3 ações preferidas dos principais “value investors” do Brasil

Gestores de ações se reuniram no congresso Value Investing Brasil, em São Paulo, para comentar ações que consideram relevantes no longo prazo

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Diversos gestores de ações se reuniram na 11ª edição do congresso Value Investing Brasil, realizado na zona sul de São Paulo na última quarta-feira (16), para discutir suas ações prediletas dentre as que possuem em carteira. Entre os cases discutidos, foram abordadas as empresas Hapvida (HAPV3), CVC (CVCB3) e M. Dias Branco (MDIA3). Confira,abaixo, as análises:

Hapvida (HAPV3)
De acordo com Felipe Nobre, gestor da Verde Asset Management, a Hapvida vale hoje cerca de R$ 20 bilhões na bolsa e com o IPO conseguiu levantar R$ 3 bilhões.

“A empresa, caracterizada pelo sistema vertical de saúde, vem conseguindo entregar forte crescimento (8% ao ano nos últimos anos), enquanto o setor segue estagnado. Hapvida tem uma marca imbatível no Norte e Nordeste – uma barreira de entrada importante. Ela é a primeira a capturar quem vem do SUS, tem espaço para crescer no Norte e no Nordeste e está buscando crescer no Sul e no Sudeste. A empresa tem a maior margem operacional do setor e deve continuar. Ela apresenta um crescimento de 9% ao ano, que deve se manter nos próximos anos, e os controladores experientes seguem na empresa”, explica. 

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CVC (CVCB3)
Nobre explica que a CVC é a maior empresa de turismo da América Latina e fatura mais de R$ 300 milhões em pacotes de viagem, valendo R$ 8 bilhões na bolsa. “É uma empresa geradora de caixa com valuation atrativo. O setor de turismo vai crescer mais que o PIB nos próximos anos, basta ver o que aconteceu com os outros mercados. No Brasil, o gasto é baixo em relação à renda, mesmo diante de outros países da América Latina”, diz. Segundo ele, a expectativa é de que com a retomada da economia, o setor também dê uma recuperada (em média família classe A gasta o dobro de família classe C). 

“A CVC é a melhor empresa para se beneficiar nesse movimento do setor. Ela combina preço, qualidade de pagamento e serviço. Ela tem preço pela escala: ela é a maior compradora de passagens aéreas do país. No segundo ponto, ela oferece pagamentos de cartões de crédito, débito, dinheiro e pagamento via boleto (metade são feitas fora do cartão de crédito). Por fim ela oferece vários serviços, ajudando desde a escolha do destino até a volta pra casa. Mais da metade dos consumidores que entram na loja mudam o destino original. Se você pensar que pelo mesmo preço pode contar com uma ajuda para viajar em um país exótico, percebe que tem mercado”, explica. 

Para o gestor, outro ponto que vale destaque é a resiliência do ativo: “o portfólio amplo de produtos fez ela crescer mesmo no momento da crise (dólar subiu, não dá pra ir pra Miami? Vou no resort no Nordeste). Marca grande fez ela ganhar market share porque muita gente quebrou”. 

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Dentre as múltiplas avenidas de crescimento ele cita três: i) lojas físicas ou franqueados (5% a 6% ao ano de crescimento abrindo lojas). Você consegue abrir uma loja da CVC com capex de R$ 100 mil, o que faz você abrir em qualquer lugar; ii) pode crescer em M&A. Recentemente ela fez duas grandes aquisições, colocando R$ 2 bi de vendas pra dentro; iii) online: mercado aberto pra competir de frente com Decolar, Submarino Viagens e tudo mais, não tem amarra com a CVC então pode fazer promoções relâmpagos e trabalhar com margem zero que não afeta a empresa e emperra o crescimento das concorrentes; e tem os omnichannel.

Ainda segundo Nobre, a empresa caiu 20% nos últimos meses e está sendo negociada bem abaixo da média de 20x PL (varejistas estão na faixa de 30x), “o que fica barato por ser uma empresa que cresce 20% ao ano”. 

M. Dias Branco (MDIA3)
Sobre a empresa, Luiz Ferreira, gestor na Prumo Capital, explica que pelo fato de M. Dias Branco estar no Nordeste, possui diversos benefícios fiscais. Além disso, “ela opera com altas margens, gera muito caixa e é controlada pela família Dias Branco, que toma decisões bastante assertivas; a alocação de capital tem sido bem assertiva para o crescimento da companhia – desde o IPO, em 2006, já foram 5 aquisições, e todas elas foram originadas e concluídas pela companhia sem a necessidade de um banco de investimentos. Lembrando que nesse ano eles concluíram a aquisição da Piraquê, a maior da história.”, diz. 

Ferreira conta que a empresa existe desde 1960, abriu capital em 2006 e desde então entregou crescimento de 12% ao ano na receita e a geração de caixa foi em linha com esse patamar. O retorno sobre o patrimônio (ROE), por sua vez, é em média 20%. 

Não é a primeira vez que a companhia é questionada pelo mercado, explica o gestor. “A primeira foi em 2011, quando o mercado achou que ela não era de crescimento e questionou suas vantagens fiscais; provou-se errado. A segunda vez foi no pré-impeachment, quando questionaram a capacidade de lidar com custos; ela teve o Ebitda recorde. Agora, ela despencou nos últimos meses, motivo da decepção do resultado nos últimos 2 trimestres; para nós, resultado foi nada de anormal, mas ela foi afetada também pelo fluxo de notícias político. Hoje a gente vê uma empresa com fortíssima geração de caixa a um múltiplo bem interessante para ser adquirida”, diz. 

Com relação ao deal da Piraquê, o analista afirma que a M. Dias vem crescendo de 5% a 10% fora do Nordeste, “então essa aquisição vai acelerar esse crescimento e ela vai liderar esse mercado”. Apesar de não ter muitos detalhes sobre as sinergias no momento, Ferreira faz um panorama geral: “no plano de investimentos da M Dias, eles tinham R$ 400 milhões para investir no NE – para competir com a Piraquê-  então resolve dois problemas de uma vez só, já que ela não vai mais precisar usar esse investimento. Piraquê hoje representa 13% do tamanho da M Dias. Fazer aquisições relevantes não é novidade para a cia e mostra seu comprometimento. O mais legal é que daqui um ano ela vai ter caixa livre novamente para ir atrás de novas aquisições”, diz. 

“Companhia de muita qualidade, gera muito caixa e que tendo em vista as oportunidades de sinergia, tem um grande potencial de valorização”, conclui. 

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