Safra diz que acredita na alta da Petrobras independente de quem vencer as eleições

O Safra decidiu reiniciar sua cobertura de Petrobras e indicou os papéis da estatal com recomendação outperform

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – O Safra decidiu reiniciar sua cobertura de Petrobras e indicou os papéis da estatal com recomendação outperform (acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 26,00 para as ações preferenciais (PETR4) e R$ 24,00 para as ordinárias (PETR3).

Segundo a instituição, a decisão foi baseada no atraente potencial de valorização, múltiplos baixos, perspectivas positivas para crescimento e uma expressiva expansão de produção, “independente de uma possível mudança de governo.”

O Safra estima crescimento de produção de 20% até o final de 2016, meta que, apesar de viável, precisa ser monitorada com atenção. “Nossas projeções encontram-se 4% abaixo do guidance da companhia de 2,5 milhões de barris por dia para 2016. Lembramos aos investidores, entretanto, que a empresa tem constantemente frustrado a meta de produção nos últimos anos”, afirmou em relatório.

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No entanto, apesar do otimismo, os analistas afirmaram também que o índice dívida líquida/Ebitda de 3,8x em 2014 é alto e requer monitoramento. Eles assumem que a dívida líquida somará R$ 271 bilhões em 2014, 3,8x sua estimativa para Ebitda 2014 de R$ 71 bilhões. “Para uma empresa petrolífera com capex substancial, projetado para permanecer 21% acima do Ebitda nos próximos dois anos, trata-se definitivamente de um índice pouco confortável. Embora alto, vemos tal patamar de endividamento comocontrolável, apenas requerendo monitoramento constante, uma vez que produção e Ebitda podem decepcionar, exigindo, dessa forma, aumento de capital”, disse.

Apesar da valorização em 2014, pode subir mais
A valorização das ações em 2014 já bateu 26% , ante a alta de 13% do Ibovespa no mesmo período, mas o Safra afirmou que não vê as ações sobrevalorizadas em termos de múltiplos de mercado, afinal, a PETR4, por exemplo, vem sendo negociada atualmente em 6,1x VE/Ebitda de 12 meses, ainda ligeiramente abaixo da média histórica de 6,2x.

“Em nossa visão, a Petrobras não está cara frente os múltiplos históricos P/L, cuja média é de 8,8. PETR4 vem negociando atualmente em uma estimativa para P/L 2014 de 8,0, inferindo desconto de 9% sobre a média histórica. No longo prazo, vemos potencial de valorização atraente, pois estimamos que Lucro por Ação irá crescer 20% por ano nos próximos dez anos. Os papéis podem, assim, subir 20% por ano negociados no mesmo múltiplo P/L de 8,0”, explicou.

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O único risco para a instituição é de que o governo mantenha o controle de preços domésticos abaixo do patamar internacional. Eles estimam hoje que a defasagem de preços para o diesel seja de 8% ante a paridade internacional, ao passo que os preços da gasolina estão 11% inferiores. “O impacto financeiro é bastante relevante, pois o segmento de refino perdeu US$10 bilhões somente em 2013 comprando petróleo bruto a preços internacionais e vendendo diesel e gasolina a valores controlados”, disse o relatório.

“Apesar da entrada positiva de capital internacional na Bovespa, acreditamos que um componente-chave para justificar o recente desempenho superior dos papéis seja a expectativa de aumentos de preços para diesel e gasolina logo após as eleições, cenário possível tanto na continuação do governo de Dilma Rousseff, quanto na vitória de Aécio Neves”, finalizou.