“É hora de comprar ações da Klabin”, diz gestor; Projeto Puma fará empresa dobrar em 3 anos

Segundo Wagner Faccini Salaverry, gestor da Quantitas, quem comprar ações da Klabin agora irá ter bons lucros em 3 anos

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – O anúncio do Projeto Puma, feito pela Klabin (KLBN11) recentemente, reascendeu o interesse de gestores nas ações da companhia, visto que, com o projeto, ela deve dobrar de tamanho no próximos três anos. O Puma envolve R$ 7 bilhões de capex, sendo que, em termos líquidos, já reaproveitando a recuperação de impostos, ele chega perto de R$ 6 bilhões.

Nos últimos meses, os investidores penalizaram bastante as ações da Klabin, visto que, uma parcela do financiamento deste projeto, que foi feito por meio de debêntures conversíveis, apesar de ter sido favorável para os financiadores, não foi muito boa de maneira geral para os minoritários. A companhia financiou esse projeto da seguinte forma: R$ 4 bilhões com o BNDES, R$ 800 milhões com fornecedores estrangeiros, R$ 700 milhões com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e R$ 1,7 bilhão com debêntures conversíveis, em que ela paga uma remuneração de 8% em dólar, numa conversão mandatória em 2019 a um preço de R$ 12,50, muito próximo ao preço atual da ação.

Segundo Wagner Faccini Salaverry, gestor da Quantitas, uma gestora com R$ 16 bilhões de patrimônio sob gestão, essa emissão, nessas condições, mostram um problema de governança bem claro, mas, mesmo assim, o projeto não é destruidor de valor e fará a empresa dobrar de tamanho nos próximos três anos, sem falar que o risco de execução e a característica do negócio da Klabin mais do que compensa essa situação toda.

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O Puma é um projeto de 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano, sendo que, 1,1 milhão de toneladas é de celulose fibra curta e, as outras 400 mil, de celulose fibra longa. “Isso é muito importante, porque o país importa boa parte da celulose fibra longa que consome, então vai servir pra substituir importações”, explicou. Além disso, o Puma ainda vai permitir uma venda de energia excedente, que deve dar cerca de R$ 150 milhões, considerando um megawatt médio de R$ 120.

Outro atrativo do negócio, é que a Klabin irá ter um menor custo de produção, visto que ela já tinha artigos florestais (72 km de raio médio de corte de florestas no Paraná) para aproveitar no Puma, sem falar que ela vai ter a possibilidade de conectar todas as demais máquinas de papel que ela tem. “A princípio vai ser um projeto só de celulose, mas à medida que a demanda for aumentando, ela vai poder conectar as atuais unidades produtoras de papel nessa fábrica de celulose”, explicou Salaverry.

A Klabin teve esse desafio de financiar esse projeto e, segundo o gestor, apesar de reconhecer que ele tenha sido ruim para os minoritários, na situação que está o Brasil e na situação que estamos lá fora, era também difícil encontrar financiadores dispostos a acatar tamanha dívida. “Vemos na Klabin um negócio muito resiliente e muito bom, principalmente neste momento de incertezas e desesperança do Brasil”, disse.

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A empresa tem 35% das receitas dela em cartões revestidos, muito direcionados para alimentação e bebidas, visto que ela é a fornecedora no Brasil e uma das três maiores fornecedoras mundiais da Tetrapak; outros 30% da receita advindos de papel ondulado; 15% de papel pardo; e outros 15% de sacos, para o mercado de cimento e fertilizantes. De acordo com o especialista, essa dispersão permite que ela tenha uma condição privilegiada de negócios e capacidade de manter margens. “Mesmo com um mercado ruim, ela está conseguindo aumentar o preço e manter a margem de operação. Quando tem um mercado em uma situação mais difícil aqui no Brasil, ela consegue exportar, então a alta do dólar também beneficia a companhia. No mercado, ela é a principal produtora de papéis com fibra virgem, coisa que os concorrentes dela utilizam muito pouco, então isso dá uma vantagem adicional”.

O Projeto Puma vai fazer com que a empresa, que hoje fatura R$ 5 bilhões de reais, passe a faturar R$ 9,3 bilhões em 2017, quando o projeto já estiver pleno, o que representa um crescimento na faixa de 90%.

Ao longo deste anos, a empresa ainda terá alguns projetos de desengargalamento, que vai aumentar a receita dela antes da entrada do projeto. “O Ebitda vai mais do que duplicar na nossa expectativa, de R$ 1,7 bilhão para R$ 3,7 bilhões. Os múltiplos, que hoje parecem muito caros, na faixa de 11x Ebitda para 2014, devem cair para 6x em 2017. É um claro caso de que, na primeira olhada parece uma empresa com múltiplos caros, alavancada (cerca de 3x dívida líquida/Ebitda) e um projeto de risco, mas que, na nossa visão, tem muito valor e vai valorizar muito nos próximos três anos”, concluiu Salaverry.