Médicos investidores ensinam estratégia com opções para quem tem pouco tempo

Com pouco tempo para analisar as próprias carteiras devido ao dia a dia corrido, eles começaram a utilizar a "venda coberta"

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – Você gosta do mercado acionário, acha interessante expor a sua carteira ao risco da bolsa em busca de um retorno melhor, mas tem pouco tempo para estudar o mercado e entender o cenário macroeconômico? Pois essa era exatamente a situação dos médicos especializados em neurocirurgia, Francinaldo Lobato Gomes e Francisco Vaz Guimarães Filho há alguns anos.

O dia a dia bastante corrido, comum na vida dos médicos, fez com que Gomes e Guimarães Filho, autores do livro “Bolsa de valores para médicos”, lançado no ano passado, fossem atrás de uma estratégia que não tomasse muito tempo de análise e garantisse um retorno interessante no longo prazo. A ideia foi usar a estratégia conhecida como “venda coberta”. “Consiste em comprar ações e vender opções sobre as ações compradas. Com o dinheiro obtido na venda de opção, você compra mais ações e vai aumentando a sua carteira”, ensina Gomes.

No livro, eles citam um exemplo para ficar mais claro. Digamos que você compre 1.000 ações da Vale por R$ 50 – totalizando R$ 50.000. Como a sua estratégia é permanecer com as ações durante bastante tempo, você pode remunerar esta carteira vendendo opções de compra desta ação. Você não quer ser exercido, portanto deve vender as chamadas opções OTM (out the Money, ou fora do dinheiro – com valor de exercício acima do preço da ação). Vamos supor que você venda 1.000 opções VALED52, ao preço de R$ 0,92 cada. Com isso, vai receber R$ 920 (sem considerar taxas e impostos), ou um lucro de 1,84% (R$ 920 de lucro sobre R$ 50 mil). Este dinheiro deve ficar em caixa para que você compre mais ações assim que juntar o suficiente para adquirir um novo lote.

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Caso o preço da ação suba e você seja exercido, venderá as ações por R$ 52 e terá agora um lucro de R$ 2,92 por ação (sem considerar taxas e impostos), equivalente a 5,84%. Se o preço da ação recuar, você terá se protegido de uma queda de até 1,84%. Se cair mais do que isso, você perderá menos do que aqueles que não venderam opções. “Maximize o ganho e minimize o prejuízo”, ressaltam os autores do livro.

Se você não for exercido no vencimento, deve repetir a operação na série seguinte. Se for exercido, pode recomprar as ações com o dinheiro da venda e fazer a mesma operação de novo. Segundo Gomes, esta é uma estratégia que pode ser aplicada facilmente, é relativamente segura e exige pouco tempo de monitoria do mercado. Ideal para profissionais que dispõe de pouco tempo por conta das atribuições do trabalho, como os médicos. “Obrigatoriamente, você só precisa olhar o mercado uma vez por mês, quando vence a opção”, diz o neurocirurgião e investidor.

Segundo os autores do livro, o ideal para esta estratégia funcione é que o investidor compre ações de empresas sólidas e lucrativas. Desta forma, além de ganhar com a venda das opções de compra, também se ganha com a valorização das ações e com a distribuição de dividendos. “Você aumenta sua segurança caso o preço da ação recue e eleva sua rentabilidade no longo prazo”, aponta Gomes.

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Outro ponto importante é que você deve escolher ações que possuam opções com boa liquidez, caso contrário, não conseguirá vendê-las para concluir a operação.

Importância do planejamento financeiro
De acordo com os autores, para que esta ou qualquer outra estratégia de investimento dê certo, é fundamental que haja um planejamento financeiro por trás. Por isso, eles ressaltam três pontos importantes que devem ser sempre levados em consideração. Em primeiro lugar, caso você tenha dívidas, deve quitar todas e evitar fazer novas. “Assim você evita pagar juros de dívidas, que são muito mais altos do que pode receber nas aplicações financeiras”, diz Gomes.

Outro ponto importante é fazer uso dos benefícios fiscais em produtos de investimentos oferecidos para pessoas físicas, como por exemplo o PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) – que permite a dedução de até 12% da renda tributável ao ano da base de cálculo do Imposto de Renda.

E por fim, eles ressaltam que as pessoas devem evitar comprar coisas que não precisam, com o dinheiro que elas não têm. “Primeiro tenha o dinheiro e depois faça as contas se vale ou não a pena comprar. Desta forma, você passa a trabalhar para o seu próprio enriquecimento e não mais para enriquecer o banco, ou empresas de cartões de crédito”, conclui Gomes.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip