A explicação do Credit Suisse para a queda de 40% da OGX na sexta-feira

Confira a hipótese do banco de investimentos sobre queda dos ativos e destaca forte volatilidade do índice nos próximos dias

Lara Rizério

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SÃO PAULO – As ações da OGX Petróleo (OGXP3) foram destaque nos últimos dias no noticiário por sua forte volatilidade, que ganhou ainda mais impulso em meio à deflagração da crise do grupo EBX, de Eike Batista. 

Mesmo com a forte volatilidade, o desempenho das ações OGXP3 na última sexta-feira (30), surpreendeu o mercado, uma vez que os papéis despencaram 40% e atingiram a sua mínima histórica, de R$ 0,30, no fechamento. Após operar boa parte do pregão entre R$ 0,49 e R$ 0,53. 

De forma a tentar “desvendar” o que aconteceu por trás deste movimento tão brusco para os papéis, o Credit Suisse elaborou uma explicação para o movimento dos papéis. O banco destaca que, de repente, havia menos compradores e mais vendedores no mercado do que o esperado pelo próprio Credit no leilão de fechamento, momento em que os papéis derreteram.

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A equipe do banco de investimentos destaca a mudança nas composições, tanto do Ibovespa quanto do MSCI, que entraram em vigor nesta segunda-feira (2): a OGX seguiu no Ibovespa – e com mais do que o dobro de participação, passando de 1,5% para 4,3% – na carteira teórica válida até o final do ano, enquanto saiu do índice do MSCI devido ao baixo valor de mercado.

Os fundos que seguem o Ibovespa, destaca o Credit, buscaram reequilibrar a composição da OGX no índice de acordo com o preço dos ativos e não com relação à sua quantidade. Enquanto isso, os fundos atrelados ao MSCI já estavam cientes do número exato de ações que tinham para vender no call de fechamento.

Neste cenário, os detentores dos papéis sabiam que, para manter o equilíbrio com o índice Bovespa, teriam que aumentar a sua posição compradas em cerca de 3% da posição – que representa o aumento da participação da OGX no índice. Enquanto isso, acreditava-se que Eike Batista seguia realizando vendas antes do leilão, conforme destacado pelo InfoMoney nas últimas sessões. O mercado estava atento com uma eventual venda no dia do reequilíbrio, compensando ainda o ingresso dos compradores. 

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Poucos dias antes, Eike anunciou ter vendido 49,8 milhões de ações OGXP3; na última sessão, os maiores vendedores foram os clientes do Credit Suisse que venderam 51 milhões de ações a mais que comprou, enquanto o JP Morgan teve saldo negativo de 36 milhões. Morgan Stanley e Merril Lynch, cada um, venderam cerca de 15 milhões de ações, de acordo com informações retiradas do ProfitChart. 

Neste sentido, pode-se destacar que os mesmos corretores que eram basicamente vendedores nas últimas quarta e quinta-feira mantiveram-se como vendedores na sessão seguinte, indicando que o mesmo vendedor final seguiu ativo na última sessão da semana passada. 

O que aconteceu com as ações da OGX?
Com estes dados em mãos, o que o Credit acredita que ocorreu com os papéis OGXP3? O banco de investimentos, tomando como base as informações públicas, acredita que os fundos que seguem o Ibovespa precisaram esperar até o último minuto para readequarem as suas carteiras. Contudo, a ação foi negociada durante quase todo o dia entre R$ 0,49 e R$ 0,53 – provavelmente, apontam, a ordem de compra foi casada com a de venda das corretoras nos últimos minutos antes do leilão.

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Conforme estudo feito por Lucas Mello, analista do Credit Suisse, para que os fundos passivos acompanhassem o rebalanceamento da OGX ao preço de R$ 0,50, seria necessária a compra de pelo menos 350 milhões de papéis. Mas, em R$ 0,30, seria necessário aumentar o tamanho da posição para 600 milhões de ativos. Contudo, eles fazem uma ressalva: a R$ 0,30 por ação e queda de 40%, pode-se dizer com uma certa convicção de que os compradores não foram somente os fundos passivos e que seguem o índice, com outros fundos buscando rebalancear a sua carteira e cobrir posições vendidas ou abrir posições compradas.

Desta forma, podemos imaginar que alguns fundos passivos não tiveram tempo suficiente para recalcular o novo tamanho da entrada e se tornou ‘underweight’ na ação por causa do inesperado preço de fechamento? É uma possibilidade real. 

Enquanto isso, quem precisava vender os papéis demonstravam pouca preocupação com o preço da ação. Isso ocorre pelo fato de que para se reajustar no MSCI, estes fundos só tinham a obrigação de vender a quantidade exata das ações que precisavam. 

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E quais seriam as possíveis implicações?
As possíveis implicações para os fundos que, de alguma forma investem em OGX, é de que eles podem se tornar ‘equalweight’ nesta segunda-feira, impulsionando assim os papéis, como o que pode ser visto nesta sessão. Após abrir com ganhos de 43,33%, a R$ 0,43, os papéis diminuíram as altas nesta segunda-feira, mas seguem em forte alta de mais de 20%. Às 12h51 (horário de Brasília), os ativos registravam ganhos de 26,67%, a R$ 0,38. 

O banco destaca ainda que, quem não teve tempo suficiente para calcular e comprar a quantidade dos papéis, tentou se proteger através da compra do contrato futuro sobre os índices. Além disso, o banco suíço acredita que vão haver ações disponíveis para serem alugadas na próxima quarta-feira, a taxas razoáveis. As expectativas são de que a volatilidade do Ibovespa aumentará bastante, termina o Credit Suisse. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.