O que vale mais a pena: deixar dinheiro na “poupança antiga” ou no CDB?

Guilherme David, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF, responde a pergunta de leitor do InfoMoney

Equipe InfoMoney

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Pergunta:

Tenho 35 anos e consigo poupar todo mês. Além disso, não tenho dívidas e nem planos para usar meu dinheiro guardado, o objetivo é aumento de patrimônio. Atualmente meus investimentos estão divididos da seguinte forma:

– 20% no tesouro direto (metade LTN 2018 e metade NTN-B 2019)

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CDB 230% do CDI

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– 26% na poupança antiga

– 14% em ações

– 40% em CDB (paga 97% CDI)

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Dúvidas:

1. Vale a pena manter a poupança antiga ou aplicar em CDB? Se a taxa de juros voltar a cair ela se torna um bom investimento, mas hoje sei que não é o melhor. Mas como é um montante para emergência, o que sugere?

2. As divisões dos investimentos estão boas? Tem alguma sugestão? Escolhi letras e notas corretamente?

Leitor: Saulo

Resposta de Guilherme David, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF:

Olá Saulo,

Respondendo seus questionamentos na ordem, vamos começar pela tão polêmica poupança.

Entendo que quando menciona “Poupança antiga” está se referindo a depósitos feitos antes de 3 de maio de 2012 remunerando 0,5% ao mês mais TR, correto?

Considerando que o CDB que você tem remunera 97% do CDI e a taxa deste nos últimos 12 meses foi de 9,12%, o rendimento bruto neste período foi em torno de 8,85% (vamos considerar que o CDI seja igual a Selic, o que não é uma verdade mas devido a sua grande proximidade vamos considera-lo) e o rendimento líquido para um ano de 7,08% e 7,52% acima de dois anos (considerando alíquota de 20% e 15% respectivamente). O rendimento da poupança, 0,5% ano mês mais TR, dos últimos 12 meses está em torno de 6,4%.

Como você mesmo menciona e através da análise quantitativa acima conseguimos concluir que para o cenário atual as aplicações em caderneta de poupança não são bons investimento. Quanto a redução da taxa Selic realmente não é o esperada pelo mercado, em recente pesquisa feita pelo Banco Central com os analistas das principais instituições financeiras (Relatório Focus) a projeção para o final de 2014 é de 11,25% e 12,25% para 2015. Com isso podemos considerar que o CDB ou Fundo DI apresentam uma perspectiva de retorno superior a poupança. Recomendo uma profunda negociação do CDB com o seu banco para um % do CDI mais próximo dos 100%, estes títulos são cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito em caso de insolvência da instituição financeira até R$ 250 mil além de outras garantias cumulativas. Geralmente os CDB oferecidos têm liquidez e rentabilidade diária e podem ser resgatados a qualquer momento, o que não ocorre com a poupança que apesar do resgate imediato corre o risco de não receber o rendimento do mês caso não retire na data de aniversário mensal, o que não ocorre no CDB.

Para validar se a distribuição dos produtos no seu portfólio está correta, precisaria de mais informações para alguma sugestão, como por exemplo, se tem filhos, é casado, renda, apuração do perfil de investimento, dentre outras. Mas analisando a carteira atual temos uma posição de 66% em produtos de baixo risco e liquidez imediata (CDB e Poupança), mais 20% no tesouro direto que é de baixo risco. Com isso podemos classificar a sua carteira como conservadora e com grande liquidez, o que não sei se é necessário conforme você menciona. Acredito que em torno de 10 a 20% desta fatia pode ser destinado para algum produto de risco moderado.

Quanto às notas do Tesouro, dependendo de quais foram às taxas contratadas quando comprou, são ótimos investimentos e atualmente encontramos boas oportunidades para os novos títulos disponíveis. Diante da sua idade e aparente folga financeira, recomendo analisar uma migração pequena em torno de 5 a 10% da sua liquidez (66%) para alguma nota mais longa (NTN-F, LTN ou NTN-B). Estas notas do tesouro devem ser vistas como produtos a se levar até o vencimento, por mais que tenham liquidez e o Tesouro faça recompras semanais, devido a parte pré fixada pode ocorrer prejuízo na venda decorrente da marcação a mercado.

Uma alternativa para longo prazo seria previdência, ou com contribuições mensais ou aportes esporádicos. Abaixo alguns benefícios;

– Ausência de come cotas, o imposto que o governo recolhe em boa parte dos fundos semestralmente fica no fundo de previdência, o que possibilita rendimento sobre este imposto fazendo muita diferença no longo prazo;

– Sucessão patrimonial, previdência não entra em inventário, o que possibilita os herdeiros receberem o recurso de forma mais rápida e sem o ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação);

– Menor alíquota de imposto de renda, caso contratado no regime de tributação regressivo, a partir de 10 anos a alíquota chega em 10% (considerando prazo médio, no caso de diversos aportes), no CDB a alíquota mínima é de 15% e este produto necessita ser reinvestido em seu vencimento, recolhendo 15% nesta ocasião, sendo que na previdência você está rentabilizando o imposto;

– Para os que declaram o imposto de renda no modelo completo, através das contribuições em um plano PGBL conseguem abater a sua base de cálculo até 12% no ano seguinte das contribuições, acarretando uma postergação no pagamento do imposto, logo que no resgate do PGBL o imposto é sobre o total e não somente sobre o rendimento. O grande benefício na postergação é a rentabilidade sobre o imposto de renda.

– Portabilidade, migrar o recurso internamente ou para outras instituições sem necessidade de resgate, podendo alternar a composição do fundo dependendo do momento econômico e momento de vida do cliente.

Este produto possui um custo adicional, a taxa de carregamento. Recomendo uma comparação do produto nos bancos que tem relacionamento e seguradoras. Planos mais atuais cobram esta taxa somente na saída do recurso, que é mais benéfico e existe a possibilidade de zerar a taxa de carregamento dependendo do valor e/ou prazo de investimento.

Utilizando o produto para longo prazo, o regime de tributação mais adequado é o Regressivo. Neste regime ocorre a redução da alíquota do imposto de renda a cada dois anos, podendo chegar a 10% a partir de 10 anos (será considerado prazo médio ponderado para cálculo da alíquota no momento do resgate ou concessão de benefício). Desta forma recomendo que para atingir a otimização deste regime as contribuições e aportes sejam feitos até 10 anos antes do resgate ou aposentadoria, pois assim você irá se beneficiar da alíquota de 10%.

Existe outro regime de tributação chamado progressivo, que independe do prazo do resgate. A alíquota será de 15% na fonte e pode ocorrer ajuste na sua declaração de imposto de renda no ano seguinte podendo chegar a 27,5%. Para que está opção seja interessante será necessário conhecer a estrutura de renda anual.

Espero que tenha ajudado e caso tenha gerado alguma dúvida estou à disposição

Guilherme David é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). 

As respostas refletem as opiniões do autor. O IBCPF e o Infomoney não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para onde_investir@infomoney.com.br

Prezado Hildebrand, 

Pouco a pouco é possível ver mudanças significativas no perfil de investimento dos brasileiros. Percebemos, por exemplo, o crescimento do numero de jovens que estão disponibilizando parte de sua renda para se planejar financeiramente para a sua aposentadoria. É um movimento que tende a crescer cada vez mais ao longo dos próximos anos, especialmente com a educação financeira em curso em nossa sociedade. 

 Sua iniciativa é digna de receber elogios e servir de exemplo a outros tantos… 

 Como seu planejamento para esse investimento tem um horizonte de 15 anos algumas observações importantes devem ser feitas. Em uma simulação com um investimento inicial de R$ 10.000 e aplicações regulares de R$ 500, com uma rentabilidade anual de 10%, atingiremos após 15 anos um capital de R$ 242.583, sem considerar a inflação no período. Com esse capital investido é possível viver com uma renda de aproximadamente R$ 2 mil/mês, complementando a sua aposentadoria. No entanto, a pergunta magica é como atingir essa rentabilidade para um baixo risco no investimento. 

 Com as informações presentes não é possível identificar qual o seu perfil de investidor, onde seria possível identificar o quanto de risco você esta propenso a aceitar em sua carteira de investimentos (para saber o seu perfil de investidor é aconselhável buscar sua instituição financeira e responder ao questionário “Suitability”). No entanto, podemos considerar que você segue o padrão brasileiro de conservadorismo em seus investimentos, bastante carregado de “renda fixa” , mas propenso a conhecer novos produtos para pequenos investimentos. 

 Sugiro, para você superar a rentabilidade apresentada na simulação, que divida seu patrimônio em 2 partes. 

 A primeira parte é separar R$ 5 mil inicial e 80% de suas aplicações regulares para um fundo de renda fixa com credito privado que supere consistentemente 100% do CDI. Muitos fundos conseguem superar esse benchmark, e possuem aplicações inicias bastante acessíveis. Prefira esse investimento as NTN-Bs e a sua aplicação em imóveis. 

 Para os outros R$ 5 mil iniciais, e 20 % de suas aplicações mensais (R$100,00), podemos ser um pouco mais arrojados, buscando atingir uma rentabilidade superior do que a renda fixa. Como sua disponibilidade atual é pequena para ser investida diretamente em ações (coma na sua atual carteira de ações de Vale e Itau), uma excelente alternativa são os fundos de ações. 

 Os fundos de ações são, para a grande maioria dos investidores, a melhor alternativa para seus investimentos em renda variável. Apresentam vantagens como liquidez, diversificação e uma gestão profissionalizadas dos seus investimentos. Com ele você estará bem atendido para atingir sua meta de longo prazo na aposentadoria. Procure gestoras com comprovada competência em sua equipe de analise, e fundos de ações que sejam considerados “Ibovespa ativo”, com a intenção de superar o bechmark. Prefira esses as ações propriamente ditas. 

 E lembre-se: o resultado do seu sucesso financeiro também depende de você! 

 *Fabiano Pessanha, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF