Duas ações com potencial que estão na carteira de gestor de R$ 10 bi

Rafael Alves Rodrigues, CFA, sócio responsável pela gestão de renda variável da Rio Bravo, indicou a Cetip (CTIP3) e a Unicasa (UCAS3) como duas grandes apostas que trarão bons rendimentos no longo prazo

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – A Rio Bravo, gestora de recursos fundada em 2000, com quase R$ 10 bilhões de patrimônio sob gestão, esteve presente no evento Value Investing Brasil na quinta-feira (07) e indicou duas ideias de investimento para comprar neste fim de ano.

Rafael Alves Rodrigues, CFA, sócio responsável pela gestão de renda variável da Rio Bravo e que possui atualmente cerca de R$ 800 milhões sob gestão, indicou a Cetip (CTIP3) e a Unicasa (UCAS3) como duas grandes apostas que trarão bons rendimentos no longo prazo.

Cetip
De acordo com o especialista, a Cetip é uma companhia que vem sofrendo alguns ruídos de competição. A empresa atualmente vale R$ 6,5 bilhões e a Rio Bravo possui aproximadamente 2% do capital da companhia.

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O principal negócio da Cetip é a unidade de títulos e valores mobiliários, que é o tradicional da Cetip, onde eles fazem registro, custódia e liquidação de ativos de renda fixa e derivativos de balcão. “Eles são quase que monopolistas neste negócio. Por isso sempre surgiu os boatos de competição com a BM&FBovespa, que pode entrar no negócio de renda fixa, ou com a Cetip mesmo entrando no negócio de renda variável, atacando o mercado monopolista da bolsa”, explicou. “O mercado sempre acaba punindo as ações por conta desta guerra fria e é por isso que achamos que existe uma oportunidade”, completou.

Na opinião do gestor, é muito difícil a Cetip perder a vantagem competitiva que ela tem hoje, porque 60% ou 70% do custo da empresa quem paga são os clientes do banco, então é pouco provável os bancos se movimentarem para fazer qualquer mudança e colocar outro player no lugar da Cetip neste negócio de títulos de valores, que é um negócio que fatura aproximadamente R$ 650 milhões por ano, com margem Ebitda acima de 70% e margem líquida acima de 50%. “Ela gera caixa operacionalmente anual de R$ 600 milhões com CAPEX de R$ 50 mil, então é um negócio absolutamente fantástico”, afirmou.

Além disso, ainda segundo Rodrigues, em 2010, a Cetip comprou a GRV, o que foi uma bela sacada e isso hoje representa 35% do faturamento da empresa, além de ser algo extremamente blindado, ou seja, é difícil de alguém replicar esse modelo de negócio.

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A Cetip não tem dono e o maior acionista é a ICE, que tem mais de 12% da empresa. “Nós, que temos 2%, estamos juntando um grupo de acionistas com quase 15% da companhia e estamos conversando com a empresa e o CEO para tentar entrar com um ou dois conselheiros no ano que vem. Nós temos esse viés de ativismo”, contou o gestor no evento.

Em termos de valuation, a Rio Brava acredita que o negócio deve valer por volta de 20x lucro, sendo que hoje ela está valendo 17x lucro corrente dos últimos 12 meses e em 2014 aproximadamente 15x lucro. “Ou seja, é um negócio fantástico, que gera caixa e paga 50% de payout, que dá cerca de 3% de dividend yield. Ela está pagando uma dívida ainda com a GRV, mas assim que essa dívida acabar ela deve pagar algo próximo de 100% de payout, o que dá um yield próximo de 10%”, finalizou.

Unicasa
A maior exposição que a Rio Bravo tem hoje a uma companhia (mais de 10% do capital da empresa) é a Unicasa (UCAS3). Ela entrou na bolsa no início do ano passado e desde o IPO as ações caíram mais de 50%. “Por meio de uma análise e uma aproximação com a companhia nós começamos a montar posição achando que o mercado tinha exagerado”, contou Rodrigues.

Basicamente a queda veio porque o IPO foi feito no pico de resultados. A companhia chegou a faturar por volta de R$ 300 milhões, sendo que ela é uma small cap e vale hoje cerca de R$ 400 milhões em bolsa. Ela tinha feito aproximadamente R$ 300 milhões de receita em 2011 e quase R$ 60 milhões de lucro líquido. “É um negócio muito rentável e que cresceu muito nos últimos anos por conta do boom de real state, que trouxe com ele muito fabricante de imóvel planejado. Não é atoa que apareceram muitas lojas desse tipo em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em cada esquina tem uma. É um negócio muito rentável, onde os operadores ganharam muito dinheiro”, disse.

Ainda segundo o gestor, isso funciona da seguinte forma: a fábrica e o canal de distribuição são feito através de um canal amplo de revendas exclusivas, sem franquias. Eles cresceram muito de forma desorganizada e vieram a mercado no início de 2012, fazendo os investidores acharem que eles estavam aquém do esperado e punindo as ações por isso. Hoje, a companhia está operando 20x o lucro corrente, que é cerca de R$ 20 milhões.

Ou seja, ela saiu de R$ 60 milhões para R$ 20 milhões, e isso por dois motivos: primeiro, por ser um modelo muito atraente, com baixo capital investido na ponta, onde você tem quase mil revendedores exclusivos que investem pra revender o produto da Unicasa, e, segundo, porque você recebe na frente, ou seja, eles afirmam que conseguem entregar em 10 dias, enquanto os concorrentes entregam em 90 dias, para se proteger do risco de crédito. “O capital de giro negativo pode ser traiçoeiro, porque se você usa o dinheiro para outra coisa, o negócio pode apertar”, explicou.

“Ela tem potencial para voltar ao lucro de antes e crescer ainda mais e estamos apostando nesse começo de revirada já no ano que vem, com resultados bem mais fortes, como em 2012”, finalizou o gestor.