Caminhoneiro em greve diz que protesto continua pelo menos até quarta-feira

Ao UOL, uma liderança classificou como "ofensa" o corte de 46 centavos no preço do diesel

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – O avanço anunciado por Michel Temer e alguns líderes dos caminhoneiros não é contemplado por todos os grevistas. De acordo com o UOL, líderes mobilizados na Régis Bittencourt no sentido Curitiba falam em manter a greve pelo menos até quarta-feira (30) e classificam como “ofensa” o corte de 46 centavos no preço do diesel. 

Parados na rodovia desde a terça-feira da semana passada, caminhoneiros deste trecho estimam que há mais de 7.500 veículos estacionados. Lá, apoiadores oferecem água, comida e emprestam até banheiro químico para manter o movimento. 

Outras lideranças

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No início da manhã desta segunda-feira, José da Fonseca Lopes, uma das principais lideranças do movimento dos caminhoneiros e presidente da Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros) que considera o assunto “resolvido”. Seu pronunciamento seguiu as 5 medidas anunciadas no domingo pelo presidente Michel Temer e publicadas em edição extra do Diário Oficial. 

“Eu acho que o assunto está definido. O caminhoneiro está antenado, ele também quer sair desse movimento agora, porque já faz sete ou oito dias”, disse ele à Folha de São Paulo. “O caminhoneiro agora só tem que agradecer isso aí, no bom sentido, e continuar a vida dele”, prosseguiu. 

A opinião da Abcam é relevante. Vale lembrar que Lopes foi o único líder que se recusou a assinar a primeira versão do acordo com o governo, apresentado na quinta-feira (24).

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Outras lideranças também se pronunciaram. Em conversa com o G1, o presidente da União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam), José Araújo Silva, o China, disse que muitos caminhoneiros não sabem o que está acontecendo, e mantêm a paralisação por “falta de comunicação”. 

Especificamente em São Paulo, a Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas em Geral do Estado de São Paulo (Fetrabens) se reunirá com o governador de São Paulo às 17h para ver se “antecipa o término da greve”. A Federação já concordou com os termos propostos pelo governo, mas os grevistas se recusam a retomar a rotina normal. 

A CNT (Confederação Nacional do Transporte) considera que “os caminhoneiros foram muito bem atendidos”. Em nota, disse que “o bloqueio de caminhões de propriedade das transportadoras é ilegal e pede força policial para que os veículos das empresas voltem a circular normalmente”. 
 

Já a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) não trata a paralisação como encerrada. 

Medidas de Temer

Confira as 5 medidas anunciadas pelo presidente: 

1) Preço do diesel terá redução de R$ 0,46/litro, o que corresponde à soma do PIS/Cofins com a Cide. “Quero que toda a população e os caminhoneiros saibam que para chegar neste valor, o governo está assumindo sacrifícios no orçamento e naturalmente honrará esse custo sem nenhum prejuízo para a Petrobras”, disse Temer.

2)O preço do óleo diesel será válido pelos próximos 60 dias. Até confesso, a primeira hipótese era 15 dias, depois 30 dias, e agora 60 dias. Depois disso, os reajustes só serão mensais”, disse Temer.

3) Isenção da cobrança do eixo suspenso dos pedágios nas rodovias municipais, estaduais e federais.

4)Assinei também uma Medida Provisória para garantir aos caminhoneiros autônomos 30% dos fretes da Conab, a Companhia Nacional de Abastecimento”, disse Temer.

5) Temer também assinou outra MP para estabelecer a tabela mínima de frete, conforme prevista no PL 121 que está sob análise no Senado Federal. “Essa decisão foi após conversar com o senador Eunício de Oliveira”, complementa o presidente.

Após o pronunciamento, Temer ressaltou que as medidas tomadas anteriormente seguem valendo, destacando entre elas o acordo de que não haverá reoneração da folha de pagamento no setor de transporte rodoviário de carga.

“Atendemos as demandas dos caminhoneiros mas principalmente de cada brasileiro que sofreu nesses últimos dias”, disse Temer. Ele citou dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), que indicam que milhões de animais vão morrer se não forem alimentados essa semana, “e fui informado que eles não tem nem como enterrar esses animais caso eles venham a perecer”. 

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney