Como despertar seu Warren Buffett interior

Assim como você faria em qualquer negócio, pesquise dados que vão além do preço das ações que deseja comprar

Gabriella D'Andréa

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SÃO PAULO – O megainvestidor Benjamin Graham costumava afirmar que o investimento mais inteligente é o mais profissional. Por mais simplista que a afirmação seja ela tem um significado muito importante. E para explicá-la, o colunista do site Market Watch, Soo Chuen Tan, nos dá uma situação hipotética: imagine que o dono de uma empresa ligue para você oferecendo-a por um valor abaixo do normal.

A primeira reação vai ser questionar o porquê dessa venda. Mais tarde, outras questões surgirão como saber o que a empresa faz, quais são seus produtos, quem são seus concorrentes, quanto ela tem de lucro em um ano etc. Você também pode querer saber como a companhia em questão se comporta em crises econômicas e momentos de grande turbuência.

Mas o que o colunista aponta como mais interessante é que muitos se esquecem de fazer perguntas a respeito do preço das ações, seu histórico, se possui liquidez ou não etc, pois o primeiro pensamento que viria à cabeça dessa pessoa seria se o negócio vale a pena e se vai trazer dinheiro. E caso a resposta fosse negativa, você negaria a proposta educadamente.

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Tais questões ilustram um conjunto de regras que devem ser seguidas por investidores que desejam apostar em um bom negócio e obter um bom retorno, assim como o mestre Buffett.

Confira algumas regras que podem auxiliá-lo a manter a disciplina ao aplicar:

1ª – Seja ganancioso quando outros estão com medo
Essa é uma das premissas básicas do magnata do mercado acionário, Warren Buffett, como ele prova em uma carta enviada aos funcionários de sua empresa, Berkshire Hathaway, em 1994.

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“Vamos continuar a ignorar as previsões políticas e econômicas, que são distrações muito caras para muitos investidores e homens de negócios”, escreveu Buffett. “Na verdade, geralmente temos feito nossas melhores compras quando apreensões sobre algum evento macro estão no pico. O medo é o inimigo do caprichoso, mas amigo do fundamentalista”.

E normalmente os investidores costumam agir mais pela emoção, quando realizam análises fundamentalistas. Portanto, Tan recomenda que o investidor leia atentamente o que estão dizendo sobre determinada empresa, pois a notícia pode não ser tão impactante como aparenta.

2ª – Tenha medo quando os outros estão sendo gananciosos
É difícil manter a disciplina e não se desesperar quando a taxa de juros mundial está batendo seu recorde mais baixo. E uma estratégia muito utilizada em momentos como este é a chamada Texas Hold’Em, em que os investidores se dispõe a pagar uma boa quantia por um papel, o que na maioria dos casos gera retornos mais elevados no curto prazo. Isso acontece porque a contínua impressão de dinheiro significa que valores mínimos continuam a ser levantadas para os investidores, o que os força a apostar mais.

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No entanto, investidores que mantém uma disciplina maior tendem a ter melhores retornos no longo prazo, pois eles aumentam sua margem de segurança, isso é, aquilo que segura suas ações contra eventuais perdas causadas por notícias negativas, imprevistos e erros analíticos. E sem essa margem, o investidor corre o risco de comprometer seu capital em cenários de incerteza.

3ª – Preço é o que você paga; valor é o que você ganha
O preço de uma ação só importa em duas situações: ou quando você é comprador, ou quando é vendedor do ativo. E o lado bom é que você pode escolher de que lado quer estar.

“O mercado tem preços atrativos para nos oferecer que nos deixa confortáveis antes de comprar e tem também bons preços que nos dá segurança antes de vender. Para o resto do tempo, podemos sentar e esperar”, sugere Tan.

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E para continuar movimentando seu portfólio não é necessário ter uma visão sobre o todo. Basta entrar na bolsa de valores e esperar para ver o que o mercado tem a lhe oferecer, com uma lista dos ativos que você deseja adquirir, ou tentar descobrir bons negócios que estão sendo oferecidos, sem tanta pressa.

4ª – Não perca dinheiro
Seria muito mais fácil ter sempre uma abordagem de investimento coerente, mas não é isso que acontece no mundo real. Se tivéssemos certeza absoluta de que uma ação vale U$ 100 esperaríamos para compra-la a U$ 60, por exemplo, ou ainda valores mais baixos, caso a ação caísse, exemplifica Tan.

Incertezas em relação ao futuro, limitações de informações relevantes e falhas em nossa capacidade analítica não permitem que cheguemos a conclusões tão simplistas como a que foi dada pelo colunista. Mas por mais que não consigamos ter certeza de nada, precisamos nos apegar a alguns “valores intrínsecos” para continuar acreditando no negócio/empresa em questão.

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E independentemente de quais sejam esses valores, é preciso tomar cuidado com sugestões de analistas que podem indicar uma ação sem nunca terem mexido nela. A melhor maneira de não perder dinheiro é não confiar em excesso e ficar sempre atento.