredita que a companhia vai se beneficiar nos próximos meses de um fluxo positivo de notícias, dentre as quais estão incluídos novos dados acerca da produção no campo piloto de Tupi e novidades acerca das áreas de Guará-Norte e Cernambi, além de futuros anúncios positivos sobre as taxas das operações registradas no pré-sal. Anisa ressaltou ainda como drivers favoráveis às ações da estatal a finalização da licitação para novas plataformas e sucesso em futuras emissões de bônus ao final deste ano.

Somado a isso, a analista também acredita que a melhora no cenário macroeconômico brasileiro também dará suporte para um fluxo de notícias positivas à Petrobras. “O Brasil vai continuar a atrair interesse por parte das companhias internacionais de petróleo, dada a viabilidade das inumeras oportunidades de seu meio-ambiente em relação a qualquer outra parte do globo, a despeito das preocupações acerca das prioridades do governo. Petróleo e Gás é um setor vital para o governo em seu duplo papel tanto como acionista da Petro quanto como entidade que colhe os impostos para gerar receitas para o Orçamento”, concluiu o HSBC.