Títulos de empresas brasileiras têm retorno atraente no exterior; saiba como investir

Bonds da Petrobras, Banco do Brasil e da Suzano são destaques

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – O desempenho dos bonds de empresas brasileiras tem chamado atenção dos investidores com rentabilidade de títulos prefixados que pode chegar a 20% ao ano, mais a variação do dólar.

 Os bonds são títulos de dívida emitidos no exterior, que podem ser de países ou de empresas. Rodrigo Noschese, analista de renda fixa da XP Securities, conta que várias companhias brasileiras têm emitido seus títulos de dívida no exterior, como Petrobras, Embraer e Banco do Brasil. “Alguma vezes essas dívidas são sêniores, ou seja, os detentores são os primeiros a receber se a empresa falir”, conta Noschese.

 O analista dá dicas de como escolher os melhores bonds e iniciar os investimentos no exterior:

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 Analise a companhia

Noschese explica que os preços dos bonds são impactados pela estrutura da companhia. Dessa forma, é importante acompanhar o rating dado pelas principais agências de classificação de risco, estudar os relatórios trimestrais de resultados das empresas e, especialmente, as perspectivas do negócio.

 No caso dos bonds do Banco do Brasil, por exemplo, itens que não devem passar em branco são o lucro líquido, o índice de inadimplência e de Basileia – que mostra a capacidade do banco de absorver choques vindos do próprio sistema financeiro ou de outros setores da economia.

 Os nomes na direção da empresa também são importantes. “Gaste tempo fazendo pesquisa sobre a companhia e sobre quem são as pessoas por trás dela: os diretores, o presidente e mesmo o diretor financeiro”, destaca Noschese.

 Fique de olho no rating do país

Além de checar o rating da companhia nas agências de classificação de risco, avaliação do país em que a empresa está sediada é de “suma relevância”, segundo o analista. “A Argentina, por exemplo, dificilmente tem empresa com rating superior à nota do país”, explica.

 Proteção
A exposição da companhia ao mercado exterior e à outras moedas é um ponto importante. A oscilação do dólar, principal moeda usada nos negócios internacionais, influencia os rendimentos dos bonds. “Na maior parte dos casos a empresa tem hedge”, diz o analista.

 “Se o mundo passar por um contexto mais turbulento em virtude de eleições na França e Alemanha, e o próprio Brexit, é preciso estar preparado”, destaca.

 Cheque o histórico
Ainda que os ganhos passados não garantam o rendimento futuro, o analista recomenda consultar o histórico do rendimento do bond. “Quando você compra um fundo no Brasil pergunta quanto ele rende do CDI, fora do Brasil o balizador dos mercados é o treasury”, diz.

 Os treasuries – títulos da dívida dos Estados Unidos – com vencimento em 10 anos têm grande importância na precificação dos bonds. Dependendo da trajetória dos juros básicos dos Estados Unidos, há impacto no preço dos papéis. “Se o Fed subir os juros de forma agressiva, se a taxa vier a 2,75%-3%, impactaria os preços unitários dos bonds”, conta o analista, o que nos leva ao próximo item.

 Duration
Para cada 1% de aumento nos treasuries de 10 anos – que são impactados pela taxa básica de juros norte-americana – um bond com “duration” – prazo de vencimento de 11 anos irá se desvalorizar em 11%. “Essa premissa não é 100% verídica para um papel no caso da Petrobras, por exemplo, que não é ‘investment grade’ e ainda tem espaço para apreciação”, diz o analista.

 Um bond da Petrobras para 2026, com duration de 6,3 anos, seria impactado negativamente pelo aumento dos treasuries, mas o crédito da empresa seria afetado positivamente, o que poderia colocá-la em perspectiva positiva. “Isso mitiga o risco do movimento abrupto do treasury de 10 anos”, conta Noschese.

 Atualmente, o treasury esperado para o fim de 2017 é de 2,25%, mas o mercado calcula que pode chegar a 2,75%.

 Confira o tipo do bond
Fique atento: se o bond for de um dívida sênior, o investidor tem o capital alocado de volta em caso de falência da empresa. Se for um bond de dívida subordinada, o dinheiro pode virar pó.

 Oportunidades
O analista coloca os bonds da Petrobras como uma boa alternativa de investimento neste momento, com cupom de 6,25% no vencimento de 2024. “Ano que vem teremos eleições, o que é bastante complexo no Brasil. Claramente teremos um retorno bastante interessante olhando Petrobras”, diz o analista.

 Os bonds do Banco do Brasil também se destacam, com cupom de 8,5% para 2020. “Esse é um papel que tem grande possibilidade de ser recomprado até 2020”, conta. A liberação dos recursos de contas inativas do FGTS tendem a ajudar na rentabilidade do banco.

 “Acreditamos que grande parte da inadimplência que tivemos ano passado será reduzida porque os valores serão usados para pagar débitos. Como o maior banco público e o segundo maior banco no Brasil, acreditamos que os números do BB serão melhores neste ano”, explica Noschese. “A segunda metade do ano deve ser melhor especificamente para bancos e Petrobras”, acrescenta.

 O analista também é otimista com o setor de papel e celulose. “O bond da Suzano para 2026 está na casa de 5,44%. A empresa é uma ‘rising star’ que tem como objetivo o grau de investimento”, diz.Uma empresa é considerada “rising star” quando ela é High Yield (alto risco) e existe a possibilidade de ser elevada para Investment Grade (Grau de investimento)..

 “Como acreditamos que o papel vai se valorizar, o cliente que tiver o bond da Suzano é elegível a receber 5,75% de retorno. A empresa deve ter elevação para grau de investimento. Se a premissa estiver certa, o rendimento será de US$ 12 mil dólares em um ano”, estima Noschese.

 Como começar
O investidor interessado em investir em bonds precisa abrir conta em uma corretora no exterior e enviar os recursos. Noschese explica que os aportes iniciais giram em torno de US$ 100 mil.