“Advogada ciborgue” tem implante eletrônico no coração: “com sorte, todos seremos cibernéticos”

Karen Sandler acredita que a internet das coisas e os dispositivos médicos devem ser baseados em software livre

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Karen Sandler tem “literalmente um coração grande”. Muito nova, ela precisou implantar um desfibrilador em seu coração para evitar que situações de estresse ou esforços físicos resultassem em uma fatalidade. Isso faz dela, conforme a definição “organismo dotado de partes orgânicas e cibernéticas”, uma ciborgue. 

Advogada e diretora executiva da Conservancy, Karen vê como “muita sorte” o fato de ter em seu corpo essa tecnologia e acredita que a tendência é que “com sorte, todos nós sejamos ciborgues” em breve, resolvendo pequenos problemas de saúde através de dispositivos semelhantes. Mas um episódio a fez entender recentemente que dispositivos eletrônicos não são perfeitos.

“Estava grávida no ano passado e, como acontece com muitas mulheres grávidas, o meu coração aumentou. Isso é realmente muito comum”, explicou, em palestra na décima edição da Campus Party Brasil. O problema é que, embora normal, seu desfibrilador não estava preparado para isso. “Meu aparelho me deu dois choques por causa de um aumento que é normal entre mulheres grávidas. Médicos tiveram que fazer meu coração bater mais devagar artificialmente para que meu aparelho não me matasse”, continuou.

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Embora afirme não gostar de contar ao mundo que passou por isso, Karen usa o exemplo próprio para advogar pela causa do software livre, com códigos abertos.

Essa expressão designa qualquer programa de computador cujos códigos possam ser executados, copiados e modificados livremente: qualquer usuário tem acesso ao código fonte e pode alterá-lo conforme sintam necessidade. Essa definição é diferente da de “código aberto”, cujos defensores eventualmente preveem restrições de acesso e focam em interesses corporativos e comerciais.

“Todos nós somos únicos e nem sempre as máquinas estão programadas para lidar com o comportamento de cada um”, alertou Karen.

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Dispositivos médicos cujas fabricantes quebrem, por exemplo, nunca mais poderão ter suas falhas corrigidas caso os códigos não sejam abertos a modificações. “Mesmo que a companhia esteja aberta, se ela não disponibiliza a abertura do seu software, será preciso que se convença de que há um problema e aguarde até que seja resolvido”, continua, “isso pode ser fatal”.

Em sua fala, Karen defendeu que usuários, médicos e investidores optem por companhias que apoiem a liberdade de software. “Um software não é perfeito, eles são vulneráveis. Mas quando há abertura, a vulnerabilidade é mais facilmente descoberta e corrigida”, concluiu.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney