Quer investir ou trabalhar neste mercado? Conheça as principais certificações

Conheça as principais certificações do mercado e entenda como se tornar um profissional das finanças com um selo de qualidade no currículo

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – A competitividade natural do mercado financeiro e a responsabilidade de gerir recursos ou recomendar aplicações exige qualificação e aperfeiçoamento constante dos profissionais da área. Não é à toa que muita gente que atua em instituições financeiras possui certificações – algumas obrigatórias para quem exerce determinadas funções e outras, não. Esses certificados de conhecimento são uma verdadeira sopa de letrinhas – CFP, CGA, CEA, CPA-20, CNPI, etc –, assim como as instituições que emitem esses selos de qualidade – Anbima, Ancord, Apimec, IBCPF, etc.

O certificado ideal para crescer na carreira depende da área de atuação do profissional. Para quem ajuda os clientes a organizar as finanças ou a investir, o mais indicado é o CFP (planejador financeiro certificado, na sigla em inglês). Apesar de entrar na categoria das não-obrigatórias, essa certificação atesta que um profissional tem conhecimento técnico para ajudar o cliente a investir, escolher um seguro, tomar um empréstimo, planejar a transmissão de herança ou pagar impostos corretamente. “Os clientes já começam a reconhecer que contratar um CFP é muito melhor. É uma marca de qualidade, que ajuda a conquistar mais clientes”, diz Janser Rojo, CFP e sócio-fundador da QI Financeiro Consultoria.  No Brasil, o CFP é concedido pelo IBCPF (Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros).

A prova para obter o certificado é dividida em quatro módulos: Investimentos e Gestão de Risco, Previdência Complementar e Seguros, Planejamento Sucessório e Fiscal e Planejamento Financeiro e Ética. “A prova é difícil e exige disciplina para estudar. É preciso acertar pelo menos 70% de cada um dos módulos, que podem ser feitos no mesmo dia ou separadamente”, afirma Rojo. “As provas testam o conhecimento em diversas áreas do planejamento financeiro, até de investimentos offshore. É muito complexa com o objetivo de avaliar os bons candidatos.”

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O CFP também possui um programa de educação continuada. A cada dois anos, o profissional precisa reafirmar a adesão ao código de ética do instituto, além de comprovar que acumulou créditos com a participação em cursos e palestras ligadas ao planejamento financeiro. Esses eventos também são importantes para que o planejador faça “networking” e conheça outros profissionais da área – o que muitas vezes resulta em parcerias e negócios.

CFA e CGA
Uma das certificações mais importantes e difíceis de conseguir é o CFA (chartered financial analyst). Ele habilita o profissional a trabalhar em diversas áreas do mercado financeiro, como bancos de investimento ou casas de análise de ações. Os testes têm como foco a avaliação de empresas (“valuation”, no jargão de mercado). O profissional precisa demonstrar conhecimento para calcular o valor justo de uma companhia – para soltar um relatório de recomendação de compra ou venda de uma ação, para dar sustentação ao valor sugerido para a proposta de compra de uma empresa (laudo de avaliação) ou para ajudar uma companhia interessada em comprar um concorrente a decidir quanto deveria pagar pelo negócio.

As provas são reconhecidas pelo alto grau de complexidade e o certificado chega a ter mais valor no mercado que um MBA de uma instituição renomada no currículo, na opinião de Pablo Camargo, CFA e sócio da escola preparatória de certificações FK Partners. “Existem pessoas de diversas áreas que optam por tirar o CFA pelo seu prestígio. É um grande diferencial, apesar de não ser obrigatório para nenhuma profissão”, explica.

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Para receber o certificado, é preciso passar por três níveis de exames. Apesar de o exame caro o suficiente para desanimar os despreparados, as taxas de aprovação podem ser inferiores a 40%. O CFA também exige que o profissional esteja sempre atualizado. “Para manter o certificado, é preciso fazer um processo de educação continuada e assinar, todos os anos, um documento comprovando que o profissional não faltou com a ética”, afirma Paulo Weickert, CFA e gestor da Apex Capital.

Outro “selo” importante é o CGA (certificação de gestores da Anbima), criado em 2009 e obrigatório para profissionais que pretendem trabalhar com a gestão de recursos de terceiros. Sua prova é composta por dois módulos, um focado em “valuation” e outro na gestão de carteiras. Cada módulo possui 60 questões e o candidato precisa acertar pelo menos 70% para ser aprovado.

CNPI
Os profissionais que fazem recomendação de compra ou venda de ações são obrigados tirar a certificação de analista concedida pela Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais). Existem três certificados: o CNPI (Certificado Nacional do Profissional de Investimento), que permite a recomendação de ações com base na análise fundamentalista; o CNPI- T [Técnico], para quem faz indicações com base na análise técnica; e o CNPI – P [Pleno], que habilita os profissionais a recomendar ativos com base nos dois tipos de análise.

A prova para receber o CNPI é dividida em dois módulos: conteúdo brasileiro e global, no caso da certificação fundamentalista; e conteúdo brasileiro e técnico, no caso da técnica. Cada prova tem duas horas de duração e pode ser feita no mesmo dia ou em datas diferentes. Leandro Martins, CNPI – P e analista-chefe da Walpires Corretora, afirma que a certificação é fundamental para quem quer trabalhar na área de análise das corretoras. Isso porque todo relatório de recomendação precisa ser assinado por um profissional certificado, que se responsabiliza pelo conteúdo.

Uma dica de Martins para quem pensa em tirar o CNPI é fazer o curso preparatório ministrado pela própria Apimec. “Você pode até tentar fazer sem o curso, mas, se não conseguir passar, para a segunda tentativa eu recomendo”, afirma. O CNPI, assim como outras certificações, também exige um plano de educação continuada. A cada cinco anos, é preciso comprovar presença em palestras, cursos ou eventos ligados à área. Se o profissional não demonstrar à Apimec que fez o processo de educação continuada, terá de fazer uma nova prova para não perder a certificação.

CPA-10, CPA-20 e Ancord
A certificação profissional Anbima Série 10 (CPA-10) é destinada a profissionais que querem trabalhar com comercialização e distribuição de produtos de investimento diretamente junto ao público investidor em agências bancárias. A grande diferença das certificações série 10 e 20 é que, na segunda, o profissional fica apto a atender também clientes dos segmentos de alta renda, empresas e institucionais.

Vale lembrar que, apesar de a certificação não ser obrigatória para qualquer pessoa que quiser trabalhar em bancos com o atendimento ao público, ela é imprescindível para quem comercializa produtos de investimento. Para ser aprovado no exame, o candidato deve realizar uma prova de certificação e acertar, no mínimo, 70% das questões. De acordo com Clay Hamlin, CFA e também sócio da FK Partners, que prepara alunos para a prova do CPA-10 e CPA-20, esses exames são os mais fáceis. “Além de ser uma prova só, ela exige muito menos do candidato que as provas do CFA e do CFP, por exemplo.”

Já quem quer exercer a profissão de agente autônomo de investimentos e atuar com a distribuição de investimentos em corretoras ou escritórios afiliados precisa ser aprovado no exame de certificação realizado pela Ancord (Associação Nacional de Corretoras e Distribuidores). A prova contém 80 questões de múltipla escolha que testam o conhecimento do candidato sobre o mercado financeiro, os produtos de investimento e a profissão de agente autônomo. É preciso acertar pelo menos 70% da prova.

*  Essa matéria foi publicada na edição 23 da revista InfoMoney, referente ao bimestre novembro/dezembro de 2014. Para tornar-se um assinante da revista clique aqui.