“Não existe mais porto seguro”, diz gestor sobre títulos públicos

Em fevereiro, quase todos os títulos atrelados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) registraram retornos negativos

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – Os títulos públicos prefixados e os atrelados à inflação registraram mais um mês de retornos negativos. Em fevereiro, quase todos os títulos indexados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) apresentaram perdas  – apenas a NTN-B (Nota do Tesouro Nacional série B) com vencimento muito próximo, em 15/05/2013, trouxe retorno positivo (0,77%).

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As quedas mais acentuadas ficaram com os títulos mais longos. A NTN-B com vencimento em maio de 2045 registrou rendimento negativo de 3,34% no segundo mês do ano, enquanto aquela que vence em maio de 2035 ficou negativa em 3,26%.

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Com isso, muitos fundos de investimentos de renda fixa com predominância desses ativos no portfólio também ficaram no vermelho no mês passado. “A lição que fica é que não há mais porto seguro hoje. Mesmo um título do governo pode te dar prejuízos, a menos que ele seja curto, mas nesse caso, você certamente perderá da inflação”, aponta o sócio-gestor da Eagle Capital, Paulo Possas.

As LTN (Letras do Tesouro Nacional), títulos pefixados, também ficaram no vermelho no segundo mês do ano. O título com vencimento em janeiro de 2015 recuou 0,41% enquanto vencimento em janeiro de 2016 perdeu 0,61%. “A gestão tornou-se mais difícil e trabalhosa. Coisa para profissionais”, ressalta o gestor.

Essa queda pode acontecer porque durante o período de validade do título público o seu valor de face oscila, influenciado pelas expectativas futuras de inflação e pela alta ou queda da taxa de juros, entre outros fatores. Se a expectativa é de queda da Selic, o título costuma ter seu valor de face aumentado, e se a taxa básica sobe, o valor do título cai no mercado secundário. Isto acontece porque aquela taxa fixa (o cupom de juros) é baseada na Selic do momento da compra. Se a Selic cair, as pessoas vão aceitar pagar mais por uma taxa de 4% ao ano pelo seu título, já que os títulos emitidos dali para frente pagarão um cupom de juros menor. Já se a Selic subir, o cupom de juros dos títulos emitidos a partir dali provavelmente será maior do que 4% ao ano, então, os investidores pagarão menos pelo seu título no mercado secundário. O valor do título normalmente aumenta na direção inversa da Selic.

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É importante lembrar que caso o investidor permaneça com os títulos públicos até o seu vencimento, ele receberá sempre o valor acordado no momento da compra. Ou seja, não existe risco de perdas. Já os investidores que vendem os títulos antes do seu vencimento ficam sujeitos às oscilações de mercado. No caso dos papéis atrelados à inflação e os prefixados, a mudança em relação à expectativa da Selic é um dos responsáveis pela queda.

Anbima
De acordo com dados da Anbima (Associação das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), o IMA-B 5+ (índice que mede o retorno das NTN-Bs com prazo acima de 5 anos) registrou retorno negativo de 1,12%.

Já o IMA-B, índice que mede a rentabilidade dos títulos públicos atrelados ao IPCA (independentemente do prazo) registrou queda de 0,88% no mês, segundo a entidade. O IMA-Geral, que engloba a rentabilidade de todos os índices calculados pela associação, por sua vez, apresentou retorno negativo de 0,29%.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip