OGX tem 3 cenários após “calote” desta terça-feira; entenda a questão

Companhia tinha dinheiro para pagar os US$ 45 milhões em juros, mas optou por "deixar para lá"

Felipe Moreno

Publicidade

SÃO PAULO – A OGX Petróleo (OGXP3) tem um mês para pagar os juros não foram pagos nesta terça-feira (1), reestruturar as dívidas ou entrar em recuperação judicial. Essas três opções são as que estão na mesa no momento: todas elas são possíveis de acontecer até o dia 1 de novembro – dada em que o calote será declarado oficialmente, de acordo com a agência de classificação de risco Moody’s.

É válido destacar que a dívida de US$ 3,6 bilhões da OGX ainda está muito distante de vencer – são apenas os juros que preocupam nos próximos meses. No momento, ainda faltam cinco anos antes do pagamento do primeiro principal da dívida da OGX, já que US$ 2,5 bilhões vencerão em 2018. O restante, cerca de US$ 1,1 bilhão, vence apenas 2022. 

O caixa da companhia ainda não acabou, mas está prestes a terminar: o Fundo OGX 63 Multimercado, que gere o caixa da companhia que está no Brasil e tem disponibilidade imediata, só tem mais R$ 141 milhões – cerca de US$ 63 milhões. Essa quantia, porém, era suficiente para pagar os credores nesta terça, mas a companhia optou não fazê-lo – por acreditar que essa quantia será mais útil se empregada em outras áreas e pelo fato de que ainda terá 30 dias para fazê-lo sem sofrer consequências. 

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

O mercado parece estar apostando na recuperação judicial nesta terça-feira: as ações sobem 4,76% por volta das 15h20 (horário de Brasília), aos R$ 0,22, após chegarem a subir 19% na máxima do dia. Esse movimento pode ser explicado pelo receio dos investidores que estão vendidos em OGXP3 de que que as negociações com as ações sejam bloqueadas caso ela entre em recuperação judicial, o que impediria-os de embolsar os lucros acumulados durante a queda. De acordo com a coluna Radar On-line, de Lauro Jardim, na Revista Veja, a empresa deve pedir recuperação judicial em duas semanas, junto com a OSX Brasil (OSXB3). 

Cenário 1: recuperação judicial
Entrar em recuperação judicial é possivelmente o destino mais provável para a companhia de Eike Batista. Isso lhe permitiria mais tempo para pagar dívidas, mas seria extremamente prejudicial para a companhia: ela pode perder todas as suas concessões e sair do Ibovespa, jogando uma enorme quantidade de ações no mercado. Artur Lopes, da Artur Lopes & Associados, destaca que entrar em uma recuperação judicial significa acionar um arsenal de medidas, que fora desse âmbito, seria muito mais difícil. “É necessário, muitas vezes, a intervenção do judiciário para conseguir utilizar dessas medidas”, avisa.

Para ele, a empresa precisa ser bastante pragmática – o que importa é garantir a própria sobrevivência. A saída do Ibovespa não o incomoda: se a RJ for necessária para garantir que a empresa dê a volta por cima, a queda no preço das ações não é um problema, caso a empresa consiga se tornar lucrativa no futuro. “O que vale nesse momento é a lei de Maquiavel. Essas medidas duras são drásticas, mas tem que se olhar a sobrevivência”, diz. 

Continua depois da publicidade

Cenário 2: reestruturação de dívida
Outro cenário possível é a reestruturação de dívida, cujo processo já dura alguns meses. O não pagamento de juro da dívida pode “pressionar” os credores a aceitarem o modelo de reestruturação proposto por Eike: a conversão de dívida em ações da companhia, o que lhes dariam o controle da OGX.

Os credores, porém, querem que Eike honre com a put de US$ 1 bilhão, que a diretoria exerceu e o megaempresário contestou em câmara arbitral. Se essa put fosse honrada, a OGX receberia um grande alívio de caixa que lhe permitiria funcionar normalmente nos próximos meses – permitindo que a produção comece no campo de Tubarão Martelo. 

Cenário 3: pagar os juros, sem reestruturação de dívida
O terceiro cenário para a OGX é o pagamento de dívidas nos próximos 30 dias, sem a reestruturação de dívida. Com o caixa da companhia cada vez menor, a necessidade de uma fonte adicional de capital – já que há outras obrigações, como pagamento de funcionários e insumos.

Se o dinheiro não vier do bolso de Eike, o que é improvável, virá de outras fontes: a empresa contesta a decisão da Petronas de postergar o pagamento de US$ 250 milhões referentes à venda de 40% de dois blocos exploratórios – mas alerta que faz tudo “para preservar o bom relacionamento” entre as empresas. 

Além disso, o mercado especula que a área da companhia em Parnaíba, que já produz gás natural seja vendida: o BTG estaria interessado no ativo, e poderia comprar cerca de 30% do campo, a um valor ainda não estipulado. Já a Eneva (MPXE3), sócia no campo de Gavião Real, também estaria interessada nessa aquisição – afirmando que é uma interessada “natural” nesses ativos. Essa venda daria um gás extra para que a companhia pagasse os juros, alongando o processo de reestruturação de dívida.