Investidores no Brasil fazem “piquenique à beira do vulcão”, diz Fundo Verde

Para a equipe do gestor Luis Stuhlberger, a visão dos estrangeiros em relação ao nosso mercado passou de euforia (entre 2006 e 2011) para o atual "Outlook negativo"

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – A carta aos cotistas do mês de março do fundo Verde, do Credit Suisse Hedging-Griffo, aborda a percepção dos investidores – tanto locais quanto estrangeiros – sobre o mercado brasileiro.

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A equipe do gestor Luis Stuhlberger ressalta que a visão que os estrangeiros possuem do nosso mercado passou de euforia (entre 2006 e 2011), para o atual “Outlook negativo”. Eles lembram que a alocação desses investidores no País se estagnou, mas em um nível alto. Isso porque o Brasil é um país de dimensões continentais, com uma enorme população (cerca de 200 milhões de habitantes) e, embora nossa economia não caminhe para o modelo de reformas do México, do Chile ou da Colômbia, também não iremos para o caminho da Argentina ou da Venezuela. “O melhor, para resumir o Brasil, seria dizer que nossas políticas, tanto externas quanto internas, sofrem de ‘transtorno bipolar’”, diz a carta.

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 Já a percepção dos investidores nacionais é mais diversificada. Embora boa parte da população perceba e critique veementemente problemas locais, o “gosto” pela nação onde nascemos e escrevemos nossa história continua. Isso faz com que a busca por um País melhor, tanto em relação à questão econômica e de mercado, quanto sob o aspecto social . “Nós nos preocupamos com questões cotidianas e estratégicas como segurança, escolaridade das massas, ética, qualidade e Sendo assim, o paradoxo encontrado entre as diferentes visões dos brasileiros e dos estrangeiros sobre o Brasil é o que eu chamo de ‘piquenique à beira do vulcão’”, diz o gestor.

Segundo ele, o “piquenique à beira do vulcão” é o ativo “cujo preço medido em moeda forte não bate com os seus fundamentos, e o tail risk é imensamente superior ao percebido pelos participantes do mercado em um determinado momento”.

Na opinião de Stuhlberger, o sucesso da valorização de ativos brasileiros como ações, imóveis, arte, entre outros, “embriagam” os investidores, tanto nacionais quanto estrangeiros, que, apesar de saberem que os preços estão caros, não os vendem em grande quantidade. Ele enumera os motivos para esta atitude:

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“O ativos em dólar americano estão rendendo perto de zero, ninguém quer saber da Europa e a Ásia ainda está bem distante para nossa profunda compreensão; a espécie humana tem a inércia natural de não querer sair da zona de conforto; os juros ainda estão muito altos no Brasil se comparados aos do restante do mundo, o que ficou ainda mais exacerbado após o “Super QE” japonês”.

Além de tudo isso, o gestor afirma que a principal razão para este movimento é econômica, e não psicológica. A conclusão de que o esgotamento do modelo de crescimento do Brasil, sem reformas, implica no que podemos popularmente chamar de “empurrar com a barriga”. “Em suma, nosso PIB potencial é baixo, crescemos 3% a.a. e a inflação está beirando o teto da meta, mas nada disso é um grande problema. Afinal, o crescimento do celeiro do mundo e o do financiamento imobiliário continuam como tendências poderosas”, ressalta.

Para finalizar, o gestor do maior fundo multimercado do País faz o alerta de que, quando um modelo econômico de crescimento sem reformas e sem investimentos se esgota, os mercados de ativos de longo prazo costumam antecipar esse movimento provocando uma tempestade vinda das “ muitas nuvens negras dos desequilíbrios que nos rondam”. “Lamentavelmente, todos nós e, principalmente os brasileiros, temos muito a perder com isso e, no atual regime politico e econômico, não estamos conseguindo alertar o governo de uma forma construtiva sobre os riscos que estão pela frente”, conclui.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip