BNP Paribas não se mostra confiante em Petrobras e Vale

A instituição financeira afirma que a valorização é mais técnica e menos

Leonardo Pires Uller

Publicidade

SÃO PAULO – “Podemos concluir que a enorme valorização de Petrobras e Vale foram sustentadas mais pelo técnico/fluxo e menos pelo fundamento”, afirma o Head de Renda Variável da BNP Paribas Asset Management Frederico Tralli em carta aos cotistas de abril. Em relação à mineradora, os analistas apontam que o preço-alvo da ação não reflete o cenário desafiador para o mercado do minério de ferro nos próximos três anos.

O gestor relata que outro fator que os deixam preocupados sobre a companhia é seu pesado cronograma de investimentos que deve ser realizado nos próximos anos, que implicará em uma elevação da alavancagem da companhia, comprometendo sua capacidade de distribuir dividendos.

“Ao preço atual do minério de ferro, a relação dívida líquida/EBITDA (lucro antes de juros, impostos, amortizações e depreciações, na sigla em inglês) deverá ultrapassar quatro vezes, nível bem acima dos seus principais competidores”, escreve o BNP Paribas.

GRATUITO

CNPJ DE FIIS E AÇÕES

Para informar FIIs e ações no IR 2024 é preciso incluir o CNPJ do administrador; baixe a lista completa para facilitar a sua declaração

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

O mercado do minério de ferro deve passar por um período longo de oferta em excesso, por conta das expansões das maiores mineradoras do mundo. Essas empresas ainda são as mais eficientes no setor, ressalta a Asset.

Em relação à Petrobras, a equipe de gestão aponta que sua visão para a companhia continua bastante conservadora. “A empresa encerrou 2014 com uma dívida líquida ao redor de US$ 106 bilhões (altíssima, mesmo para padrões de países emergentes), e um endividamento de 4.77x seu EBITDA. Entendemos que as medidas tomadas nos últimos meses vão na direção de proteger seu grau de investimento e fazer jus ao pesado cronograma de empréstimos  vencendo este ano e em 2016”, escreve o BNP Paribas.

Assim, o gestor da instituição financeira francesa acredita que o principal foco da companhia tem sido o detentor de dívida e não o acionista. “Outro argumento que corrobora esse ponto de vista foi a postura da empresa acerca dos dividendos para detentores de ações PN. A Petrobrás declarou que não irá pagar os dividendos referentes a 2014. Adicionalmente, o eventual impacto negativo na cadeia produtiva, resultante da operação lava-jato, pode complicar ainda mais seu desempenho operacional no médio prazo. Por fim, em termos de valuation, mesmo considerando”, atesta o BNP.