Fluxo de saídas líquidas dos fundos de ações emergentes é o mais forte desde 2008

Egito pressiona e derruba fluxo de fundos de renda fixa e variável dos emergentes; desenvolvidos têm bom desempenho

Julia Ramos M. Leite

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SÃO PAULO – Dados divulgados nesta sexta-feira (4) pela EPFR Global mostraram que as captações dos fundos de ações dos mercados emergentes continuaram pressionadas na semana terminada em 2 de fevereiro, período no qual esse grupo de fundos registrou a maior saída líquida de capital desde 2008.

Segundo a consultoria, os investidores seguiram a mesma estratégia da última semana, aplicando seus ganhos de 2010 em fundos de ações de mercados desenvolvidos, que tiveram captação líquida de US$ 6,6 bilhões, levando o acumulado em 2011 para US$ 33,4 bilhões. A cifra se compara a saída líquida de capital de US$ 18 bilhões vista no mesmo período do ano anterior.

Com isso, os fundos de ações norte-americanos fecharam sua quinta semana consecutiva de fluxo positivo, com US$ 20,6 bilhões. Entre os demais mercados desenvolvidos, os fundos de ações japoneses estenderam seu rali para 10 semanas, ignorando o corte do rating do país e se focando em indicadores e no noticiário corporativo.

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Os fundos de ações europeus, por sua vez, fecharam a semana no campo negativo em termos de captação líquida, devido em grande parte a retiradas de capital de dois ETFs (Exchange Traded Funds) alemães. Na Itália e na Espanha, os fundos de ações tiveram sua melhor semana desde o primeiro trimestre de 2010 e o segundo trimestre de 2009, respectivamente.

Egito adiciona pressão a emergentes
O movimento de saída dos emergentes foi ampliado pelas tensões trazidas pelo Egito, que fez com que os fundos de ações do Oriente Médio e África tivessem sua maior saída líquida de capital desde o quarto trimestre de 2007, e deu fim a um rali de 20 semanas dos fundos de ações dos EMEA (Europa Emergente, Oriente Médio e África).

Assim, os conflitos somaram-se a lista de preocupações dos investidores – que inclui ainda inflação e valuations – e fizeram com que os fundos de renda variável dos emergentes encerrassem a semana com fluxo negativo de US$ 7,02 bilhões.

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Todos os quatro grupos registraram captação líquida negativa – os fundos de ações dos GEM (Global Emerging Markets) tiveram sua pior semana já computada pela EPFR, com saídas líquidas de US$ 4,5 bilhões – e derrubando o fluxo total por fundos de ações em geral, que ficou negativo em US$ 772 milhões.

No mesmo sentido, os fundos de ações da Ásia (ex-Japão) tiveram a maior saída líquida em 157 semanas, os fundos de renda variável indianos registraram sua pior semana desde junho e os fundos de ações chineses tiveram seu maior fluxo negativo desde o terceiro trimestre de 2009.

A alta do petróleo causada pelos conflitos no Egito, contudo, beneficiou os fundos de ações russos, que marcaram sua 20ª semana positiva em 21 semanas. Isso não foi suficiente para conter as saídas de capital dos fundos direcionados a ações dos BRIC (Brasil, Índia, Rússia e China), que tiveram sua 10ª semana consecutiva no vermelho.

Curiosamente, os fundos de ações do Egito acompanhados pela consultoria tiveram captação líquida levemente positiva, “devido especialmente à atividade do ETF baseado nos EUA e gerido pela Van Eck Global Asset Management”.

Setoriais
Os fundos de petróleo e gás foram o destaque da semana, com seu maior fluxo positivo desde o terceiro trimestre de 2008, em consequência do efeito dos conflitos no Egito nas cotações da commodity. Os fundos setoriais de commodities também tiveram uma semana de captação líquida positiva.

Por outro lado, os fundos ligados a setores mais defensivos, como consumo, saúde, telecom e energia registraram saídas líquidas de capital no período.

Renda fixa
Os fundos de renda fixa acompanhados pela EPFR fecharam a semana com fluxo positivo de captação de US$ 2,04 bilhões. Os fundos de bonds norte-americanos tiveram seu melhor desempenho em 13 semanas, enquanto os fundos de bonds high yield viram seu acumulado anual superar os US$ 6 bilhões.

Os fundos de renda fixa europeus também tiveram uma boa semana, com fluxo positivo de mais de US$ 1 bilhão pela terceira semana consecutiva.

Mas o mau resultado dos fundos de ações emergentes se repetiu no caso dos fundos de bonds desses mercados, que registraram saídas líquidas de US$ 26,4 milhões, pondo fim a um rali de sete semanas.