Bovespa tende a continuar fraca, diz gestor que investe nos EUA e Europa

Pedro Baldaia, responsável pela área de Asset Management da São Paulo Investments, diz que a melhoria da situação econômica do Brasil depende de mudanças estruturais

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – A bolsa de valores brasileira não está tendo um bom ano. Enquanto muitas bolsas internacionais subiram bastante e estão em níveis recordes, o mercado acionário brasileiro não consegue mostrar uma reação devido ao baixo crescimento da economia, à inflação elevada e ao excesso de intervenções do governo.

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O Ibovespa, benchmark da bolsa paulista, está com uma queda acumulada de mais de 15% no ano, ao mesmo tempo que os principais índices das bolsas internacionais, tanto americanas quanto europeias, estão com altas expressivas. O S&P 500, que reúne as 500 ações norte-americanas mais importantes, está com uma alta de 16,49% em 2013, enquanto o Dow Jones, que reúne as 30 maiores e mais importantes empresas dos Estados Unidos, está com valorização de 15,32%, e o Nasdaq, índice focado em empresas de tecnologia, apresenta elevação de 19,57% no ano. Na Europa, o FTSEurofirst 300, que reúne as 300 principais empresas do continente, está com uma alta acumulada de 6,70%.

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De acordo com Pedro Baldaia, europeu responsável pela área de asset management da São Paulo Investments, os mercados nacionais e internacionais são correlacionados, mas, neste momento, existem divergências de rentabilidade e performance que são muito significativas e que estão ligadas ao mau momento da economia local. “O Brasil está tendo um desempenho no mercado de ações bastante negativo em 2013, enquanto EUA e Europa estão positivos. O Ibovespa está tendo uma performance bastante fraca no ano e nós sentimos essa tendência. Para nós, ela deve continuar assim, o que não significa que vai continuar pra sempre”, afirmou.

O gestor português está há um ano no Brasil e é o responsável pela gestão de um fundo que investe em ações brasileiras, europeias e americanas, o Porto. A São Paulo Investments é uma boutique de investimentos fundada em junho de 2012 pelo economista Antonio Bernardi. Entre 2006 e 2011, Baldaia foi o responsável pelos investimentos da Amorin Holding em Portugal, de Américo Amorin, empresário português considerado o segundo homem mais rico do país.

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“A situação do mercado acionário brasileiro está muito complicada, por isso é bom existir um produto que tenha a capacidade de canalizar seu investimento para áreas geográficas com melhores oportunidades de investimento neste momento. Se o investidor ficar só no Brasil, ele estará limitado a ações listadas no mercado brasileiro, e isso acaba por ser limitativo em termos de liquidez e em termos de setores do mercado”, explicou o gestor.

Baldaia afirmou que a situação econômica do Brasil representa questões estruturais que tem que ser alteradas, mas, segundo ele, essas alterações ainda levarão muito tempo. “Por isso que, mesmo tendo um crescimento nos próximos dois ou três anos, eu ainda diria que os mercados internacionais continuarão tendo uma melhor performance do que o brasileiro”, completou.

Fundo Porto
O Porto é um fundo multimercado com viés em ações (mas investe também em commodities), voltado para investidores super qualificados – ou seja, que tem ao menos R$ 1 milhão para investir. O fundo compra ações de companhias brasileiras, americanas e europeias e todos esses investimentos são feitos em reais. “É feito hedge em todas as operações para proteger os clientes da variação cambial. Isso já prejudicou muito a rentabilidade nesse ano, por conta da valorização do dólar [atualmente em R$ 2,40], mas isso pode se reverter mais para frente, e nós estaremos protegidos”, explicou.

Somente no mês de agosto, até o dia 15, o fundo rendeu 0,5%, enquanto a valorização acumulada de 2013 é de 4,5% líquido. Segundo o gestor, a expectativa de rentabilidade do fundo para um horizonte de três anos é de CDI + 4% ao ano.

Algumas empresas que o fundo investe atualmente são, nos Estados Unidos, a EMC Corporation, que fornece sistemas para infraestrutura de informação, software e serviços, e a AGCO Corporation, uma fabricante e distribuidora global de equipamentos agrícolas e suas respectivas peças de reposição. No Brasil, duas empresas nas quais a gestora está posicionada atualmente são a Tegma Gestão Logística (TGMA3) e a BHG (BHGR3). Já na Europa, o foco do fundo está em empresas exportadoras.

O Porto possui R$ 40 milhões de patrimônio sob gestão, provenientes de três tipos de investidores: institucionais (bancos, Family Offices e Multi Family Offices), corretoras e pessoas físicas.

Em relação ao benchmark, o gestor explicou que não possui um índice específico que é comparado com a rentabilidade do fundo. “Nós possuímos diversos benchmarks, que comparamos com a rentabilidade do fundo. Nós acompanhamos alguns índices, como o S&P 500, o Ibovespa e o Stoxx Europe 600, além do CDI e fundos concorrentes”, finalizou.