Os próximos passos dos maiores micos do Ibovespa em 2013

A queda expressiva do benchmark, de mais de 20% em sete meses, traz consigo empresas cujas ações perderam mais da metade de seu valor desde o início do ano

Arthur Ordones

Publicidade

SÃO PAULO – A bolsa está passando por um ano difícil, porém, após seu principal índice, o Ibovespa, apresentar seis meses consecutivos de queda, tudo indica que ele fechará julho no positivo. De acordo com especialistas, essa alta é pontual e não indica a virada que todos tanto esperam no mercado acionário brasileiro, principalmente porque agosto é um mês historicamente ruim para a bolsa, devido ao período de férias no hemisfério norte.

A queda expressiva do benchmark, de mais de 20% em sete meses, traz consigo empresas cujas ações perderam mais da metade de seu valor desde o início do ano. O maior mico da bolsa em 2013, até então, é a empresa de petróleo e gás do empresário, ex-bilionário – de acordo com a Bloomberg – Eike Batista, a OGX (OGXP3), que já apresenta 84,70% de perdas no ano, até a última terça-feira (30).

O segundo lugar ficou com a Eletropaulo (ELPL4), que vem sofrendo muito desde o ano passado, quando caiu 47,39%. Neste ano, os ativos da empresa do Grupo AES Brasil já desvalorizaram 63,08%.

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

A empresa de mineração  MMX (MMXM3) está em terceiro lugar, com 62,47% de queda, enquanto a quarta posição é da LLX (LLXL3), de logística, que já perdeu 59,17% de seu valor no ano.

O último lugar ficou com a Brookfield (BISA3), cujas ações já caíram 49,71% em 2013, levando a companhia a ter o pior desempenho entre as construtoras em 2013.

Grupo EBX tem três dos cinco maiores micos
Das cinco companhias cujas ações – que pertencem ao Ibovespa – tiveram as maiores quedas de 2013, três fazem parte do Grupo EBX, holding de Eike que vem mostrando cada vez mais sinais de arrefecimento e deterioração.

Continua depois da publicidade

O empresário vê as ações de suas empresas derreterem desde o ano passado, pelo fato de ele não ter conseguido cumprir com suas metas e promessas de produção. A OGX, por exemplo, que lidera o ranking, já chegou a valer R$ 23,37 em seu preço máximo histórico de fechamento, e hoje custa apenas R$ 0,67, de acordo com o fechamento da última terça-feira (30).

A MMX vive tempos de incerteza, em relação a um pedido de financiamento no valor de R$ 3 bilhões, enquadrado pelo BNDES em dezembro do ano passado, mas que segue ainda sem uma decisão final do banco. De acordo com a Planner Corretora, a única saída para a empresa seria a sua venda pelo grupo EBX, que detém 59,3% dela, com o restante dividido entre a siderúrgica chinesa Wisco (10,5%) e a sul-coreana SK Networks (8,8%), e outros minoritários com 21,4%. Entre os interessados na compra estariam o fundo soberano de Abu Dhabi, Mubadala, a suíça Glencore Xtrata e a holandesa Trafigura, além de players nacionais, como Usiminas (USIM3 e USIM5), Gerdau (GGBR4) e ArcelorMittal.

A companhia suíça também estaria interessada na compra da LLX, o que, segundo o UBS, que cortou o preço-alvo da companhia de R$ 6,90 para R$ 1,70, seria a única solução para a empresa, que representa a quarta maior queda do índice.

Eletropaulo continua sendo penalizada por medidas do governo
A AES Eletroupaulo, companhia exclusivamente distribuidora de energia, foi muito penalizada pela MP 579, que renovou as concessões dos serviços das elétricas e reduziu as tarifas da conta de luz para os consumidores finais. No entanto, segundo a analista da Empiricus, Beatriz Nantes, a empresa já vinha sendo penalizada antes mesmo da medida, com o seguro de revisão tarifária, no começo de 2012. “Hoje ninguém recomenda a Eletropaulo”, afirmou.

Rafael Dias, analista da BB Investimentos, explicou que a revisão tarifária pela qual eles passaram foi bastante negativa, talvez a mais drástica redução de tarifas do terceiro ciclo de revisão, além de terem passado também por uma revisão da base de ativo, com coisas que tinham sido contabilizadas de maneira errada; ajustes no plano de pensão, que estão causando impacto forte nos balanços; impacto da necessidade de capital de giro; e maior custo de compra de combustíveis, também por estarem rateando a compra de combustíveis. “Ou seja, ela foi impactada de uma maneira relevante em quase tudo que aconteceu no setor e realmente o viés é negativo. Entre as distribuidoras é a pior, principalmente porque ela é exclusivamente distribuidora, então foi impactada por tudo isso. O viés é bem negativo”, concluiu.

As ações preferenciais da companhia já acumulam uma queda de 63,08% em 2013, até a última terça-feira (30), sendo assim a segunda maior queda do Ibovespa no ano, até então.

Resto de ano difícil para a Brookfield
A construtora é a quinta maior queda do índice em 2013, com desvalorização de 49,71%. De acordo com relatório do Bradesco BBI, Update and Earnings Preview Homebuilding, os resultados da companhia, referentes ao segundo trimestre de 2013, que devem sair no dia 14 de agosto, virão fracos novamente, uma vez que a empresa ainda está ajustando seu orçamento e seus processos internos. “Além disso, a empresa não fez nenhum ajuste relativo aos custos excedentes no primeiro trimestre do ano, portanto, isso irá acumular para o segundo trimestre, levando os resultados a fecharem no vermelho”, afirmou.

Apesar da queda anual expressiva, no mês de julho a Brookfield apresentou, até a última terça-feira (30), uma alta de quase 16%. Segundo o banco, isso ocorreu por conta da venda de parte da SPE para a BVEP, que forneceu um alívio no curto prazo, mas o que não significa que a tendência de alta irá se confirmar nos próximos meses, pois, ainda de acordo com o Bradesco, a visibilidade dos problemas da empresa é muito limitada.