Gastando “nada” em marketing, Nubank é referência em estudo mundial da Interbrand

Boa parte do que você vê no nosso site do Nubank "fui eu que escrevi, euzinha", conta Cristina Junqueira, cofundadora da fintech

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – O Nubank acaba de sair no estudo global de marketing “Breakthrough Brands”, realizado pela Interbrand, junto com outras 2 marcas brasileiras: a Do Bem, de alimentos saudáveis, e a Sensorbox, de sistema de monitoramento de dados.

A proposta da pesquisa, segundo sua descrição, é apresentar uma “nova geração de marcas que estão reformulando o mercado” e representam fortemente a característica de crescimento. No total, 60 empresas aparecem no estudo, feito em parceria com o Facebook, a Ready Set Rocket e a Bolsa de Nova York.

Segundo Cristina Junqueira, cofundadora e vice-presidente de Branding e Business Development da empresa de cartões de crédito, o reconhecimento veio mesmo gastando “praticamente nada em marketing” desde a criação da companhia. “A gente fala ‘quase nada’ para ninguém questionar, mas é realmente praticamente nada”. 

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“Quando a gente criou o Nubank, escolheu o nome, a identidade, a gente estava com o primeiro dinheirinho, economizando cada centavo. Colocamos dinheiro próprio no negócio e realmente não tínhamos como investir nisso”, conta, em entrevista ao InfoMoney.

Segundo a executiva, mesmo o trabalho inicial de desenhar a marca em si, que contou com auxílio de uma empresa especializada em criação de branding, foi realizado por um preço irrisório. “A gente gosta muito mesmo da nossa marca, mas nunca tivemos muito dinheiro para desenvolver mais. O nosso site, que você pode acessar hoje, nós desenvolvemos em três semanas em casa. Fui eu, dois designers e dois desenvolvedores de web. Praticamente todo o texto que você lê lá fui eu que escrevi, euzinha”, relembra.

O crescimento do Nubank é mesmo impressionante. Em dois anos, 3 milhões e meio de pessoas já fizeram o pedido do “roxinho” e atualmente há 400 mil pessoas na fila de espera. Na página do Facebook, a empresa já contabiliza cerca de 260.800 curtidas, todas orgânicas, de acordo com a VP.

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Com linguagem jovem, a empresa responde todas as dúvidas dos usuários nas páginas das redes sociais e foca os seus esforços em manter o conteúdo dinâmico. Dessa forma, conta com ajuda na divulgação feita pelos próprios clientes, que criam um engajamento forte. “Criamos recentemente uma página no YouTube, mas mesmo antes disso, se você digitava Nubank na busca, tinha páginas e mais páginas de conteúdo, todos feitos por clientes”, comemora Cristina.

Questionada sobre o engajamento de um público mais velho, ela é categórica: “se você tenta agradar a todos, você pode até não ser odiado, mas não vai ser amado por ninguém. É preciso fazer escolhas: quando alguém não gosta da nossa linguagem, às vezes é melhor procurar outra empresa que ofereça o que essa pessoa está procurando”. Hoje, 80% dos clientes Nubank têm menos de 36 anos.

E o dinheiro?

O Nubank não tem a menor intenção de ir para a mídia de massa off-line agora, e isso não tem a ver com economia de dinheiro.

Segundo Cristina, a demanda que viria através de uma propaganda na televisão, por exemplo, poderia “quebrar a empresa por excesso de sucesso”, e há um controle de crescimento justamente para isso não acontecer. “Se eu faço um trem desse eu vou ter 5 milhões de pedidos de cartões em uma semana, não tenho como atender isso. A gente precisa ir realmente controlando [esse alcance]”, explica. O investimento em marketing, segundo ela, está sim nos planos, “mas para o on-line mesmo”.

Ao mesmo tempo, a empresa acredita que o atendimento é sua maior estratégia publicitária. A equipe do Nubank saltou de 30 para 300 pessoas em um ano, focando em boa parte no relacionamento com os clientes. “Investimos muito mesmo na nossa equipe e no treinamento deles. Todas as pessoas são superqualificadas, estcom boa formação, todos falam inglês”, comenta Cristina. “A gente acredita muito que um bom atendimento é o melhor marketing possível, e por isso nos preocupamos muito com os detalhes”, conclui.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney