Prejuízo da OGX não abala confiança e analistas mostram otimismo

Próximo ano será decisivo para a companhia; analista cita certificação de reservas como o catalisador para as ações

Fernando Ladeira

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SÃO PAULO – No primeiro trimestre em que a OGX Petróleo (OGXP3) anunciou receitas, isto é, quando enfim deixou de ser uma empresa pré-operacional, o prejuízo líquido dela saltou para R$ 343,6 milhões, contra os R$ 25,98 milhões do mesmo período do anterior. Entretanto, esse fato não surpreendeu os analistas, que veem os próximos meses como marcantes para o futuro da petrolífera de Eike Batista.

O resultado negativo foi bem superior às perdas de R$ 119 milhões que a equipe de análise do BTG Pactual projetava, mas esse número foi influenciado, em grande parte, por conta de poços secos ou subcomerciais, que surpreenderam com um valor de R$ 294,7 milhões. Mesmo excluindo esses custos, os analistas alertam que a companhia teria frustrado as expectativas no campo operacional.

“Apesar da pintura ruim, nós gostamos do que vimos”, escreveram em relatório os analistas do BTG Pactual. Eles fazem referência à desaceleração da queima de caixa no trimestre, a qual caiu para R$ 478 milhões, contra a média de R$ 657 milhões por trimestre na primeira metade do ano, assim como os custos em uma base diária vieram em linha com as projeções.

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Além do mais, detalhamentos da próxima entrega da petrolífera mostram que a baixa rentabilidade desse trimestre ocorreu em função de alguns contratempos na produção, complementam.

Sem sinais de enfraquecimento
A equipe do BTG lembra que é preciso ter um quadro mais claro sobre os ativos da companhia, já que mais de US$ 4 bilhões já foi gasto desde dezembro de 2010 e ainda não se sabe o que foi encontrado.

“Mas essas são incertezas conhecidas e, em nossa visão, os pontos que os investidores deviam estar olhando nos resultados por sinais de fraqueza, que podiam mudar nossa visão sobre a ação, simplesmente não estavam lá”, escrevem.

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O mercado também recebeu bem os números. Depois de abrir em forte queda na sexta-feira (9), os papéis mostraram recuperação por volta das 12h30 (horário de Brasília), quando iniciam as negociações nos EUA e os estrangeiros entram com mais força no mercado brasileiro, para então fechar em alta de 1,68%, aos R$ 4,85. No mesmo dia, o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa, fechou em queda de 0,29%.

OGX entra em fase decisiva
A equipe do BB Investimentos disse que os números vieram conforme as expectativas, mesmo opinião dos analistas do Bradesco, que iniciaram o relatório sobre a empresa dizendo não ter visto nenhuma surpresa. Eles destacam que o terceiro poço produtor será conectado em Tubarão Azul no início de dezembro, enquanto a produção de gás no campo de Gavião Real também começará até o fim deste ano, sendo a produção comercial no início de 2013.

Nesse sentido, os analistas do Bank of America Merrill Lynch alertam que os próximos 12 meses serão essenciais para definir o potencial de longo prazo da OGX Petróleo.

Quais são os principais drivers da OGX?
Os eventos indicados como definidores pela equipe da instituição norte-americana incluem a performance dos poços em Tubarão Azul, progresso em Tubarão Martelo e outras áreas, bem como a exploração e avaliação dos blocos operadors pela Perenco na Bacia de Campos e na de Espírito Santo.

Já os analistas do BTG Pactual acreditam que o próximo catalisador está na certificação das reservas. “Nós continuamos a acreditar que a próxima avaliação independente da OGX provavelmente aumentará sua base de recursos significativamente e que a ação reagirá muito bem a isso.” 

No curto prazo, eles sugerem que os investidores acompanhem a produção do terceiro poço em Tubarão Azul, uma vez que se a produção superar as expectativas ela poderá ser importante para movimentar as ações.

A equipe do BofA Merrill Lynch completa, ao concluir que movimentos nos próximos 12 meses para garantir o financiamento de longo prazo podem reduzir as incertezas e dar mais visibilidade sobre o valuation para os acionistas.

Como esse financiamento pode ser alcançado com uma diluição limitada para os acionistas, isso pode ser positivo para as ações, dizem.

Revisões de projeções à vista
Por enquanto, as avaliações dos analistas sobre as ações variam da cautela ao otimismo, mas o tom positivo parece predominar entre os analistas. A equipe do BofA Merrill Lynch mantém a recomendação de underperform, isso é, com desempenho abaixo da média, ao passo que a do Banco do Brasil está com o preço-alvo em revisão, apesar de revelar a expectativa de que a petrolífera firme novos contratos para a venda de grandes volumes de óleo e gás, para se tornar lucrativa.

Bradesco e BTG Pactual possuem recomendações positivas para as ações, embora este último tenha anunciado que em breve irá revisar as projeções da OGX para ajustar o modelo aos novos formatos que a companhia adotou com o início de suas operações.