O que acontece com as ações da Petrobras se houver o reajuste de combustível

O reajuste seria apenas um fôlego, mas a falta dele seria uma avalanche, de acordo com analistas

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – Após o anúncio de resultados, a Petrobras reiterou seus pedidos de reajuste nos preços dos combustíveis, muito defasados em relação ao preço internacional, de acordo com Edison Lobão, ministro de Minas e Energia. A companhia encontra-se em uma situação difícil, com suas ações ordinárias (PETR3) em queda de mais de 9% em 2013, até o fechamento da última sexta-feira (23), devido à apreciação do dólar antes o real (R$ 2,35) e à dívida “estratosférica”, segundo o MPF (Ministério Público Federal do Rio de Janeiro), de R$ 7,39 bilhões, que pode levar a estatal à falência.

A situação é tão delicada que nem o reajuste nos preços dos combustíveis traria muitos efeitos positivos para a empresa, mas sim somente evitaria os efeitos catastróficos caso a medida não seja tomada até o final do ano. De acordo com João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos, o governo está em uma sinuca de bico nessa história, pois o reajuste iria prejudicar ainda mais a inflação, que já se encontra em uma situação complicada desde o início do ano e ainda pode ser agravada agora com a disparada do dólar perante o real, enquanto o não reajuste traria muitos malefícios à maior empresa do país. “O mercado aposta num reajuste nas próximas semanas, mas eu não acredito que venha, por conta do cenário macroeconômico”, afirmou.

Para ele, se não vier, o impacto negativo nas ações da companhia vai ser maior do que o impacto positivo se vier. “Sem o reajuste as ações da Petrobras vão cair muito, podendo chegar até a R$ 15,50. O mercado está muito perdido diante de tantas incertezas, visto o comportamento do Ibovespa e do dólar perante o real na quarta-feira (21), após o pronunciamento de Ben Bernanke – [chairman do Fed (Federal Reserve), banco central norte-americano] – na ata do Fomc (Federal Open Market Committee)”, completou.

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O reajuste seria apenas um fôlego, mas a falta dele seria uma avalanche
Segundo Allan Soares, analista da Futura Investimentos, a companhia precisa do reajuste para equilibrar suas finanças, mas, de qualquer forma, esse ajuste trará apenas um fôlego para as ações no curto prazo, pois as condições atuais do dólar e o endividamento exacerbado da estatal não deixarão o preço dos papéis dispararem. “Será somente um fôlego, e nem tão grande assim, pois o cenário macro está prejudicando muito os fundamentos da empresa”, explicou.

Ainda de acordo com o analista, se sair o reajuste, o preço das ações preferenciais da companhia (PETR4) devem chegar a algo entre R$19,00 e R$ 19,50, mas, no entanto, se não sair, assim como Brugger, Soares calcula uma queda de 10% em poucos dias, com a ação chegando na casa dos R$ 15,00. Os papeis valem R$ 18,55, de acordo com fechamento da última sexta-feira (23).

Sinalizações de que haverá reajuste estão cada vez mais fortes
De acordo com a imprensa nacional, as sinalizações de que haverá um reajuste de preços da gasolina estão cada vez mais fortes. Informações divulgadas pelo jornal O Globo, mostram que uma das propostas é autorizar um aumento de cerca de 10% das refinarias no final deste ano, repassando a mudança estrutural do preço do petróleo, e o restante em 2014. Aos postos, a alta ficaria em 5% – isso porque o impacto equivaleria à metade do que é concedido na refinaria.

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Segundo o jornal, os bastidores do governo apontam que a primeira parcela de alta se daria entre o Natal e o Ano Novo e a segunda, na sexta-feira de Carnaval, o que diminuiria o impacto da opinião pública em um ano eleitoral.

Um dia antes, o jornal Estado de S. Paulo também divulgou informações de que em um encontro entre a presidente da República, Dilma Rousseff, com a presidente da Petrobras, Graça Foster, teria sido definido parte do ajuste ainda para esse ano.