Três lições e um conselho que o pequeno investidor pode tirar da crise na Petrobras

Fazer uma boa pesquisa antes de aplicar o dinheiro em uma empresa é uma das sugestões ouvidas pelo InfoMoney

Leonardo Pires Uller

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SÃO PAULO – A Petrobras (PETR3, PETR4) foi a menina de ouro de muitos investidores no Brasil nos últimos anos. A empresa bateu vários recordes, descobriu as reservas do pré-sal e se tornou uma gigante mundial do setor do petróleo em uma época que o preço do barril do petróleo chegava a bater US$ 150.

Essa realidade em nada se assemelha à atual, em que a Petrobras se vê envolta em um gigantesco escândalo de corrupção, com problemas de governança e gestão e com o barril do petróleo valendo cerca de US$ 45. Com isso, as ações da companhia já sofreram muito desde seu pico no fechamento do dia 21 de maio de 2008, quando seus papéis preferenciais valiam R$ 40,27 (considerando ajuste de dividendos). Até o fechamento do dia 29 de janeiro de 2015, a queda acumulada da ação chega a impressionantes 78,27%.

Que lições os investidores pessoa física que compraram papéis da empresa do setor de petróleo podem tirar dessa situação? E que conselho os especialistas dariam para quem ainda está com as ações na carteira? O InfoMoney conversou com o analista da Compliance Comunicação Clodoir Vieira e o educador financeiro Antonio de Julio que comentam a situação.

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1ª lição: Diversifique
Clodoir comenta que muitas pessoas tinham a Petrobras como a melhor empresa do país e colocaram todo seu dinheiro nela, o que se mostrou um problema, uma vez que agora que a empresa está passando por essa crise, os investidores sofrem muito e muitas vezes não contam com outros investimentos para compensar as perdas.

“O essencial é que as pessoas diversifiquem em, no mínimo três ou quatro papéis em diferentes setores da bolsa para assim mitigar o risco”, comenta o analista. Optar por variar os investimentos entre renda fixa e renda variável também pode ser mais uma opção para proteger o investidor de riscos.

2ª lição: Entenda os riscos
Mais uma vez, o erro se resume à confiança exacerbada que a população de modo geral tinha na Petrobras. Para Clodoir, muita gente investiu sem entender bem os riscos que envolviam investir em uma ação, uma vez que achavam que a Petrobras sempre iria subir na bolsa.

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“Na renda variável, é importante ter atenção ao risco, não há nenhuma garantia de ganho para o investidor, muito menos que o negócio da empresa vai dar certo e crescer continuamente”, afirma Clodoir Vieira. O educador Antonio de Julio destaca os erros de gestão do governo na empresa, que vieram a se transformar na maior dor de cabeça para os investidores.

3ª lição: Pesquise bem antes de investir
Por conta da opção de investir com as reservas do FGTS, muitas pessoas acabaram empolgadas em aplicar nos papéis da Petrobras ao ver colegas de trabalho, vizinhos ou mesmo parentes ganhando bastante dinheiro com o investimento e decidiram colocar suas economias também, mesmo sem fazer a pesquisa adequada.

“Por ser uma empresa muito reconhecida e, na época, bastante admirada, as pessoas não se preocuparam em pesquisar seus negócios com profundidade, sua necessidade de investimentos e seu horizonte. Além disso, essa história de investir o dinheiro do FGTS fez muita gente ganhar muito dinheiro, mas fez pessoas entrarem tarde demais e não ganharem tanto assim”, relata Clodoir.

Um conselho: espere
Os dois especialistas ouvidos pelo InfoMoney deram exatamente a mesma orientação para os investidores em ações da Petrobras. Caso o investidor precise desse dinheiro com urgência, o melhor é sacá-lo e tomar o prejuízo, mas, caso seja possível, o melhor a se fazer é esperar.

“É besteira vender agora se a pessoa não precisa do dinheiro. Isso acontece bastante, de comprar um papel na euforia e vender no fundo do poço. Comprar mais para tentar fazer preço-médio também não é uma boa opção”, afirma Antonio de Julio.

O educador financeiro ainda deixa sua crítica. Para ele, quem mais tem que aprender com essa crise na Petrobras é o próprio governo, que deixou a empresa chegar nesse nível de corrupção e falta de boas práticas de governança.