Não é preciso abrir mão de resultado para ajudar o mundo, diz Florian Bartunek, da Constellation: “O retorno é melhor”

Fundador da casa defende ainda que, para ser um gestor de sucesso, é preciso ser um bom stock picker, um bom gestor de portfólio e um bom gestor do negócio

Equipe InfoMoney

SÃO PAULO – Com uma bagagem de atuação ao lado de grandes nomes do mercado financeiro, como André Jakurski (JGP), Guilherme Aché (Squadra) e o ministro Paulo Guedes na antiga Pactual, e também com Jorge Paulo Lemann (AB InBev), um de seus sócios atuais, Florian Bartunek está próximo de completar 20 anos da fundação da gestora Constellation Investimentos.

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O reconhecimento pelo desempenho de seus fundos, contudo, pode esconder um dia a dia de muita dedicação ao negócio propriamente, e não apenas à gestão dos produtos.

Para Bartunek, a administração do “empreendimento” tem peso igualmente importante ao da gestão para a sustentação da Constellation, fundada em 2002.

“Há três características importantes para um gestor de sucesso: ser um bom stock picker, um bom gestor de portfólio e um bom gestor do negócio. Tem que ter as três coisas para tocar um negócio robusto”, diz.

O sócio fundador e CIO da gestora é o convidado do décimo episódio do podcast Outliers, apresentado por Samuel Ponsoni, analista de fundos da XP.

Com foco 100% em ações, a Constellation tem hoje mais de R$ 12 bilhões sob gestão. Nomes diversos de empresas compõem o portfólio, que tem como foco o longo prazo, como B3, XP, Stone, Totvs, Rumo, Weg, Natura, Lojas Americanas, Suzano e Mercado Livre.

Nascido na Áustria, mas com sotaque carioca, Bartunek conta que seu caminho foi trilhado à base da experiência.

Especialmente na antiga distribuidora Pactual, na qual aprendeu de fato a fazer análise de ações, muito amparado pela atuação junto a investidores estrangeiros.

“Não sou aquele que nasceu com valor no berço, aquele que começou a investir com cinco anos de idade, não sou aquele que é apaixonado por ações. Eu caí por acaso no mundo de ações”, disse o gestor.

Aprendizados com Lemann e Jakurski

E para o sucesso do negócio, além da dedicação, Bartunek chamou atenção ao aspecto de gestão de pessoas, com lições ensinadas a ele principalmente por Lemann.

“Aprendi com ele a escolher muito bem as pessoas, a dar oportunidade para os jovens, a dar um osso às vezes maior do que a pessoa tem capacidade de morder, ética total, não fazer nenhum atalho, pensar simples”, resume.

Com Jakursi, conta ter aprendido a não ter vergonha de estar errado, a ter um olhar pragmático e, claro, honrar a ética absoluta nos negócios.

E o que analisar na hora se selecionar uma gestora? Nesse caso, Bartunek defende que a longevidade é parte importante de um negócio, assim como a forma com a qual a sociedade é estabelecida, e ressalta o lema de que quem não é competente não se estabelece.

“Para criar um negócio grande, robusto, com bons investidores, dá trabalho. 50% do seu tempo precisa ser tocando o negócio e a gente não aprende isso”, diz.

Outra lição que o gestor carrega diz respeito às limitações do trabalho quando não tem o conhecimento necessário de determinado modelo de negócio ou setor.

Ele separa as empresas em três pilhas: interessantes, não interessantes e difícil de entender. “Uso isso hoje em dia para a Tesla. Tem muita gente que quer shortear Tesla, e eu falo que, para mim, está na pilha do muito difícil, eu não sei. E não tem vergonha nenhuma botar algumas empresas na pilha do muito difícil para entender.”

ESG

No episódio, Bartunek também comentou sobre o tema do momento: ESG, referente a melhores práticas ambientais, sociais e de governança. A gestora, diz, tem uma regra elevada para o tema, e o gestor defende que o assunto precisa ser amplamente discutido pelo mercado financeiro, inclusive pelo potencial de retorno envolvido.

“Não é só para fazer o certo, mas também para ter um retorno melhor. É para ganhar mais dinheiro, performar melhor, fazer o bem e ter sócios melhores.”

“Há uma percepção errada de que aquecimento global é coisa da esquerda. Isso é besteira”, afirmou. “A crise da Covid deixou claro que não dá pra ficar brincando com a natureza.”

O gestor disse ainda que o investidor não precisa abrir mão de retorno “para ajudar o mundo”. “Seu retorno vai ser melhor. Vários estudos científicos mostram que empresas com bons padrões ESG têm um retorno melhor.”

Confira o episódio completo para conhecer melhor a visão de Bartunek, sua maneira de enxergar o mercado de gestão de ativos, suas recomendações de leituras e mais aprendizados de peso que o ajudaram a moldar a carreira.

É possível conferir o episódio completo e os anteriores do Outliers por Spotify, Deezer, Spreaker, Apple e demais agregadores de podcast.

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