Como investir para que meu dinheiro trabalhe para mim?

Sinara Polycarpo, CFP, planejadora financeira certificada pelo IBCPF, responde a pergunta de leitor do InfoMoney

Equipe InfoMoney

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Pergunta:

Tenho dois planos para quando terminar a faculdade, daqui um ano e meio: o primeiro seria sair de casa e começar minha vida independente, já o outro seria fazer com que meu dinheiro trabalhe para mim. Não necessariamente viver de rendimentos, mas aumentar minha renda e diminuir minha depêndencia do atual emprego. Atualmente não tenho capital reservado para iniciar meus investimentos mas estou disposto a investir R$ 500 por mês.

Então, para cada um dos casos, eu gostaria de saber qual a melhor opção de investimento. Para sair de casa, o melhor seria investir em titulos públicos afim de aumentar o meu capital para que eu tenha uma “grande reserva de dinheiro” para quando a hora chegar eu começar a pagar aluguel ?

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No caso de renda extra, investir em ações, ou fundos de ações, é o único jeito de conseguir uma renda mensal ?

Leitor: Lucas

Sinara Polycarpo, CFP, planejadora financeira certificada pelo IBCPF:

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Lucas, a decisão de iniciar uma vida independente deve levar em consideração o padrão de vida que você quer e pode pagar. Desde o aluguel da moradia, que pode variar bastante dependendo do tamanho e da localização do imóvel, até eventuais gastos com internet, TV a cabo, limpeza, contas de água e luz, condomínio, transporte para o trabalho, etc., são despesas que eventualmente hoje você não tenha. Quanto mais conforto e mais mordomias, mais caro. O ideal é estimar todas essas despesas, e analisar se sua renda comportará esse passo. Abaixo um roteiro e estimativa de gasto mensal:

Aluguel: R$ 1.000,00

Condomínio: R$ 300,00

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Diarista (2X ao mês): R$ 200,00

TV a cabo + internet: R$ 150,00

Contas da casa (água, luz, manutenção): R$ 100,00

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Alimentação/Supermercado: R$ 400,00

Transporte: zero (supondo que você não gastaria mais do que já gasta hoje)

TOTAL: R$ 2.150,00

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O ideal é que após esses gastos você consiga guardar 10% do que ganha, e ainda ter algum dinheiro para investir em educação, seu bem estar, lazer, etc. Ou seja, esses gastos com moradia não deveriam superar 70% da sua renda mensal. Isso significa que, para gastar R$ 2.300,00 com moradia, você deveria ganhar R$ 3.100,00 líquidos de imposto de renda (basta dividir o valor estimado de gastos por 0,7). Imagino que esse possa ser um salário elevado para quem acaba de deixar a faculdade. Nesse caso, uma alternativa é gastar menos com moradia ou dividir as despesas, compartilhando a casa com um(a) colega. Portanto, seu primeiro objetivo depende de uma avaliação criteriosa sobre seu padrão de vida, seus gastos, e renda. Para um horizonte de tempo de 18 meses, o ideal é construir uma reserva financeira livre de risco em CDB DI, LCI, ou fundos DI.

Para seu segundo objetivo, precisaria de mais informações, uma vez que você só definiu que pretende guardar R$ 500,00. Segue um roteiro do que você deve considerar:

1) Idade na qual pretende começar a usufruir dessa renda

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2) Tempo de contribuição

3) Juros reais esperados

4) Renda futura desejada: o que significa “o dinheiro trabalhar para você”?

Para que tenha uma ideia, segue uma simulação:

1) Idade na qual pretende começar a usufruir dessa renda: 65 anos

2) Tempo de contribuição: 45 anos (supondo que você tenha 20 anos de idade hoje)

3) Juros reais esperados: 3% ao ano

Resultado: guardando R$ 500,00 por mês, por 45 anos, a juros de 3% ao ano, você acumularia R$ 565.300,00, o que proporcionaria uma renda vitalícia de R$ 2.200,00. Esse montante lhe seria suficiente como renda complementar? Se sim, ok. Se não, é preciso poupar mais, ou buscar retornos maiores com uma carteira de investimentos de maior risco. Estamos falando de longuíssimo prazo, e portanto faz sentido buscar instrumentos mais eficientes em termos fiscais. Os planos de previdência contam, entre outras vantagens, com a isenção de imposto de renda durante o período de acumulação. Nesses planos, você só pagará IR no momento do resgate, o que faz muita diferença em 45 anos de acumulação. Além disso, os planos de previdência permitem a portabilidade sem ônus para o titular. Ou seja, é possível mudar tanto o perfil do plano (de mais arrojado a mais conservador, ou vice versa), quanto a empresa que faz sua gestão. Essa flexibilidade é mais um estímulo á poupança de longo prazo.

É recomendável também que você comece a construir um patrimônio em ações. É possível começar com fundos de dividendos, até acumular um determidado valor para montar carteira própria. Outra alternativa para quem está começando são os ETFs, negociados em Bolsa, e que refletem uma carteira de ações. Por exemplo, é possível comprar ETFs por cerca de R$50,00 cada cota, e começar a investir no setor de consumo, ou em empresas que pagam dividendos, ou no setor imobiliário, ou ainda em índices como o PIBB11 que acompanha a variação do IBX50.

Outra alternativa a considerar são os papéis de renda fixa de mais longo prazo. A NTN-B Principal paga juros mais IPCA, e você pode manter a aplicação até seu vencimento, com incidência de imposto apenas no momento que resgatar. As mais longas são negociadas com vencimento em 2024 e 2035 e pagam juros em torno de 6,1% ao ano + IPCA. É possível comprar a NTN-B principal com vencimento em 2035 por cerca de R$ 700,00.

Sinara Polycarpo é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). 

As respostas refletem as opiniões do autor. O IBCPF e o Infomoney não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para onde_investir@infomoney.com.br

Prezado Hildebrand, 

Pouco a pouco é possível ver mudanças significativas no perfil de investimento dos brasileiros. Percebemos, por exemplo, o crescimento do numero de jovens que estão disponibilizando parte de sua renda para se planejar financeiramente para a sua aposentadoria. É um movimento que tende a crescer cada vez mais ao longo dos próximos anos, especialmente com a educação financeira em curso em nossa sociedade. 

 Sua iniciativa é digna de receber elogios e servir de exemplo a outros tantos… 

 Como seu planejamento para esse investimento tem um horizonte de 15 anos algumas observações importantes devem ser feitas. Em uma simulação com um investimento inicial de R$ 10.000 e aplicações regulares de R$ 500, com uma rentabilidade anual de 10%, atingiremos após 15 anos um capital de R$ 242.583, sem considerar a inflação no período. Com esse capital investido é possível viver com uma renda de aproximadamente R$ 2 mil/mês, complementando a sua aposentadoria. No entanto, a pergunta magica é como atingir essa rentabilidade para um baixo risco no investimento. 

 Com as informações presentes não é possível identificar qual o seu perfil de investidor, onde seria possível identificar o quanto de risco você esta propenso a aceitar em sua carteira de investimentos (para saber o seu perfil de investidor é aconselhável buscar sua instituição financeira e responder ao questionário “Suitability”). No entanto, podemos considerar que você segue o padrão brasileiro de conservadorismo em seus investimentos, bastante carregado de “renda fixa” , mas propenso a conhecer novos produtos para pequenos investimentos. 

 Sugiro, para você superar a rentabilidade apresentada na simulação, que divida seu patrimônio em 2 partes. 

 A primeira parte é separar R$ 5 mil inicial e 80% de suas aplicações regulares para um fundo de renda fixa com credito privado que supere consistentemente 100% do CDI. Muitos fundos conseguem superar esse benchmark, e possuem aplicações inicias bastante acessíveis. Prefira esse investimento as NTN-Bs e a sua aplicação em imóveis. 

 Para os outros R$ 5 mil iniciais, e 20 % de suas aplicações mensais (R$100,00), podemos ser um pouco mais arrojados, buscando atingir uma rentabilidade superior do que a renda fixa. Como sua disponibilidade atual é pequena para ser investida diretamente em ações (coma na sua atual carteira de ações de Vale e Itau), uma excelente alternativa são os fundos de ações. 

 Os fundos de ações são, para a grande maioria dos investidores, a melhor alternativa para seus investimentos em renda variável. Apresentam vantagens como liquidez, diversificação e uma gestão profissionalizadas dos seus investimentos. Com ele você estará bem atendido para atingir sua meta de longo prazo na aposentadoria. Procure gestoras com comprovada competência em sua equipe de analise, e fundos de ações que sejam considerados “Ibovespa ativo”, com a intenção de superar o bechmark. Prefira esses as ações propriamente ditas.

 E lembre-se: o resultado do seu sucesso financeiro também depende de você!

 *Fabiano Pessanha, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF