Conteúdo editorial apoiado por

Com cenário global incerto, fundos da AL têm pior captação em quase dois anos

Fundos de ações brasileiros registram fluxo negativo de US$ 250 milhões na semana terminada em 12 de maio, diz EPFR Global

Julia Ramos M. Leite

Publicidade

SÃO PAULO – Os temores acerca da crise fiscal europeia fizeram com que os investidores retirassem suas aplicações de ativos com maior risco na segunda semana de maio, pressionando os fundos emergentes.

De acordo com a EPFR Global, consultoria que acompanha o mercado global de fundos, os fundos de ações de mercados emergentes tiveram saídas de capital de US$ 2,1 bilhões na semana. “Entre os quatro principais grupos de fundos de ações de emergentes, somente os fundos dos GEM (Global Emerging Markets) absorveram capital nessa semana”, afirma a consultoria.

Os fundos de ações latino-americanos, por exemplo, registraram o maior fluxo negativo em 85 semanas – os fundos de ações brasileiros viram saídas de capital de quase US$ 250 milhões no período. Os fundos dos EMEAs (Oriente Médio, Leste Europeu, África) tiveram saídas de US$ 350 milhões. Já os fundos de ações da Ásia (exceto Japão) tiveram sua pior semana em mais de um ano.

Newsletter

Segura Essa

Cadastre-se e receba semanalmente as principais notícias que você não pode deixar de saber sobre o universo dos seguros de um jeito rápido e fácil

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Na China, o aperto monetário também prejudicou o desempenho dos fundos de ações no país, que tiveram sua segunda semana consecutiva de fluxo negativo, levando o acumulado do ano para o campo negativo. Os fundos de ações indianos, por sua vez, reportaram a maior saída de capital desde o terceiro trimestre de 2008, enquanto os fundos russos viram seu rali de 12 semanas chegar ao fim. Os fundos dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) tiveram sua pior semana desde outubro de 2008.

“Os fluxos diários dos fundos mostram que houve certa melhora durante a semana, à medida que os investidores digeriam o pacote de ajuda à Zona do Euro”, ressalta a consultoria.

Mercados desenvolvidos
Entre os cinco principais grupos de fundos de mercados desenvolvidos, dois deles registraram fortes fluxos positivos – entretanto, as aplicações foram, em sua maioria, direcionadas para os ETFs (Exchange Traded Funds, ou fundos de índice), indicando que os investidores querem manter suas opções abertas, escolhendo posições vendidas.

Os fundos de ações europeus, por exemplo, tiveram sua melhor semana em termos de captação desde que a EPFR começou a monitorá-los, com entradas de capital de US$ 4,7 bilhões. O resultado, contudo, foi fortemente impulsionado pelo “enorme fluxo” dos ETFs alemães, que ofuscaram as saídas de capital dos fundos regionais europeus. “Pode ser uma fuga em busca de qualidade na Zona do Euro”, afirmou Cameron Brandt, analista sênior da EPFR. “Mas fluxos anteriores para esses ETFs mostram uma tendência de serem posições de curto prazo que se revertem em poucas semanas”, completou.

O cenário foi semelhante nos fundos de ações norte-americanos. De acordo com a consultoria, dois ETFs (o SPDR S&P 500 ETF Trust e o iShares Russell 2000 Index Fund) absorveram US$ 14 bilhões. Com esse desempenho, a captação acumulada no ano dos fundos de ações norte-americanos é positiva pela primeira vez desde janeiro de 2009. Vale mencionar que, se excluídos os ETFs, os fundos de ações dos EUA teriam registrado fluxo negativo de US$ 3,3 bilhões na semana.

Por outro lado, os investidores retiraram US$ 100 milhões dos fundos de ações japoneses. Da mesma forma, os fundos globais de ações registraram saídas de capital de mais de US$ 2 bilhões.

Money Market
Além dos fundos de commodities, outro destaque positivo da semana foi o grupo de fundos money market, considerados mais seguros e com baixo yield.

Com captação de US$ 23,5 bilhões, esses fundos tiveram sua primeira semana de fluxo positivo desde a primeira semana do ano – em 2010, os fundos acumulam saídas de capital de US$ 388,5 bilhões.

Commodities seguem em alta
Repetindo o resultado da semana anterior, os fundos de commodities foram o destaque entre os fundos setoriais, com captação de US$ 3,1 bilhões – que levaram o acumulado anual para acima de US$ 5 bilhões. “Foi a 8ª semana de fluxo positivo, para um grupo de fundos que começou o ano com 8 semanas de fluxo negativo”, frisa a consultoria.

Entre os fundos setoriais, apenas dois outros registraram fluxo positivo: bens de consumo e financeiro, ambos com captação de mais de US$ 260 milhões. “No caso de bens de consumo, dados de um dos grandes gestores de ETFs mostram que o percentual de posição vendida em ações foi de 40% até 300%”, destaca a EPFR.

Os fundos de tecnologia tiveram seu pior desempenho em 15 semanas, enquanto os fundos setoriais de petróleo e gás registraram o pior fluxo desde dezembro, levando em conta os maiores custos operacionais decorrentes do derramamento de óleo no Golfo do México. Os fundos imobiliários, de saúde, energia e telecomunicações também encerraram a semana com fluxo negativo.

Renda Fixa
“Os fluxos para os fundos de bonds acompanhados pela EPFR finalmente começaram a refletir o crescente sentimento de aversão ao risco”, afirmou a consultoria. Os fundos de bonds tiveram sua primeira semana de fluxo negativo desde março de 2009, com saídas de capital de US$ 1,03 bilhão.

Os investidores retiraram mais de US$ 2 bilhões dos fundos de alto yield na semana terminada em 12 de maio. Da mesma, os fundos de bonds globais encerraram a semana registrando saídas de capital pela primeira vez desde abril de 2009.

Apesar do fluxo positivo, os fundos de bonds de mercados emergentes também tiveram um resultado ruim no período, com captação de apenas US$ 22 milhões na semana. Já os fundos de bonds norte-americanos foram os únicos a registrar fluxo positivo significativo como um grupo, com destaque para os fundos de dívida de curto prazo.