“Energia para fazer churrasco até o final do ano que vem”: caminhoneiros gravam vídeo com recado a Temer

"A galera não está com pressa de ir embora não, viu"

Paula Zogbi

Cabine de um caminhão

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SÃO PAULO – “Ninguém vai morrer de fome aqui não”, diz um caminhoneiro em vídeo divulgado nesta quarta-feira (23) que mostra o segundo dia da greve que paralisa o país desde segunda-feira. “Temos energia para fazer churrasco até o ano que vem”, replica um parceiro, ao mencionar um caminhão com dezoito toneladas de carvão, pertencente a outro manifestante. 

“A galera não está com pressa de ir embora não, viu” é o recado mais relevante do vídeo. Isso porque a categoria deixou claro que só retomará as atividades quando vir suas reivindicações, ou seja, a redução de impostos dos combustíveis, atendidas no Diário Oficial da União. 

Os caminhoneiros reclamam das altas consecutivas do óleo diesel desde 03 de julho de 2017, quando a Petrobras adotou uma política de preços baseada na cotação internacional do Petróleo.

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Nesta quarta-feira (23), o plenário da Câmara dos Deputados aprovou, em votação simbólica, uma versão reduzida da reoneração da folha de pagamento para determinados setores da economia e zerou a alíquota de PIS/Cofins que incide sobre o diesel até o final do ano. Mas isso não foi suficiente para a categoria, principalmente considerando que a medida ainda deve ser aceita pelo Senado antes de entrar em vigor. 

De acordo com a Abcam, só haverá possibilidade de recuo do movimento quando uma lei for publicada no Diário Oficial. Em nota, o movimento afirmou que “não confia mais no governo federal”. 

Líderes do movimento terão encontro com a cúpula do governo federal às 14h no Palácio do Planalto. “Se na reunião de hoje o ministro Padilha e todos os ministros participantes anunciarem ‘está aqui, o presidente assinou e o PIS e o Cofins estão fora disso aqui até o final do ano’ (ou no outro ano, não sei), aí o movimento é suspenso. Porque, veja bem, não é só no óleo diesel que tem que tirar o PIS e o Cofins, tem que tirar dos combustíveis, porque o povo também está sendo beneficiado com isso, e é o que esperamos hoje”, afirmou o presidente da Abcam, José da Fonseca Lopes, em entrevista à Rádio Eldorado.

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Antes do movimento dos parlamentares, a Petrobras anunciou uma redução de 10% no preço do diesel em suas refinarias, interrompendo sua política de preços por um prazo de 15 dias, seguida por uma retomada gradual ao modelo ancorado nos preços do petróleo no mercado internacional. Com o movimento, a companhia deverá ter uma perda de R$ 350 milhões em suas receitas com a venda do combustível. Em outra frente, o governo havia anunciado, na terça-feira, que zeraria a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre o diesel.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney