Renda fixa, Bolsa e imóveis: como a alta de juros dos EUA afeta seus investimentos?

Fed subiu a taxa de juros para o intervalo entre 1,75% e 2% ao ano, confirmando as expectativas do mercado

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – Na última quarta-feira (13) a tão esperada reunião do Federal Reserve agitou os mercados. Os membros do comitê do decidiram por elevar em 25 pontos-base a taxa de juro norte-americana, que passa a ficar no intervalo entre 1,75% e 2% ao ano. Além disso, a autoridade monetária dos EUA sinalizou que deverão ocorrer mais duas altas de juros ainda em 2018, totalizando 4 elevações nos juros no ano – uma a mais que o previamente esperado.

A reação dos ativos brasileiros foi negativa: o Ibovespa acelerou as perdas e chegou a cair mais de 2%, antes de se recuperar e fechar com queda de 0,87%, enquanto os contratos de juros futuros subiram forte, elevando o “prêmio” exigido pelos investidores para aplicarem na renda fixa local. O dólar só não fechou em alta porque após uma apreciação vista depois da reunião o nosso Banco Central interviu no mercado de câmbio, fazendo a cotação da moeda fechar próxima da estabilidade, a R$ 3,71.

O motivo? De forma resumida, é possível associar este movimento ao fato dos investidores globais aproveitarem que a taxa de juros dos EUA estão começando a subir para migrar seus investimentos para as Treasuries, ou títulos da dívida norte-americana – que apesar de pagar pouco em relação à renda fixa brasileira, carrega o status de ser o “investimento mais seguro no mercado financeiro. 

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Mas indo direto ao ponto: como isso vai afetar meus investimentos? O InfoMoney preparou uma breve explicação para você entender como a alta de juros nos EUA pode afetar as três aplicações brasileiras mais tradicionais: renda fixa, bolsa e imóveis. Confira abaixo:

Renda fixa 
Com esta alta de juros nos EUA, a diferença entre a taxa brasileira e a norte-americana diminuiu ainda mais, o que torna a relação “risco x retorno” dos ativos brasileiros cada vez menos atraente em relação aos norte-americanos. Em 2016, a Selic chegou a 14,25% ao ano, enquanto o Fed Fund Rate estava na faixa de 1% (diferença de 1.325 pontos-base). Atualmente, com a Selic a 6,5% e o FFR em 1,75%~2,0%, esse “gap” está entre 450 e 475 pontos-base.

Com a iminente saída de estrangeiros do Brasil, o dólar tende a se apreciar ante o real – já que eles trocam seus reais pela moeda norte-americana – e quem fica por aqui busca segurança no mercado de juros futuros, que tem tido uma escalada na taxa de juros projetada, não apenas para compensar essa maior diferença das taxas brasileiras e americanas mas também por toda a insegurança envolvendo incertezas políticas e econômicas que estamos tendo e teremos em 2018 – na prática: diante desse cenário incerteza, o investidor está exigindo um retorno maior para investir na nossa renda fixa.  

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 “Para ficar investido em Brasil ele não vai aceitar o valor da Selic, vai buscar uma taxa maior e naturalmente o juro futuro vai subir”, explica Juliano Custódio, assessor financeiro e autor do blog EuQueroInvestir!, destacando que os títulos com vencimento em 2023 e 2024 já alcançavam os mesmos patamares da semana do “Joesley Day”, quando o pânico se instalou no mercado brasileiro. 

“É um bom momento para comprar. Estamos vendo taxas bem altas, com CDBs prefixados a 14% ao ano, por exemplo. Mesmo que o prazo de resgate seja longo, estamos falando de 200% do CDI. São investimentos muito bons para comprar. Aproveitem esse estresse do mercado para comprar um pouco de investimento prefixado”, recomenda Custódio.

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Bolsa
Se a renda fixa sofre com a falta de segurança, imagina a renda variável? Isso ajuda a explicar a queda do Ibovespa logo após a reunião do Fomc. Porém, há outras diversas variáveis que afetam o preço das ações que é preciso levar em conta também: as projeções de crescimento do Brasil deverão ser menores do que o esperado no começo de 2018, ao passo que a Selic certamente não cairá mais do que os atuais 6,5% e pode subir antes do previsto (e alta na Selic significa duas coisas: valuation mais caro das ações e mais atratividade para a renda fixa em relação ás ações). Soma-se a isso a incerteza política e como isso pode afetar estatais e bancos (que juntos possuem cerca de 30% de participação do Ibovespa) e pronto: temos um cenário pouco confortável para investir em ações.

No entanto, alguns setores podem se aproveitar deste momento: empresas expostas ao mercado internacional e ao dólar poderão “blindar-se” de qualquer piora no Brasil e ainda ter uma margem mais gorda com a alta do dólar, explica Luiz Carlos Aires, responsável pelo relacionamento com investidores da gestora RPS Capital. Companhias do setor de proteína, commodities e ações mais defensivas que se beneficiam da valorização do dólar são boas pedidas. Roberto Indech, analista-chefe da Rico Investimentos, destaca as ações de Suzano (exportadora de celulose), Vale (exportadora de minério) e Gerdau (siderúrgica com parte da atuação nos EUA).

Mas é importante mencionar que, seja com juros em queda ou em alta, é possível ter uma boa performance na bolsa desde que se faça uma seleção eficiente de empresas para montar uma carteira. Tomando como exemplo a Carteira InfoMoney, que está batendo o Ibovespa em 3,5 pontos percentuais em junho e acumula até o momento ganhos na casa de 5% em 2018, enquanto o Ibovespa está caindo mais de 1%. Desde sua criação (janeiro de 2016), a Carteira IM está com rentabilidade superior ao Ibovespa em 23,6 pontos: 89,2% vs 65,6%.

Imóveis
Custódio explica que um eventual aumento nas taxas de juros brasileiras, decorrentes da elevação nos Estados Unidos e países emergentes, deveriam pressionar os preços dos imóveis para baixo . “Porém, nossos preços já estão bem pressionados. Se os juros dos EUA forçarem os nossos a subir, veremos uma piora nas taxas de financiamento, mas já tem pouca gente financiando”, explica o assessor financeiro.

“Não estamos em um momento pujante do mercado imobiliário, acho que terá praticamente nenhum impacto. O que impactaria mais o mercado imobiliário seria a volta do credito e a inadimplência menor, o que só deve acontecer após a eleição mesmo”, acrescenta.

Fundos imobiliários
Quem gosta de investir em imóveis deve repensar o aporte nos ativos físicos e avaliar as possibilidades em fundos imobiliários. Além de mais rentáveis, o investidor ainda consegue acessar ativos como shoppings e prédios comerciais, que não estão ao alcance de investidores comuns e o momento atual para fundos imobiliários é excepcional  e não deve se repetir no Brasil. 

Isto porque os fundos imobiliários brasileiros ganham com os juros em baixa – e a Selic está em seu menor patamar histórico. Isso porque o principal “concorrente” desses fundos não é a renda fixa, e sim os investimentos com lastro em juros. Dificilmente haverá dois dígitos no futuro próximo novamente, comentaram os especialistas em Real Estate da XP Investimentos em um painel na semana passada. Desta forma, o cenário no momento é positivo neste sentido. 

Mas o que realmente torna esta oportunidade realmente única é a combinação destes fatores todos com a imaturidade do Brasil em Fundos Imobiliários – algo que, uma vez superada, não deve retornar. De acordo com Leonardo Lombardi, da área de Distribuição de FIIs na XP , um mercado de trilhões de dólares nos Estados Unidos ainda vale US$ 40 bilhões no Brasil, mas o investidor deve retornar ao investimento em um caminho sem volta – principalmente em um país patrimonialista e apegado a imóveis como o Brasil.

Apesar da significativa queda do IFIX observada nos últimos dois meses (mais de 6,5%), todos os especialistas apostam em recuperação dos ativos de qualidade. É válido lembrar que contratos imobiliários normalmente são revistos a cada 3 anos, então quem assinou em edifícios AAA durante o período de crise deve passar a pagar mais caro, no máximo, em 2021. Em outras palavras, qualquer investidor com foco em médio e longo prazo pode se beneficiar. 

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