Fundamentos não justificam alta tão forte em ações, afirma gestor

Tendo como base os resultados trimestrais dos fundos de investimento Pollux, gestor conclui que aumento das ações são injustificáveis

Lys Silva

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SÃO PAULO – O cenário econômico brasileiro parece, mesmo que a duras penas, estar tomando seu rumo, afirma a gestora Pollux em relatório trimestral. Com o governo demonstrando compromisso na aplicação do ajuste fiscal e a adoção de um tom mais pragmático em seu relacionamento com o congresso, a redução de chances de uma possível crise fiscal e perda do grau de investimento se torna viável. Mesmo assim, os gestores seguem defensivos.

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Além da agenda fiscal, outras notícias animaram o setor como a divulgação do balanço auditado da Petrobras, evitando o vencimento antecipado de bilhões de dólares de sua dívida e a sinalização da diretoria de implantar uma agenda positiva para que haja recuperação na saúde da empresa; o racionamento de energia no país foi evitado graças à combinação de forte precipitação nos últimos meses da estação chuvosa e à redução do consumo; a China anunciou políticas de estímulo, recuperando os preços de commodities e, graças a registros de dados mais fracos durante o trimestre na economia americana, houve uma mudança na percepção quanto a normalização da política monetária nos EUA.

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Contudo, essas ações não são suficientes para trazer visibilidade à estabilização e inflexão da economia brasileira. Isso ocorre, pois, segundo o relatório, “não existe apoio político para reformas estruturais que melhorariam qualitativamente o ajuste fiscal através de uma revisão de benefícios e do alcance de ações governamentais dentro país”. Contribui com este cenário a ampliação da dinâmica recessiva da economia, puxada pela contenção de orçamento e investimento público.

Frente a tudo isso, as metas fiscais continuam em risco e poderão exigir novos aumentos de impostos, o que enfrentaria resistência política e poderia suscitar dúvidas quanto à sustentabilidade do ajuste fiscal. Assim, segundo a Pollux, “Apesar do fluxo de notícias positivas, os fundamentos subjacentes não justificam uma alta tão forte nos preços das ações. As empresas continuam operando num ambiente desafiador, em que muitas delas têm grande chance de registrar queda ou estagnação de lucros – as exceções são poucas”. 

Entre essas exceções, se destacam a valorização de 13% da Equatorial (que se beneficiou da redução do risco de racionamento de energia elétrica, da definição, de natureza regulatória, da taxa de retorno de 8,09% para as distribuidoras do país, além de estar relativamente imune às oscilações da economia e de se beneficiar com o processo de revisão tarifaria da Celpa), 19% da Dufry (graças a forte desvalorização cambial), 11% da Cielo (que através da transição “Arranjo Ourocard” passa a operar em joint venture com o Banco do Brasil), 5% do Itaú, 10% da Itaúsa (que como bancos privados apresentam forte poder de precificação, mas que tiveram sua relação risco/retorno piorada graças ao cenário econômico instável em que o aumento da inadimplência representa uma ameaça para as ações no curto prazo) e 28% da Ultrapar (por conta da melhora de rentabilidade na sua divisão de distribuição de combustíveis).

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As principais quedas do fundo no primeiro trimestre foram as da Cosan, que caiu 3%, M. Dias Branco com 5% e Vanguarda com queda de 8%

Com um retorno de 4,7% no primeiro trimestre, enquanto o Ibovespa teve retorno de 2,3%, a Pollux manterá para o próximo trimestre a postura defensiva tanto na composição da carteira quanto na exposição direcional.