As 7 propagandas brasileiras mais polêmicas de 2015; tem até Petrobras

De “machismo reverso” a propagandas enganosas, relembre os casos mais marcantes da publicidade brasileira neste ano

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Lembra da polêmica que envolveu a propaganda d’O Boticário que mostrava casais homossexuais e chegou a ser levada ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária)? E das reclamações sobre o comercial da Bombril comparando homens e mulheres que supostamente continha “deboche da figura masculina”?

Esses foram dois dos mais de 140 casos julgados pelo Conar só até agosto de 2015 (os dados dos meses seguintes ainda não estão listados no site do conselho), muitos dos quais geraram também barulho nas redes sociais e nos veículos de comunicação. Alguns tiveram sua veiculação vetada, outros continuaram a ser exibidos.

O InfoMoney listou alguns dos casos mais célebres deste ano. Confira:

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1. Campanha de Dia dos Namorados – O Boticário

Em junho, a campanha de Dia Dos Namorados da marca de cosméticos O Boticário gerou discussões na internet e entre consumidores até o ponto de ser aberto um processo no Conar.

A campanha mostrava casais, tanto heterossexuais como homossexuais, comemorando a data e trocando presentes, o que gerou milhares de comentários na página, tanto de teor homofóbico quanto em apoio à iniciativa, que visava dar espaço à diversidade. O processo, que acabou arquivado, vinha com reclamações que alegavam “desrespeito à sociedade e à família”.

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2. “Esqueci o não em casa” – Skol

No carnaval deste ano, a Skol revoltou consumidores, principalmente do sexo feminino, com uma campanha que incluía, em um outdoor, a frase “deixei o não em casa”.

Para muitas pessoas, a frase incitava abusos sexuais, que já são extremamente comuns, principalmente nesta época do ano. No dia da veiculação, as peças foram alteradas pelas jovens Pri Ferrari e Mila Alves, que adicionaram os dizeres “e trouxe o nunca”, fotografaram o seu protesto e veicularam na internet (veja foto abaixo). A mesma campanha também incluía a mensagem “topo antes de saber a pergunta”, que gera a mesma discussão.

A própria marca resolveu se redimir: a Skol retirou os cartazes, mudou o teor das frases e afirmou que “repudia qualquer forma de violência”. Quando chegou ao Conar, depois das mudanças realizadas, o caso acabou arquivado em abril.

3. “Sair do mar” – Itaipava

Por falar em cerveja, produto responsável por diversas polêmicas no mundo publicitário, em abril o Conar decidiu suspender uma propaganda da Itaipava, veiculada na internet desde janeiro, por “apelo sexual excessivo”. A decisão foi que o vídeo só fosse permitido para maiores de 18 anos.

Na peça publicitária, que foi denunciada por consumidores, um homem aparece “empolgado demais” ao ver uma mulher no mar, e ensina uma “técnica de conchina” para reverter a situação.

A mesma marca também gerou revolta entre consumidores neste ano por conta da personagem “Verão”, de outra propaganda. Este vídeo também chegou a ser suspenso por decisão do órgão, por machismo e excesso de sensualidade.

4. “Comparação” – Bombril

Este comercial da Bombril foi levado ao Conar em agosto deste ano por grupos de homens que afirmaram haver “discriminação de gênero” e “deboche da figura masculina”. O vídeo mostra mulheres famosas dizendo, entre outras coisas, que “toda mulher é uma diva e todo homem é devagar”.

Entre argumentações de que, na verdade, o vídeo acaba por reproduzir mais machismos ao afirmar que “todas as mulheres” devem possuir características específicas, a veiculação da propaganda continuou, e o órgão arquivou o caso em setembro.

5. “Superação” – Petrobras

Em março deste ano, o Conar decidiu alterar uma peça publicitária da Petrobras chamada “superação”, por conta de um ofício enviado ao Conar pelo deputado federal José Carlos Aleluia. A alegação era de que as comparações feitas no texto da propaganda eram irregulares: o vídeo mencionava diferenças entre a situação atual da companhia, aludindo principalmente à Operação Lava Jato, aos desafios enfrentados ao longo da história.

A estatal disse que o filme foi concebido “com o objetivo estratégico de resgatar vínculos de estima e confiança da sociedade brasileira” e negou a intenção de falar sobre a investigação de corrupção, mas os argumentos não convenceram o órgão.

O relator do caso, segundo o site do Conar, “sugeriu a alteração, de forma que seja demonstrado ao consumidor que os desafios atuais são equivalentes aos mencionados na parte inicial do filme”.

6. ”Ode à comida” – Sadia

Em agosto, a marca Vigor acusou a Sadia de plágio, na campanha “Ode à comida”. De acordo com a marca de manteiga, o vídeo, que mostrava alimentos sendo preparados de maneira “mágica”, era “parecido demais” com o anúncio da manteiga dinamarquesa Lupark, lançado alguns dias antes – mas que já era veiculada internacionalmente muito antes.

A decisão, tomada no dia 15 de outubro, foi de obrigar a Sadia a retirar sua propaganda do ar imediatamente.

Veja a propaganda da Lupark:

7. “Whatsapp ilimitado” – TIM

Denunciada pela concorrente Vivo, a campanha da TIM que anunciava uso “ilimitado” do aplicativo de mensagens Whatsapp, o que poderia fazer com que consumidores se enganassem acreditando que a contratação de um pacote de dados não seria necessária.

De acordo com o texto no site do Conar, “a Vivo protestou ainda contra aplicativo disponível no site da TIM, que se propõe a auxiliar o consumidor a identificar o melhor plano de telefonia às suas necessidades. Alegou a denunciante que seja qual forem as opções dos consumidores ao quiz proposto pelo aplicativo, as respostas sempre indicam um plano da TIM como solução, usando inclusive informações falsas”. A decisão foi de alteração da peça.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney