Gestor de hedge fund aposta no S&P 500 e vê Ibovespa pouco atrativo

A equipe de gestão do Opportunity Total segue confiante com os Estados Unidos e aposta em ativos ligados à principal economia do mundo

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – Em 2003 o Brasil vivia um momento de transição. Lula tinha acabado de assumir a Presidência da República e depois de muita desconfiança do mercado financeiro sobre como seria o mandato do presidente petista a poeira começava a assentar. Neste cenário surgia o Total, um fundo de investimento multimercado do Opportunitty, que à época investia em Bolsa de Valores, juros e moedas e que em 2015 completa 12 anos de existência com R$ 500 milhões de patrimônio líquido.

“A taxa de juro estava em torno de 26% ao ano, a Bolsa em 13.000 pontos. O Lula havia assumido a presidência e começávamos a ver uma redução do pânico inicial que houve com sua eleição. O Opportunity estava confiante de que quem assumisse o cargo não iria colocar a perder todo o esforço que tinha sido feito anteriormente e achávamos que aquele seria o período de colher alguns frutos. Por isso, pensamos que fazia sentido oferecermos um produto que aproveitasse as oportunidades que enxergávamos no momento”, diz Felipe Cotrim, responsável pela área de distribuição do Opportunity.

Em 2007, o fundo passou a aplicar também em ativos no exterior. “Já tínhamos um fundo com estratégia de investir em ativos lá fora e concluímos que fazia sentido para o Total ter este tipo de exposição. A partir daí começamos a usar as estratégias de moedas, taxas de juros e índices de outros países”, lembra Cotrim.

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Atualmente, a equipe de gestão segue confiante com os Estados Unidos e aposta em ativos ligados à principal economia do mundo. “Nos últimos 3 anos temos sido sempre otimistas com os EUA, mantendo posições compradas em bolsa americana e em dólar contra outras moedas”, explica o gestor Rafael Vasconcellos. No último mês, com a divulgação de dados mais fracos do que o esperado da economia americana, os gestores decidiram mudar um pouco a alocação dos recursos. “Apesar de continuarmos animados com os EUA, optamos por zerar nossa posição em moedas”, diz o gestor. Isso porque, além do dólar ter valorizado bastante contra diversas moedas, o mercado começou a trabalhar com a possibilidade de aumento dos juros americanos mais tardiamente, entre setembro e dezembro deste ano. “Ainda é mais provável que seja em setembro, mas o mês de dezembro ficou bastante no radar atualmente”, diz Vasconcellos.

Com a ideia de que o Fed poderia adiar um pouco o início da alta de juros e que ela seria bastante gradual, a equipe entendeu que era um bom momento para alocar mais risco no S&P 500 (índice que reúne as 500 maiores empresas da Bolsa americana). “Estamos com uma posição comprada de aproximadamente 20% no índice”, conta Vasconcellos.

Em relação à Bolsa brasileira, a opção foi por não montar nenhuma posição direcional. “A Bolsa já subiu bastante e o índice [Ibovespa] como um todo não parece mais tão atrativo”, afirma Vasconcellos. Por isso, eles preferem investir na estratégia Long & Short [operação que consiste em montar uma posição comprada e outra vendida]. “Compramos cotas do fundo de ação e travamos essa posição vendendo índice. Apostamos em geração de retorno através do stock picking da carteira do nosso fundo de ações. No momento temos 20% do fundo com esta estratégia, que é o normal da carteira”, diz o gestor.

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Na renda fixa, os gestores decidiram aplicar em contratos de juros mais longos brasileiros. “A ideia tem como pano de fundo o fato do Fed estar demorando um pouco mais para subir os juros acaba beneficiando a parte longa da curva brasileira”, diz Vasconcellos.

Cenário macro no Brasil
Em relação ao cenário econômico brasileiro, a equipe do Opportunity destaca o esforço da nova equipe econômica em promover o ajuste fiscal para que o país volte a crescer satisfatoriamente. “O [Ministro da Fazenda] Joaquim Levy é realmente uma pessoa fantástica para tocar este ajuste, talvez a melhor possível. O desafio dele é muito grande, mas ele tem se mostrado hábil em negociar e implementar medidas”, diz Vasconcellos.

Em carta enviada aos cotistas em maio, Alexandre Bassoli, economista-chefe do Opportunity, destaca que a contração do gasto público é imprescindível para assegurar a sustentabilidade da dívida pública e também para evitar que o Brasil perca o grau de investimento. No entanto, ele aponta dois problemas. “O primeiro é que esse esforço não foi suficiente, até aqui, para reverter a tendência de piora do superávit primário (…) o segundo problema com o esforço fiscal que vem sendo empreendido é que grande parte da contração do gasto se concentra nos investimentos: essa rubrica apresenta queda real de 31,3% no acumulado deste ano”, diz Bassoli

Fundo
O Opportunity Total FIM tem tíquete de entrada de R$ 50 mil, taxa de administração de 2% ao ano e taxa de performance de 20% sobre o que exceder o CDI (Certificado de Depósito Bancário). Nas plataformas de corretoras que distribuem o fundo é possível investir com R$ 25 mil. O fundo é considerado bastante líquido para um multimercado com estas características: o resgate é feito em D+ 4 (dia da solicitação mais quatro dias úteis).

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip