Renda fixa: onde investir com a queda de juros?

Debêntures despontam como aposta para maior rendimento

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – O cenário de queda de juros exige uma criatividade um pouco maior dos investidores para renda fixa. Segundo o Boletim Focus mais recente, a expectativa do mercado financeiro é de que a taxa Selic recue dos atuais 9,25% para 7,50% até dezembro.

“Hoje em dia, os investidores encontram uma dificuldade maior para seguir com os investimentos ‘tradicionais’ dos últimos anos, principalmente após renovarem LCAs e LCIs em taxas menores devido à escassez da oferta e ainda ler nos jornais sobre a possibilidade do governo tributar esses títulos novamente”, avalia Felipe Relvas, estrategista de investimentos da XP Investimentos.

No início do mês, uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo informou que o governo federal estuda aumentar a arrecadação de impostos em 2018 com o fim da isenção de imposto de renda para investimentos de pessoas físicas em LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LCA (Letras de Crédito do Agronegócio).

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Diante desse receio, e da queda na rentabilidade dos títulos do Tesouro Direto, Relvas afirma que o cenário volta a ser atrativo para as debêntures incentivadas. As circunstâncias macroeconômicas atuais também beneficiam esse tipo de investimento.

“O corte de juros possibilita a volta do crédito (mesmo que gradual), com as empresas conseguindo reduzir as despesas financeiras e consequentemente ‘aliviando’ o caixa”, diz o estrategista da XP.

Para o Tesouro Direto, o mercado recomenda os títulos atrelados à inflação para vencimentos intermediários – entre 2022 e 2026 –, uma vez que as taxas já precificam mais corte de juros e, como consequência, reduziu o prêmio pago para os papéis de vencimentos mais curtos – entre 2018 e 2020.

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“Os papéis de vencimentos intermediários conseguem pagar ainda um juro real (IPCA + taxa prefixada) bem atrativo e via debênture incentivada o investidor conta com isenção tributária na pessoa física”, destaca Relvas.

Segundo Relvas, as debêntures mais procuradas pelos investidores nos últimos meses são de empresas como Vale, Energisa, Cemar, Salus, Santo Antonio Energia, Saneatins e Autoban.

Vale lembrar que os investimentos em debêntures não tem a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito). 

Mercado aquecendo

As empresas voltaram a emitir debêntures para fins de infraestrutura de olho na atratividade potencial para os investidores no cenário de baixo retorno de outros investimentos em renda fixa. Apenas na primeira metade do ano, foram R$ 2 bilhões emitidos em debêntures.  

“O segundo semestre promete contar com aumento em novas emissões e o investidor volta a dar atenção para esses ativos, de olho em empresas de bons ratings (avaliados pelas agências) e em melhores remunerações para a carteira”, explica o estrategista.

De um lado, os investidores de renda fixa podem ter mais opções de aportes, enquanto as empresas podem voltar a se capitalizar para alongar as dívidas e respirar um pouco mais, após viver a pior recessão da história do país desde a década de 1930.