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SÃO PAULO – O Banco Central deu sinais de que pode colocar o pé no freio e desacelerar a velocidade nos cortes da Selic. De olho nessa movimentação, Juliano Custódio, assessor financeiro do blog Eu Quero Investir!, avalia que os investimentos em renda fixa que têm como aposta o fechamento da curva de juros terão seus prazos de retorno alongados.
No comunicado de anúncio da redução de 1 ponto percentual da taxa Selic, para 10,25%, o Copom (Comitê de Política Monetária) fez a seguinte afirmação: “Em função do cenário básico e do atual balanço de riscos, o Copom entende que uma redução moderada do ritmo de flexibilização monetária em relação ao ritmo adotado hoje deve se mostrar adequada em sua próxima reunião. Naturalmente, o ritmo de flexibilização continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação.
Custódio explica que esse movimento de alongamento do período de afrouxamento monetário começou a ser desenhado em 17 de maio, data do vazamento da conversa entre o presidente Michel Temer e o dono da JBS, Joesley Batista.
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“Se antes acreditávamos que a Selic poderia cair para 9% até o fim desde ano, agora não conseguimos ter essa perspectiva mais. O corte de juros depende de o governo ter uma possibilidade futura de ver o déficit primário diminuindo e depois ter superávit, para manter a inflação baixa”, explica o assessor financeiro.
Custódio lembra que a atual desaceleração na alta de preços é resultado da forte recessão pela qual o Brasil passou. Agora, a economia começa a dar os primeiros sinais de que pode estar saindo do fundo do poço, com o crescimento de 1% no PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre ante o período anterior.
“Se a economia continuar crescendo e o país não conseguir chegar perto de ter superávit, o Banco Central não vai conseguir baixar juros porque a inflação vai subir”, diz Custódio, destacando a “falta de clima” para a aprovação de reformas importantes para a retomada dos superávits, como a trabalhista e, principalmente, a previdenciária.
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Neste cenário, o assessor financeiro avalia que os investimentos que tinham previsão de boa rentabilidade em um ano, de olho no corte de juros, deve ter seu ganho esticado para o prazo de um ano e meio a dois anos.
Para quem já tem aplicações em renda fixa, Custódio orienta a mantê-las, mas quem irá fazer novos aportes pode “surfar a onda” da esticada do afrouxamento monetário em CDBs com rentabilidade de 120% a 130% do CDI e títulos do Tesouro Direto com vencimentos de longo prazo e pós fixados.
Investimentos de prazo mais curto, para resgate em menos de um ano, Custódio sugere fundos de renda fixa, em especial aqueles com alocação em crédito – mais arriscados que os títulos públicos. “A palavra de ordem hoje em dia é ‘diversificação’”, destaca.