“Se esse fosse um país sério, a CVM fecharia a Petrobras”, diz Sr. Dinheiro

Para o economista Luís Carlos Ewald, o órgão regulador do mercado brasileiro deveria fechar a estatal, que é utilizada como instrumento de intervenções do governo atual

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – A Petrobras (PETR3 e PETR4), que já chegou a ser a segunda maior petrolífera do mundo em valor de mercado, não para de perder posições e credibilidade. Com a falta de crescimento de sua produção e sua dívida aumentando sem parar (R$ 7,39 bilhões), ano a ano, o excesso de intervenções por parte do governo, que culmina em uma preocupante falta de liberdade para praticar preços de mercado, inquieta os investidores e, consequentemente, prejudica as ações da companhia.

Os papéis da estatal, tanto ordinários quanto preferenciais, já registram, em 2013, queda acumulada anual pelo quarto ano seguido, visto que a última valorização foi em 2009. De 2010 até o fechamento da última sexta-feira (30), os ativos ON da Petrobras já desvalorizaram 61,66%, indo de R$ 41,65 para os atuais R$ 15,97%. Enquanto isso, as ações PN da companhia caíram 54,21% no mesmo período, ao passar de R$ 36,69 para R$ 16,80%.

De acordo com o economista Luís Carlos Ewald, conhecido como Sr. Dinheiro, a Petrobras foi afundada pelo excesso de intervenções do governo. “A Petrobras é usada como maquiagem para várias coisas do governo”, afirmou.

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De acordo com ele, a falta de confiança que a estatal está refletindo há anos para os investidores, por culpa do governo, está corroendo a companhia, bem como suas ações. “Não dá para confiar em uma empresa como essa, que é usada como instrumento de intervenções. E quem investe em uma empresa na qual não confia?”, completou.

Para o Sr. Dinheiro, o órgão regulador do mercado brasileiro deveria tomar providências e fechar a estatal. “A Petrobras é completamente mal administrada e, se esse fosse um país sério, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) fecharia a companhia”, disse o economista.

Ano Preço Inicial – PETR3 Preço Final – PETR3 Variação Acumulada – PETR3
2010 R$ 41,65 R$ 30,55 -26,65%
2011 R$ 30,55 R$ 23,00 -24,71%
2012 R$ 23,00 R$ 19,55 -15,00%
2013 R$ 19,55 R$ 15,97 -18,31%*

*até o fechamento do dia 30 de agosto de 2013

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Ano Preço Inicial – PETR4 Preço Final – PETR4 Variação Acumulada – PETR4
2010 R$ 36,69 R$ 27,29 -25,62%
2011 R$ 27,29 R$ 21,49 -21,25%
2012 R$ 21,49 R$ 19,52 -9,17%
2013 R$ 19,52 R$ 16,80 -13,93%*

*até o fechamento do dia 30 de agosto de 2013

Intervenções governamentais
A Petrobras foi só mais uma empresa prejudicada por intervenções governamentais, pois a lista é grande (o setor elétrico está de prova). Isso mostra que empresas estatais estão sendo utilizadas como instrumentos de intervenção, o que é muito maléfico para as companhias no curto prazo e para a economia do país no médio longo prazo, ainda de acordo com o Sr. Dinheiro.

A companhia sofreu com o congelamento de preços da gasolina, praticado pelo atual governo, afinal, a medida obrigou a estatal a pagar R$ 1,35 pelo litro de combustível importado, que tinha que ser vendido para as distribuidoras por R$ 1,05, causando assim um enorme prejuízo à estatal. A intervenção visou controlar a inflação, descontrolada por conta de mais uma interferência do governo, dessa vez na política monetária, que quis a taxa de juro no menor patamar histórico por interesses políticos.

É nítido que uma interferência leva à outra e tudo vira uma bola de neve, onde a economia é a maior prejudicada, levando junto as companhias e os investidores, e trazendo uma combinação até incompreensível de um PIB baixo com inflação alta.