3 ações de baixa volatilidade para investir, segundo a Suno Research

A crença de que se pode “perder tudo“ de uma hora para outra ainda afasta potenciais investidores da Bolsa

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – Quem ainda não investe em renda variável pode se assustar com a forte volatilidade de algumas ações em curto espaço de tempo. Essa volatilidade pode ser tanto positiva quanto negativa, uma vez que pode proporcionar ganho elevado também.

Do outro lado, a crença de que se pode “perder tudo” de uma hora para outra ainda afasta potenciais investidores, segundo Tiago Reis, fundador da Suno Research.

“A crença de que o mercado de ações é um ‘cassino’, onde se está expondo os investidores a um grande risco essencialmente, vem prejudicando o crescimento do mercado acionário ao longo do tempo e hoje ainda o nosso mercado acionário é um dos menores em termos de participação da população”, afirma Reis.

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No entanto, o fundador da Suno explica que há formas de navegar nos “mares” da Bolsa de forma mais tranquila, se protegendo de tanta volatilidade e oscilação de preços. Geralmente, empresas saudáveis, inseridas em segmentos menos expostos aos ciclos da economia e que possuem margens atrativas, maior recorrência de vendas e faturamento, com lucratividade consistente, são empresas que naturalmente apresentam uma menor volatilidade e também acabam apresentando um retorno mais sustentável e consistente no longo prazo.

O levantamento “The Volatility Effect: Lower Risk Without Lower Return”, de David Blitz e Pim van Vliet, publicado no “Journal of Portfolio Management” em 2007, estudou os retornos de ações pouco voláteis em comparação com as que possuem uma alta volatilidade e concluíram que ações menos voláteis apresentam um retorno maior no longo prazo em inúmeros mercados ao redor do mundo.

“Para nós a conclusão desse estudo faz todo sentido e não nos surpreende, visto que esse perfil de empresa geralmente se encontra inserida em setores perenes, possuem uma boa geração de caixa e pagam bons dividendos”, explica Reis.

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Por outro lado, empresas que atuam em segmentos muito cíclicos da economia, como o setor de commodities, por exemplo, ou mesmo o setor de construção civil, apresentam naturalmente uma volatilidade mais elevada.

Para quem quer investir em ações com menor risco em relação às demais, Tiago Reis separou três ações que apresentam volatilidade histórica reduzida e que devem entregar bons retornos para o investidor no longo prazo.

Ambev (ABEV3)

A Ambev é uma empresa de excelência em termos operacionais e administrativos, na avaliação de Tiago Reis, e cresceu muito ao longo do tempo, o que a fez assumir posições de destaque no mercado brasileiro e estrangeiro, com liderança de participação no mercado de cerveja e posição de destaque no mercado de bebidas e refrigerantes.

“A Ambev é um exemplo de empresa inserida em um segmento anticíclico que apresenta uma baixa volatilidade, e considerando os últimos anos, dentre empresas líquidas listadas em Bolsa, é a que menos apresentou volatilidade”, explica o fundador da Suno.

A companhia apresenta uma grande previsibilidade e recorrência de receitas, o que confere maior estabilidade e sustentabilidade de margens e lucratividade. Mesmo em períodos de crise, com inflação elevada e maiores índices de desemprego, muitas pessoas continuam consumindo seus produtos, mesmo que em menor intensidade, e além disso, a empresa normalmente consegue repassar a inflação em seus produtos, trazendo proteção ao faturamento da empresa.

A Ambev apresentou baixa volatilidade ao longo do tempo e na crise de 2008, por exemplo, em outubro, a companhia viu suas ações caírem cerca de R$ 4,20 para aproximadamente R$ 3,40, o que representou uma queda de cerca de 20%, volatilidade muito abaixo de outras empresas e da média do mercado.

O Ibovespa, mesmo representando a média de inúmeras empresas, nesse mesmo mês de outubro de 2008 sofreu uma queda de mais de 42%. “Vemos a Ambev como uma ótima opção de investimento para quem deseja investir em ações de forma mais tranquila, através de uma ótima empresa, recebendo dividendos e obtendo uma rentabilidade diferenciada no longo prazo”, avalia Reis.

Vivo (VIVT4)

A Telefônica Brasil é a maior empresa de telecomunicações do Brasil, com quase 100 milhões de clientes em inúmeras regiões do país, participação de mercado de mais de 30%, sendo líder em seu segmento.

A companhia apresenta geração de caixa constante e bastante previsível, segundo Reis, por estar inserida em um segmento anticíclico, pouco afetado pelas crises econômicas e que possui alta recorrência de negócios. A empresa também sempre foi lucrativa e boa pagadora de dividendos, sendo uma ótima opção de investimento conservador e previsível para longo prazo.

Curiosamente, demonstrando o seu comportamento anticíclico e sua baixa volatilidade, as ações da Vivo apresentaram valorização em pleno mês de outubro de 2008, no auge da crise internacional.

“A empresa é mais uma evidência de que empresas saudáveis, com forte geração de caixa e histórico de lucratividade se comportam de forma muito mais tranquila em períodos turbulentos”, destaca Reis.

Enel Distribuição Ceará (COCE5)

A Enel Distribuição Ceará, conhecida anteriormente como Coelce (Companhia Energética do Ceará), é uma empresa listada na B3, focada nos segmentos de distribuição e geração de energia elétrica, com atuação em todo o estado do Ceará e sede em Fortaleza.

“A Enel é uma empresa bastante rentável e apresenta atualmente um ROE (Retorno sobre patrimônio líquido) de mais de 17%, um dos maiores em seu segmento, sendo uma empresa que historicamente apresenta resultados crescentes, sem deixar de lado o pagamento de bons dividendos”, avalia Reis.

Segundo o fundador da Suno, a empresa se beneficia de um setor com bom potencial de crescimento no estado do Ceará, investindo de forma eficiente e inteligente e com uma boa gestão. Além disso, a empresa entregou resultados expressivos aos seus acionistas nos últimos anos com com uma volatilidade menor que a média da bolsa.

Vale lembrar que mesmo as empresas sólidas, anticíclicas e lucrativas, também apresentarão alguma volatilidade ao longo do tempo, embora muito menor que a média do mercado ou que empresas mais arrojadas.

Reis destaca a importância de ter em mente que o investimento em empresas com esse perfil menos volátil protegerão o investidor de grandes quedas e oscilações patrimoniais negativas, mas também não entregarão valorizações expressivas, em especial no curto e médio prazo.

“Se imaginarmos que o Ibovespa venha a subir 20% em um mês, é provável que empresas de baixa volatilidade subam muito menos, mas obviamente, também apresentarão quedas bem menores em períodos de grande estresse”, explica o fundador da Suno.