Poupança tem o melhor maio em 5 anos: por que isso é uma péssima notícia?

SÃO PAULO – Os depósitos da poupança superaram os saques em R$ 2,4 bilhões em maio, segundo o Banco Central. Este é o melhor resultado para o mês desde 2013, quando o saldo da caderneta ficou em R$ 5,6 bilhões.Formado pela diferença entre R$ 181,7 bilhões de depósitos e R$ 179,3 bilhões de retiradas, a […]

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – Os depósitos da poupança superaram os saques em R$ 2,4 bilhões em maio, segundo o Banco Central. Este é o melhor resultado para o mês desde 2013, quando o saldo da caderneta ficou em R$ 5,6 bilhões.

Formado pela diferença entre R$ 181,7 bilhões de depósitos e R$ 179,3 bilhões de retiradas, a poupança passou a ter R$ 749,6 bilhões de estoque total. Em princípio, a sinalização de que os brasileiros estão voltando a conseguir poupar uma parte de sua renda é positivo. O problema está no destino dado a esse dinheiro. Isto porque a poupança foi eleita no início do ano como o “pior investimento de 2018” pelos analistas ouvidos pelo InfoMoney devido à sua baixa rentabilidade. 

Em um primeiro momento, essa pode parecer uma boa notícia, com mais dinheiro sendo poupado pelos brasileiros após a maior recessão da história e nível de desemprego ainda elevado. No entanto, a falta de conhecimento sobre investimentos tão seguros quanto a poupança e com rentabilidade superior leva os brasileiros a optarem por uma aplicação com ganhos extremamente baixos. 

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Segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), o número de pessoas que têm conta poupança representa 85% de todos os investidores brasileiros, apontando a manutenção do favoritismo da aplicação mesmo com o baixo retorno oferecido. A falta de educação financeira é uma das principais razões apontadas para justificar essa escolha. 

A alegação de boa parte desses investidores é que a caderneta de poupança é isenta de imposto de renda, o que na teoria poderia significar alguma vantagem em relação ao rendimento. Puro engano. O InfoMoney simulou três comparações com aplicações conservadoras e em todas o investidor consegue ganhos superiores ao da poupança.

Veja simulação de investimentos:
Aplicação de
R$ 100 mil por 5 anos
Rendimento livre de impostos* Resultado livre de impostos* Rentabilidade líquida (livre de impostos)
Poupança R$  R$ 135.336,77 6,61% ao ano
CDB de 120% R$  R$ 144.420,80 8,10% ao ano
CDB de 110% R$  R$ 139.955,50 7,38% ao ano

*Cálculo feito no Simulador do Tesouro Direto. CDBs têm incidência de imposto de renda, mas já foram descontados. 

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Por que a poupança rende tão pouco?
Desde maio de 2012 estão em vigor as novas regras para o cálculo do rendimento da poupança. As aplicações feitas após essa data, a rentabilidade é de 0,5% ao mês, ou 6,17% ao ano, mais o valor da TR (Taxa Referencial). Esse cálculo vale apenas quando a taxa Selic for igual ou inferior a 8,50% ao ano.

Quando a Selic estiver abaixo de 8,50%, a poupança rende 70% da Selic mais o valor da TR. Com o patamar atual da taxa básica de juros em 6,50%, a caderneta tem rentabilidade de 0,37% ao mês, ou 4,55% ao ano, o equivalente a 70% da Selic mais TR. 

Para os valores depositados antes de 3 de maio de 2012, quando entrou em vigor o novo cálculo, a rentabilidade é de 0,5% ao mês, ou 6,17% ao ano, mais TR, independente do valor da Selic vigente. 

A rentabilidade é calculada no “aniversário da poupança” mensal, ou seja, no dia de sua abertura. Quem fizer o saque da poupança no dia 2 e o aniversário for no dia 3, por exemplo, perde a rentabilidade do último mês.

Mas o que é a TR?
A Taxa Referencial surgiu no início da década de 1990, durante o Plano Collor II, com o objetivo de ajudar a controlar a inflação do país na época. Após o período de hiperinflação, a TR é usada para correção da poupança FGTS, títulos públicos e até mesmo alguns financiamentos imobiliários.

O Banco Central é responsável por calcular a TR após uma pesquisa com os principais bancos do país com base nas taxas de juros dos CDBs (Certificado de Depósito Interbancário). 

Veja o rendimento da TR nos últimos 10 anos:

Ano Taxa TR
2018* 0%
2017 0,60%
2016 2,01%
2015 1,80%
2014 0,86%
2013 0,19%
2012 0,29%
2011 1,21%
2010 0,69%
2009 0,71%

Fonte: Banco Central
*acumulado até 6 de junho

Com a Selic no menor patamar histórico e achatando os ganhos de renda fixa, o analista da Rico Investimentos, Roberto Indech, dá ainda a opção de migrar para renda fixa atrelada a créditos privados, que ainda têm a vantagem de serem isentos de imposto de renda. 

“Os ativos de crédito privado são mais conservadores – em relação aos fundos de investimentos – e quem vai direto investir em CRI, CRA, LCI e LCA encontra opções interessantes e vai conseguir ganhar o seu dinheiro de forma mais conservadora”, disse Indech.

Conheça as opções disponíveis de investimentos em crédito privado isentos de imposto de renda:

LCI (Letra de Crédito Imobiliário)
A LCI é um título de renda fixa emitido por um banco com lastro em créditos imobiliários e seus rendimentos podem ser prefixados ou pós fixados – neste caso a rentabilidade dos títulos geralmente está atrelada ao CDI.

Geralmente, o título só pode ser resgatado no vencimento, ou seja, essa aplicação não funciona como fundo de emergências porque o dinheiro não pode ser retirado a qualquer momento (Veja aqui opções de investimentos para fundo de emergências). O risco para o investimento é a “quebra” da instituição que emitiu o título, mas aplicações de até R$ 250 mil por CPF e instituição são protegidas pelo FGC. Ou seja, o fundo devolve o dinheiro ao investidor, até R$ 250 mil, se o emissor falir. 

LCA (Letra de Crédito Agrícola)
A LCA é um título de renda fixa emitido por um banco com lastro em empréstimos cedido ao setor do agronegócio. Seus rendimentos também podem ser prefixados ou pós fixados – neste caso a rentabilidade dos títulos geralmente está atrelada ao CDI.

Assim como a LCI, a LCA também só pode ser resgatada no vencimento. O risco para o investimento é a “quebra” da instituição que emitiu o título, mas aplicações de até R$ 250 mil por CPF e instituição são protegidas pelo FGC. Ou seja, o fundo devolve o dinheiro ao investidor, até R$ 250 mil, se o emissor falir. 

CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) 
Os CRIs são títulos emitidos apenas por companhias securitizadoras de recebíveis imobiliários. Sua rentabilidade pode ser prefixada ou pós fixada e estar atrelada ao CDI ou à inflação. Geralmente, os CRIs também só podem ser resgatados no vencimento, e esse tipo de investimento não conta com a proteção do FGC.

Por isso, é importante observar o rating atribuído ao título. Nas corretoras, é possível verificar a avaliação das agências de ratings. Tal qual os países são avaliados e recebem uma nota de acordo com seu risco, muitas aplicações também vêm com esse “selo” que ajuda os investidores a escolher os títulos mais seguros. 

CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio)
Os CRAs são títulos emitidos apenas por companhias securitizadoras de direito creditórios do agronegócio e seus ganhos são prefixados ou pós fixados e ligados ao CDI ou à inflação. Assim como os CRIs, os CRAs não possuem garantia do FGC e a observância dos ratings atribuídos ao títulos também vale.  Geralmente, os CRAs também só podem ser resgatados no vencimento.

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