Tesouro direto: alta nos juros se mantém; Tesouro IPCA+2045 vai a 6,48% com mercado atento a dados externos

Papéis prefixados, por sua vez, ofereciam juros de até 13,08% ao ano

Bruna Furlani Neide Martingo

(Getty Images)

Publicidade

O cenário internacional é o ponto de atenção do mercado nesta quinta-feira (26). O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu a uma taxa anual de 2,9% no quarto trimestre de 2022, de acordo com a primeira estimativa divulgada pelo Bureau of Economic Analysis. A expectativa do consenso Refinitiv era de que o percentual ficasse em 2,6%.

Já o índice de preços de gastos com consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) ficou em 6,2% no ano passado, em comparação com um aumento de 4% em 2021. Excluindo os preços de alimentos e energia, o índice subiu 5,0% em 2022, ante um aumento de 3,5% no ano anterior.

“O PIB anunciado hoje condiz com a leitura de um cenário que considera o mercado de trabalho ainda forte e os gastos dos consumidores mantendo a economia dos Estados Unidos, apesar do aumento das taxas de juros”, diz Carlos Vaz, CEO da Conti Capital.

Oferta Exclusiva para Novos Clientes

CDB 230% do CDI

Destrave o seu acesso ao investimento que rende mais que o dobro da poupança e ganhe um presente exclusivo do InfoMoney

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Com isso, afirma ele, há uma possibilidade de que os Estados Unidos conquistem o chamado soft landing, ou pouso suave (em tradução livre), em que o país consegue superar o quadro de inflação elevada sem fazer com que o crescimento seja afetado de forma significativa.

Vaz afirma, porém, que isso não significa que a economia escapará de uma recessão necessariamente. “Quando as taxas de juros sobem, podem causar uma recessão econômica. Já é sabido que o Fed (banco central dos Estados Unidos) ainda vai seguir com novos aumentos, apesar de mais brandos. E, nesse caso, poderemos ver os EUA entrarem em uma recessão técnica já no segundo trimestre de 2023”, diz, reforçando que o fenômeno não ser duradouro ou severo.

Já no Brasil, o foco está no acirramento da disputa pela presidência do Senado e nas discussões em torno das indicações dos novos diretores do Banco Central. Dados do setor externo e do plano anual de financiamento da dívida completam a agenda desta quinta-feira.

Continua depois da publicidade

Após uma sessão de forte descompressão da curva de juros na véspera (25), com queda de até 20 pontos-base (0,20 ponto percentual) nas taxas, os retornos oferecidos pelos títulos públicos negociados no Tesouro Direto voltam a subir, movimento visto desde a manhã desta quinta-feira.

Às 15h25, o Tesouro IPCA+2045 entregava um retorno real de 6,48%, acima dos 6,46% vistos um dia antes. Na parte da manhã, o ativo chegou a oferecer juros reais de 6,50% ao ano, próximos do patamar recorde de 6,51% batido na última terça-feira.

Enquanto isso, o papel atrelado à inflação com vencimento em 2035 oferecia um retorno de 6,30% ao ano. “Um ponto que chamou a atenção foi o Tesouro IPCA+2035, que ainda paga rendimentos bem altos, acima dos 6%. Pode ser um reflexo do mercado em relação à preocupação com o cenário macro da nossa economia, um temor por conta do risco fiscal”, afirma Stefany Oliveira, head de trading na Toro.

Papéis prefixados, por sua vez, ofereciam um juro de até 13,08% ao ano. Valor que era entregue pelo Tesouro Prefixado 2029 e pelo Tesouro Prefixado 2033, superior aos 12,98% e 12,95%, respectivamente, registrados pelos títulos na sessão anterior.

Stefany ressalta que as taxas dos prefixados, principalmente os vencimentos mais curtos, como o Prefixado 2026, abrem uma excelente oportunidade para o investidor que busca bons rendimentos.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta quinta-feira (26):

Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

PIB e emprego nos EUA

Na cena externa, o destaque está nos dados do PIB americano, que cresceu a uma taxa anual de 2,9% no quarto trimestre de 2022, de acordo com estimativa divulgada pelo Bureau of Economic Analysis. No terceiro trimestre do ano, o PIB real subiu 3,2%%.

A expectativa do consenso Refinitiv era de que o percentual no 4° trimestre ficasse em 2,6%.

O PIB real aumentou 2,1% em 2022  em comparação com uma elevação de 5,9% em 2021. Em dólares correntes, a alta do PIB foi de 9,2% no ano, de US$ 2,15 trilhões, para um nível de US$ 25,46 trilhões. Em 2021, o crescimento foi de 10,7%, ou US$ 2,25 trilhões.

De acordo com a agência, a alta do PIB no quarto trimestre refletiu elevações no investimento em estoques privados, gastos do consumidor, gastos do governo federal e dos governos estaduais e investimento fixo não residencial. Esses itens foram parcialmente compensados ​​por reduções no investimento fixo residencial e nas exportações.

A segunda estimativa para o quarto trimestre, com dados mais completos, será divulgada em 23 de fevereiro.

Atenção também para os pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, que caíram em 6 mil na semana encerrada em 21 de janeiro, para 186 mil, informou nesta quinta-feira (26) o Departamento do Trabalho americano. O resultado veio abaixo do esperado pelo consenso Refinitiv, que previa 205 mil pedidos.

A média móvel de 4 semanas foi de 197.500, uma queda de 9.250 em relação à média revisada da semana anterior.

O número de desempregados segurados já ajustado sazonalmente durante a semana encerrada em 14 de janeiro foi de 1,675 milhão, um aumento de 20 mil em relação ao nível revisado da semana anterior, de 1,655 milhão.

Petrobras e Mercadante

A Petrobras (PETR3;PETR4) informou que seu Conselho de Administração, em reunião realizada nesta quinta-feira (26) nomeou Jean Paul Prates como Conselheiro até a próxima Assembleia Geral de Acionistas e o elegeu para o cargo de presidente da estatal, este último com mandato até 13 de abril de 2023. Prates tomou posse em ambos os cargos nesta data.

O novo presidente fica assim no cargo até a Assembleia Geral Ordinária (AGO), que irá efetivá-lo.

Nesta quinta, um pouco antes da confirmação do nome e depois do anúncio oficial, as ações da Petrobras registravam queda na Bolsa, apesar da alta do petróleo. Às 13h25 (horário de Brasília), as perdas para as ações ON eram de 2,50%, a R$ 29,66, enquanto as PN caíam 2,12%, a R$ 26,36. Prates assume o comando interino da Petrobras já sob pressão da União, acionista controladora, por uma mudança nos rumos da política de preços de combustíveis, mas uma alteração significativa no curto prazo não é esperada por especialistas do mercado.

Já o conselho de administração do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou ontem (25) o nome de Aloizio Mercadante para presidir o banco público. Além dele, o colegiado escolheu Tereza Campello, Natalia Dias e Helena Tenorio para cargos de diretoria na instituição financeira.

Os escolhidos se juntam aos diretores já nomeados Alexandre Corrêa Abreu, que presidia o banco interinamente, José Luis Gordon, Nelson Barbosa Filho e Luiz Navarro.

Tesouro

O Tesouro Nacional divulgou hoje documento em que prevê que o estoque da dívida pública federal chegará a R$ 6,8 trilhões em 2023, com possível estabilidade na parcela do débito a vencer em até 12 meses. As informações constam do Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2023, divulgado nesta quinta-feira (26).

A meta do Tesouro é que a dívida pública federal feche este ano no intervalo de R$ 6,4 trilhões a R$ 6,8 trilhões, depois de encerrar dezembro de 2022 em R$ 5,951 trilhões.

A meta é que parcela da dívida vencendo em 12 meses fique no intervalo de 19% a 23% em 2023, depois de ter fechado o ano passado em 22,1%. Já a meta para o prazo médio da dívida passará para a faixa entre 3,8 anos e 4,2 anos, depois de a proporção fechar 2022 em 3,9 anos.

A participação dos papéis prefixados, que fechou o ano passado em 27%, deverá ficar no intervalo entre 23% e 27%. Já os papéis atrelados à Selic ficarão entre 38% e 42%, após encerrar 2022 em 38,3% projeta o Tesouro.

Os papeis vinculados a índices de preços ficarão entre 29% e 33% de participação (30,3% em 2022), enquanto os títulos vinculados a câmbio ficarão entre 3% e 7% (4,4% em 2022).