Ações do setor educacional chegam a cair quase 50% em 2015; é hora de comprar?

Papéis da Ser Educacional são os que mais sofrem e já recuam 47,28%

Leonardo Pires Uller

Publicidade

SÃO PAULO – O setor educacional foi considerado em 2014 um verdadeiro porto seguro frente às incertezas que pairavam acerca do cenário eleitoral e outro problemas macroeconômicos do Brasil. No entanto, essa crença, ao menos até agora, não vem se provando verdadeira em 2015.

Desde o começo do ano até o fechamento do dia 28 de janeiro, os papéis das ações educacionais na bolsa vêm marcando queda atrás de queda. A Kroton (KROT3) recuou 19,35%, Estácio (ESTC3) cedeu 30,76%,  Anima (ANIM3) caiu 37,77% desde o começo do ano. Na mesma linha, a Ser (SEER3) recua 47,28% e a Abril Educação (ABRE3) também não escapa e já está 12,05% no negativo nesse ano.

Essa queda aconteceu por conta da mudança das regras de acesso ao Fies, programa de financiamento estudantil do ensino superior do governo federal. Agora, para participar do programa, os estudantes terão que tirar, no mínimo, 450 pontos no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e não podem tirar zero na prova de redação. Além disso, também foi definida uma mudança no pagamento para as instituições de ensino que pode prejudica-las no curto prazo.

GRATUITO

CNPJ DE FIIS E AÇÕES

Para informar FIIs e ações no IR 2024 é preciso incluir o CNPJ do administrador; baixe a lista completa para facilitar a sua declaração

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Seria esse um bom momento para investir nesse setor que subiu tanto nos últimos anos, ou será que até o “porto seguro” da bolsa sucumbiu e não é mais um bom investimento?

Os analistas do banco Goldman Sachs veem essa mudança como prejudicial para as companhias educacionais e, assim, cortou o preço-alvo da Kroton, Estácio e Ser, para assim refletir o maior perfil de risco da indústria. As previsões da instituição para o EV/EBITDA (valor da empresa sobre lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações na sigla em inglês) e P/E (preço sobre lucro, na sigla em inglês) para as empresas foram reduzidas em 27% e 33%, respectivamente.

No entanto, o Goldman afirma que pelo valuation atual dos papéis, a relação risco retorno está em um bom patamar. Os analistas esperam uma taxa de crescimento forte para as companhias nos próximos anos com alta na receita, no EBITDA e no lucro.

Continua depois da publicidade

O analista Alan Oliveira, da AZ Futurainvest, por outro lado, não está tão confiante no setor como um todo. “A queda foi exagerada e, no curto prazo, o setor pode até reagir, mas as ações educacionais não devem se destacar positivamente na bolsa nesse semestre”, afirma o especialista.

Clodoir Vieira, analista da Compliance Comunicação, segue a mesma linha. Para ele, por mais que a queda tenha sido forte demais, essa não é a hora de comprar ações no setor educacional, uma vez que as empresas ainda precisam se ajustar para as mudanças no Fies.