Virou mico? Entenda por que os títulos do Tesouro Direto fecharam o mês no negativo

O número de investidores cadastrados no Tesouro Direto atingiu a marca de 2.127.887 investidores, recorde histórico, sendo 77.433 novos cadastros apenas em abril

Weruska Goeking

Publicidade

SÃO PAULO – O desempenho do Tesouro Direto em abril foi majoritariamente negativo, com apenas dois dos 10 títulos disponíveis com valorização no período. O título atrelado ao IPCA com vencimento em 2045 teve a maior queda, de 3,93%. Veja variação em abril de todos os títulos ainda disponíveis na plataforma do Tesouro Direto:

Título Vencimento Rentabilidade no mês Rentabilidade em 2018 Rentabilidade em 12 meses
Tesouro Prefixado 2021 01/01/2021 0,64% 5,51% 15,83%
Tesouro Prefixado 2025 01/01/2025 -0,52%
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2029 01/01/2029 -0,38%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2026 15/08/2026 -0,34% 4,64% 12,23%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 15/05/2035 -1,08% 3,94% 9,93%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2050 15/08/2050 -1,87% 3,77% 7,72%
Tesouro IPCA+ 2024 15/08/2024 -0,66% 5,60% 12,50%
Tesouro IPCA+ 2035 15/05/2035 -2,28% 3,41% 8,08%
Tesouro IPCA+ 2045 15/05/2045 -3,93% 3,70% 7,98%
Tesouro Selic 2023 01/03/2023 0,33% 1,87% 8,23%

Fonte: Tesouro Nacional

O que explica essas quedas disseminadas em todo o mercado de títulos públicos? Será que o amor do brasileiro pelo Tesouro Direto acabou? Os níveis recordes de investidores indicam que não. No mês passado, o número de investidores cadastrados no Tesouro Direto atingiu a marca de 2.127.887 investidores, recorde histórico, sendo 77.433 novos cadastros apenas em abril. 

Oferta Exclusiva para Novos Clientes

CDB 230% do CDI

Destrave o seu acesso ao investimento que rende mais que o dobro da poupança e ganhe um presente exclusivo do InfoMoney

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Quem se rendeu aos encantos do Tesouro Direto recentemente se arrependeu? Segundo o professor do InfoMoney, Alan Ghani, quem comprou os títulos nesses dias de quedas entrou em um bom momento, uma vez que os títulos – e suas frações – estavam mais baratas. 

Ele explica ainda que a razão para a queda na rentabilidade no mês passado veio do cenário externo. Os Treasuries de 10 anos, títulos da dívida pública dos Estados Unidos, atingiram a faixa de 3% pela primeira vez em quatro anos e mantiveram esse patamar por vários dias. A alta dos títulos norte-americanos reduziu o apetite dos investidores por outros ativos de risco, e derrubaram as Bolsas ao redor do mundo, já que torna mais atraentes ativos considerados mais seguros. 

Em meio a qualquer situação de insegurança nos mercados, os títulos dos Estados Unidos podem ser chamados, sem risco de exageros, de mais seguros do mundo. Podem não oferecer a maior remuneração, mas o risco de um calote dos Estados Unidos é praticamente nulo.

Continua depois da publicidade

A escalada dos Treasuries estava relacionada à forte alta do petróleo no mês passado, já que elevou a expectativa por maior pressão inflacionária pelo mundo, uma vez que os combustíveis são um componente que afeta os preços em diversos setores da economia. Com isso, cresceu a probabilidade do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) elevar os juros norte-americanos mais rapidamente e reduzir a liquidez no mercado. 

Os Treasuries normalmente têm demanda elevada em períodos de maior instabilidade nos mercados acionários. Nestes momentos de postura mais cautelosa por parte dos investidores, os rendimentos (yields) dos títulos recuam e o que aumenta é o PU (Preço Unitário) do ativo.

Os títulos do Tesouro seguem em desvalorização nesta segunda-feira (28), mas dessa vez o motivo é a cena doméstica. A decisão do governo de subsidiar a redução no preço do diesel para atender a demanda dos caminhoneiros que entraram em greve na segunda-feira (21) passada.

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, realizou uma coletiva de imprensa para analisar os impactos fiscais desses gastos e explicar de onde virá este corte. Basicamente: parte do corte será garantido por cortes de impostos e o restante deverá ser garantido com medidas de crédito extraordinário.

“Não podemos fazer reduções de impostos ao longo do exercício sem adequada compensação financeira: para reduzir imposto ou eu crio um novo imposto ou aumento um imposto”, disse o ministro. “

Alan Ghani explica que o salto nos juros oferecidos pelo Tesouro nesta segunda-feira (28), e sua desvalorização no preço nominal, é reflexo direto da preocupação dos investidores com a situação fiscal do país, que se mostra ainda mais delicada após o governo conceder subsídio para reduzir o preço do diesel, em resposta à greve dos caminhoneiros iniciada em 21 de maio. 

Quer investir no Tesouro Direto e em fundos imobiliários com TAXA ZERO? Clique aqui e abra sua conta na Rico