Fundos querem Abílio Diniz fora do conselho da BRF e pedem novas eleições

A Fundação entende que a estratégia da Companhia precisa ser reformulada para que o investimento atinja seus objetivos.  

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – Os fundos de pensão de funcionários da Petrobras (Petros) e do Banco do Brasil (Previ) solicitaram em conjunto com outros acionistas, no sábado (24), que o Conselho de Administração da Companhia convoque uma Assembleia Geral Extraordinária para deliberar sobre a destituição de todos seus membros, a aprovação do número de 10 membros para compor o Conselho e a eleição de novos membros para ocuparem os cargos, incluindo os de presidente e de vice-presidente do Conselho de Administração.

Atualmente, o presidente do Conselho, desde 2013, é o empresário Abílio Diniz e o vice é Francisco Petros Oliveira Lima Papathanasiadis.

“A Previ vem acompanhando de perto o desempenho da companhia e, assim como a Petros, está preocupada com os resultados negativos recorrentes e a desvalorização das ações da empresa”, informa o fundo do Banco do Brasil, em nota. Em 2017, a BRF teve prejuízo de R$ 1,1 bilhão, três vezes superior ao prejuízo apurado em 2016, de R$ 372 milhões. 

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Segundo nota, a Petros entende, corroborando o diagnóstico do mercado refletido pelo preço das ações, que a estratégia da Companhia precisa ser reformulada para que o investimento atinja seus objetivos. Juntos, Previ e Petros, detêm 22% das ações da BRF.

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“No cumprimento do nosso dever fiduciário, somos movidos a agir em defesa dos interesses de nossos participantes. Somos investidores financeiros e estamos alinhados com os interesses dos demais acionistas. Precisamos buscar a reformulação da estratégia de gestão da BRF para, assim, superar os grandes desafios que a Companhia precisa enfrentar. Infelizmente, a estratégia implementada até o momento não surtiu os resultados desejados.”, destaca o diretor de Investimentos da Petros, Daniel Lima.

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“É importante que seja formado um grupo forte e atuante no Conselho de Administração, com conselheiros profissionais, independentes e experientes, que deverá ser capaz de imprimir novos rumos e viabilizar a recuperação da companhia, respeitando as melhores práticas de governança”,  ressalta Lima.

Caso o pedido de convocação de Assembleia Geral Extraordinária não seja atendido pelo Conselho de Administração da BRF no prazo legal, os acionistas tomarão as providências cabíveis com base na Lei das S.A..

Em fato relevante enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) no domingo (25), a BRF informa ter recebido o pedido de convocação de Assembleia Extraordinária e afirma que “manterá seus acionistas e o mercado devidamente informados sobre qualquer nova informação relevante” relacionada ao assunto. 

Na tarde desta segunda-feira (26), Abilio Diniz atendeu à solicitação dos fundos de pensão Petros e Previ e convocou para o dia 5 de março reunião do Conselho em que debaterá a sua destituição. Em comunicado, o empresário apresentou insatisfação com o debate que vem ocorrendo sobre a gestão da BRF.

“Entendo a posição dos fundos, sua necessidade de informar seus cotistas, e compartilho da insatisfação de todos os acionistas com os resultados da empresa. Mas discordo das ações, da forma e do momento em que estão se manifestando”, apontou o empresário. 

Segundo ele, não houve espaço para o diálogo,  afirmando que os acionistas introduziram o assunto anonimamente via imprensa e só depois enviaram comunicado formal à companhia. 

“Todo acionista que teve assento no Conselho de Administração é responsável pelos rumos da empresa, pois todas as decisões nesses últimos quase cinco anos foram tomadas de forma unânime pelo colegiado, com raríssimas exceções”, Abilio Diniz ressalta que a nova diretoria executiva montou um plano de ação aprovado e elogiado pelo conselho no último dia 22 de fevereiro, mas acionistas ainda não tiveram a chance de conhecê-lo. Abilio ainda reiterou que sua ação será focada na defesa dos interesses da companhia e de seus acionistas.

Vale ressaltar que Aurélio Drummond assumiu como CEO no fim de dezembro de 2017. Contudo, fundos de pensão consideram que a permanência de Drummond à frente da companhia também tornou-se insustentável, mesmo sendo recém-chegado no cargo e avaliado como um bom executivo. Isso porque ele não se afastou do conselho em dezembro, quando foi apontado como CEO. A leitura é que ele segue no conselho para garantir maioria de votos a Abilio.

Em meio a esse cenário turbulento, a BRF vive um impasse. Segundo o Bank of America Merrill Lynch, outra reorganização da gestão pode aumentar a incerteza sobre a velocidade de recuperação e estratégia de ganhos, ao mesmo tempo que as iniciativas da nova administração não estão nos preços da companhia.

Já o BTG Pactual afirmou que, apesar de acreditar que um novo Conselho possa ser bem visto pelo mercado (principalmente após os resultados apresentados pela gestão atual), uma nova rodada de mudanças na companhia pode impactar suas operações no curto prazo. Sendo assim, os analistas apontam que continuam neutros em BRF e acreditam que as ações devem ser negativamente impactadas com o fluxo de notícias.