Analistas listam 5 problemas que afastam o investidor da bolsa

Segundo analistas, falta educação financeira, maturidade do mercado e segurança na bolsa

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – A bolsa de valores brasileira segue com dificuldades e o Ibovespa (principal índice do mercado acionário brasileiro), representa isso com números que afastam cada vez mais os investidores. O benchmark, que começou o ano com 60.952 pontos, já registra uma queda de mais de 9% neste ano (até o fechamento da última sexta-feira – 17). 

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O economista-chefe da corretora Souza Barros, Clodoir Vieira, e o analista da Gradual Investimentos, Paulo Esteves, relacionaram 5 dos principais problemas que estão afastando os investidores da bolsa de valores.

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1 – Faltam 3 coisas: educação financeira, maturidade do mercado e segurança da bolsa
De acordo com Clodoir Vieira, esses três problemas, apesar de secundários, quando comparados com fatores externos e intervenções do governo, prejudicam muito o aumento de fluxo de pequenos investidores na bolsa. Entrar no mercado de renda variável sem um prévio conhecimento dele e com uma educação financeira intermediária é muito arriscado, principalmente quando isso é combinado com um mercado imaturo, como é o nosso brasileiro, e com uma bolsa que não oferece segurança alguma aos investidores, devido à sua volatilidade.

2 – Alto risco que não compensa a rentabilidade
O risco do mercado de renda variável é, naturalmente, maior que o de renda fixa. No entanto, esse alto risco é compensado por uma rentabilidade maior. Certo? Errado. Nos últimos anos, a rentabilidade da bolsa não anda compensando o alto risco oferecido. “A migração para o risco não é imediata, pois o investidor precisa se sentir seguro, mesmo sabendo que a chance de rentabilidade é maior. Agora, com a rentabilidade arriscada, esse tempo está demorando ainda mais, pois as condições macroeconômicas não são favoráveis e faltam reformas estruturais”, afirmou Paulo Esteves.

3- Interferências do governo (principalmente no setor elétrico)
De acordo com o analista, as interferências do governo trazem um cenário de incerteza, ainda maior para um mercado já conhecido por isso, afinal, o investidor do mercado de renda variável procura uma previsibilidade de retorno. Mas, sem saber qual será a próxima intromissão do governo, a aversão a risco, que já está alta, fica ainda maior.

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“O Ibovespa está caindo constante e o culpado disso é o governo com suas interferências na economia, na bolsa de valores, no setor elétrico. Foi exatamente o que acabou derrubando o índice. O setor elétrico foi o que mais derrubou a bolsa”, complementou o economista-chefe.

4 – Falta de crescimento macroeconômico mundial: dívida na Europa e abismo fiscal nos EUA
Clodoir acredita que o pequeno investidor pessoa física não vai se sentir atraído para a bolsa de valores por conta da falta de crescimento macroeconômico mundial. Apesar de os Estados Unidos terem melhorado um pouco, o resto do mundo está patinando, de acordo com ele. “Toda a zona do euro está passando por um momento bem difícil e isso acaba prejudicando a atitude do investidor. Os EUA podem ter seus problemas, mas eles acabam se ajeitando depois. Eu acredito que eles vão ter a solução para o problema fiscal. O problema mesmo é a Europa, pois lá cada um age de uma forma”, afirmou.

“Se cada país tivesse a sua economia, com um BC podendo atuar de forma independente, seria muito melhor, pois hoje eles não têm flexibilidade nenhuma, tudo tem que ser dentro do que o bloco quer. Quando você está dentro do bloco, não existem fronteiras, o que aumenta o déficit e o desemprego, então é uma situação bastante complicada. Eu não diria que a moeda única tem que acabar, mas alguma tem que ser feita pra melhorar a situação dos países menores”, finalizou.

5- Governo focado no consumo e crescimento de renda no lugar de investimentos e infraestrutura
Segundo Paulo Esteves, outro problema é que o governo privilegiou muito o crescimento da renda e do consumo. “O projeto econômico brasileiro está ancorado em cima do consumo e críticos dizem que isso está se esgotando. O Brasil precisa passar por um projeto de crescimento econômico voltado a investimentos e infraestrutura, porque isso vai atrair investidores para o mercado acionário. Só a poupança domestica não sustenta a bolsa, ela precisa do investimento estrangeiro. Tem muito investidor estrangeiro deixando de investir no Brasil e indo investir no México, por exemplo, que está com um cenário bem mais positivo do que o nosso”, explicou o analista.

Para onde fugir?
Com a renda fixa rendendo pouco, devido à Selic baixa, e a renda variável pouco atrativa, os investidores estão tendo que encontrar outras alternativas. Alguns encontraram.

“O mercado de fundos imobiliários está tendo um crescimento explosivo. Nessa fuga da renda fixa, o investidor encontrou um produto que não tem o risco do mercado acionário e uma liquidez boa, sem falar que é isento de IR. É uma alternativa à renda fixa, que já está com um valor de mercado de R$ 30 bilhões. Sem contar os fundos negociados na bolsa, que tem uma liquidez diária que ultrapassa R$ 40 milhões de cotas”, indicou Esteves.

Um dos principais benefícios dos fundos imobiliários é a isenção de Imposto de Renda no recebimento dos rendimentos mensais para pessoas físicas, que tenham menos de 10% da totalidade de cotas do fundo e exclusivamente para fundos imobiliários cujas cotas sejam negociadas em Bolsa de Valores e que tenham mais de 50 cotistas; Os custos inferiores às transações imobiliárias diretas, porque não envolvem taxas; Diversificação de carteira, que permitem a minimização de risco e a proteção do patrimônio; E a possibilidade de negociar as cotas na bolsa.