Sua carreira tem vida curta e ganhos elevados? Você pode estar investindo errado

A velocidade da migração para uma carteira de investimentos mais agressiva deve levar em consideração também o custo de vida do profissional

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – Algumas profissões proporcionam ganhos muito elevados, porém, o tempo de carreira é curto. É o caso de modelos e atletas, por exemplo. “Carreiras desse tipo têm suas peculiaridades e a abordagem para alocação de recursos e de investimentos para esse grupo específico de pessoas precisa ser diferente”, conta Marcelo Ribeiro, diretor de risco da Azimut Brasil Wealth Management.

Um estudo feito pela Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, mostra que o prazo médio de carreira de um jogador na NBA dos 44 maiores times do país é de 4,8 anos, com média de ganho de R$ 14,4 milhões. Outro levantamento da Sports Illustrated aponta que 78% dos jogadores da principal liga de futebol americano, a NFL, têm problemas financeiros apenas dois anos depois de deixarem os campos e muitos chegam à falência.

Por isso, o planejamento rápido e assertivo é tão importante. “Em média, o atleta profissional fará de 60% a 70% dos seus ganhos até os 30, 35 anos. Do outro lado, o tempo de aposentadoria é muito longo. A expectativa de vida chega aos 80 anos”, destaca Ribeiro.

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O diretor explica que o método tradicional de distribuição de recursos que leva em consideração o conhecimento que o investidor possui sobre economia e seu apetite por risco – conservador, agressivo ou moderado – não vale para esse perfil de profissional. “Um atleta jovem, com pouca instrução e experiência com finanças pode receber um carimbo de investidor conservador e isso pode ser um problema”, conta Ribeiro.

“As características do capital humano e do salário devem ser consideradas no processo de alocação de portfólio. Quando você coloca isso na conta, acaba concluindo que pessoas mais jovens e com geração alta de capital deveriam investir de forma moderada a agressiva”, explica o diretor de riscos.

Dado o período longo de aposentadoria, o profissional precisa encerrar sua carreira com saldo bastante elevado. Segundo o especialista, é possível dividir esses profissionais em três grandes grupos: o superstar, o star e o coringa.

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O “superstar” tem ganhos muito elevados e consegue acumular em pouco tempo uma renda relevante. “Como ele acumula rápido, não precisa de retornos tão elevados – se não for alguém que gaste absurdamente”, diz o diretor.

No caso do “star”, os ganhos são menores e, por isso, o retorno da renda precisa ser mais alto, enquanto o “coringa” abarca os profissionais com ganhos elevados, mas instáveis. “Na bonança, ele precisa tomar mais risco, e na ‘seca’ deve ser mais conservador”, explica.

Para aumentar a exposição aos riscos dos investimentos aos poucos, o especialista recomenda que a carteira conservadora – geralmente compostas por LCA, LCA, Tesouro Direto, etc – comece a ser substituída por fundos multimercados. “Nessa etapa é possível introduzir fundos de ações, começar com as empresas boas pagadoras de dividendos e que são mais defensivas em momentos de estresse do mercado”, conta.

A velocidade da migração para uma carteira de investimentos mais agressiva deve levar em consideração também o custo de vida do profissional. “Não adianta ele ter um ganho de categoria ‘superstar’ e gastar tudo”, explica o especialista.

O monitoramento e eventuais revisões das alocações ocorrem com maior frequência do que nos investidores tradicionais. Segundo Ribeiro, as revisões precisam ocorrer a cada seis meses, enquanto o Banco Central estipula reavaliação de carteira a cada 24 meses, pelo menos, e de 12 meses para investidores de alto risco, como os politicamente expostos.

“No caso de profissionais de alta renda em espaço curto de tempo, as conversas tendem a acontecer mensalmente, até para acompanhar os gastos dele”, completa Ribeiro.