“Bolsa está cara? Acreditamos que não”, diz gestor de ações

Atualmente a bolsa é negociada por cerca de 11x o múltiplo P/L de 12 meses. Dentro da média histórica", aponta a Franklin Templeton

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – As discussões sobre o preço das ações negociadas na Bovespa costuma vir à tona sempre que a Bolsa passa por um momento de alta ou baixa. Neste ano, após cair nos primeiros meses, o Ibovespa (principal índice do mercado acionário brasileiro) mostrou recuperação. Desde o dia 14 de março, quando atingiu a mínima do ano, o índice já subiu 21,8% (até o fechamento da última sexta-feira – 11).

No entanto, considerando o acumulado do ano, a alta é bem menor, de 6,3%. O gestor da Franklin Templeton, Frederico Sampaio, ressalta que o primeiro semestre do ano foi marcado pela volatilidade, como já era esperado, e que não considera a Bolsa cara. “A bolsa brasileira está cara? Acreditamos que não. Atualmente a bolsa é negociada por cerca de 11 vezes o múltiplo P/L de 12 meses. Dentro da média histórica”, escreveu, em carta aos cotistas.

Ele lembrou que os indicadores econômicos continuaram a preocupar e que o cenário eleitoral é o principal catalisador de curto prazo para melhorar expectativas. “A bolsa se descolou dos pares e tem reagido fortemente às pesquisas de intenção de voto. A oposição é identificada como mais preparada para reverter a contínua deterioração dos fundamentos econômicos do país e seu crescimento tem ajudado no desempenho, principalmente, das ações de empresas estatais e dos bancos”, destacou Sampaio.

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Em relação aos investimentos do fundo Valor e Liquidez FIA, Sampaio afirmou que a equipe procurou montar uma carteira que tenha bom retorno absoluto independentemente do cenário que se desenhe. Entre as ações que saíram da carteira neste primeiro semestre estão as da Eneva, Sabesp, Lopes e Cyrela. “Nesses casos, a despeito dovaluation aparentemente atraente e do mau desempenho recente, consideramos que há riscos potenciais que reduzem de forma indesejada nossa margem de segurança”, destacou o gestor.

Já na relação dos papéis que entraram no portfólio da Franklin Templeton estão a São Martinho, BB Seguridade e Estácio. “Adicionamos novos investimentos cujo desempenho nos parece menos contingentes ao cenário que venha a se realizar no próximo ano e aumentamos investimentos da carteira que se enquadravam nessa descrição”, escreveu Sampaio. O gestor detalhou os motivos da escolha dos papéis da São Martinho.

São Martinho
A companhia é uma das cinco maiores produtoras de açúcar e etanol do país, com capacidade de moagem de 17 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, quatro usinas e “a mais eficiente operação industrial e de manejo do canavial dentre as maiores do setor”, segundo o gestor.

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A maior parte da cana vem de terras próprias (52 mil hectares) ou de terras arrendadas de terceiros. “Isso faz com que a empresa detenha 70% da cana que usa para moagem. Sua localização, próxima às terras onde colhe a cana, é um dos grandes diferencias logísticos que a empresa possui, e com relevante impacto na diminuição de seu custo de operação”, destaca Sampaio.

Ele lembra que o preço do açúcar teve forte queda no início deste ano e as ações da São Martinho acompanharam o movimento, mesmo que a empresa tivesse bons níveis de preço de hedge e operasse com o mais baixo custo de produção do setor. As notícias de seca no interior de SP também podem ter ajudado no movimento de queda.

“ Em conversa com a companhia descobrimos que a mesma contava com boa quantidade de cana “bisada” da safra anterior, o que garantia parte da produção da safra seguinte. Gostávamos também da perspectiva de crescimento decorrente do encerrando de seu programa de expansão de um milhão de toneladas na sua maior e mais eficiente usina, com reflexos positivos na sua geração de caixa. Desta forma, em fevereiro, resolvemos adicionar o investimento à carteira do fundo”, disse Sampaio.

No mês de maio, a São Martinho anunciou a aquisição de 56% das ações da Usina Santa Cruz (USC) que se somaram aos 40% que já possuía nessa usina. A operação foi feita por meio de troca de terras e um pagamento de R$ 120 milhões divididos ao longo de dez anos.

Segundo ele, depois da conclusão da operação, a São Martinho terá 20 milhões de capacidade de moagem. “As sinergias são relevantes e deverão gerar R$ 40 milhões ao ano para a empresa”.

Para finalizar, ele ressalta que os investimentos efetuados na safra passada encerraram o ciclo das expansões relevantes. “Desta forma, a empresa terá boa geração de caixa a partir dessa safra na ordem de 6%. Além disso, estimamos retorno sobre o capital investido pela companhia de 13% na safra 14/15, uma melhora significativa sobre os 8% na safra passada”, concluiu.

Desempenho do fundo
O fundo Valor e Liquidez FIA registrou alta de 2,94% em junho e variou 3,53% nos últimos 12 meses. Desde sua criação em dezembro de 1998 o fundo acumula ganho de 2.424,71% ante ganho de 641,22% do Ibovespa no mesmo período.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip