Os passos para a conquista da independência financeira, segundo especialistas

A conquista da liberdade financeira depende de quatro passos, segundo especialistas

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – O planejamento assusta muitas pessoas e por mais que pareça difícil, é a solução para ter uma vida financeira organizada. Pelo menos é o que diz André Massaro, consultor financeiro e professor da B3 Educação, segundo ele a matéria prima do planejamento é a informação financeira, ou seja as informações sobre seus gastos e ganhos.

Em um Webinar organizado pela B3 Educação para a 4ª Semana Nacional de Educação Financeira e Previdenciária, Massaro e o também professor da B3 Educação Alexandre Cabral explicaram como conquistar a liberdade financeira por meio do planejamento e a partir disso começar a ganhar dinheiro com investimentos. 

“O planejar é corriqueiro, as pessoas se planejam para casar, por exemplo, mas quando vem para o mundo das finanças parece que se transforma em algo mais obscuro e as pessoas se afastam”, diz Cabral.

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Os passos para montar um bom planejamento, ganhar dinheiro e conquistar a liberdade financeira

Saiba quanto ganha

Segundo os professores, o roteiro básico é saber quanto você ganha e quanto gasta e se adequar dentro disso. “Quando você trabalha dentro do regime CLT é mais fácil se organizar porque fica fácil saber quanto ganha, não tem variações. Mas se você é pessoa jurídica, fica difícil prever com exatidão o salário de cada mês”, afirma Cabral.

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Ele sugere então um método para quem não tem salário fixo. “Como o fluxo de caixa nesses casos é irregular, uma boa opção é ter duas contas correntes – uma você recebe todo o salário da conta jurídica e com a outra você cria um hábito CLT”, afirma. Ou seja, você recebe em uma conta e define uma data para transferir um valor para a outra, como se fosse um salário dado por você mesmo. “Por exemplo, se você define o dia 5 de cada mês para transferir a quantia da conta PJ para a outra, siga à risca, se você receber alguma quantia dia 6, deixe para transferir no próximo mês, e assim, o salário vai ficando mais regular e você consegue ter mais controle sobre sua receita”, explica Cabral.

Massaro complementa dando outra dica nesse caso. “Se sua renda é variável, selecione os três meses de salários mais baixos dentro dos últimos doze meses, faça uma média e defina essa quantia como uma receita média. A partir disso ajuste suas despesas dentro desse valor”, explica. “Quando você não tem um salário fixo, é preciso ser conservador”, complementa o professor.  

Saiba quanto gasta

A partir disso, é preciso saber quanto você gasta para montar o planejamento.  Os professores sugerem a separação da despesa em três grupos: as despesas fixas (colégio das crianças, academia, aluguel de casa, valores fixos no geral); as recorrentes (contas de luz, mercado, aquelas que variam mês a mês) e as de consumo (compras, presentes).

“É importante lembrar a diferença entre receita e despesa. Quando se trata de receita não temos nenhum controle sobre ela, de maneira geral. O funcionário pode trabalhar para que no longo prazo tenha a oportunidade de uma promoção e consequente aumento de receita, mas não é da noite para o dia que se consegue um amento”, explica Massaro. “Na busca pela independência financeira, certamente você deve estar focado em maneiras de aumentar a receita, mas isso é um processo”, lembra.

Por outro lado, as despesas são totalmente controláveis e você pode administrar como quiser. “Com a despesa você tem o poder de decisão”, afirma. Sendo que quando é preciso reequilibrar as contas, o mais lógico é cortar as despesas atreladas ao consumo primeiro. Ou seja, quando precisar reequilibrar as finanças sempre comece readequando as despesas, a partir dos gastos com consumo. 

Ação

Depois que você tem consciência de quanto ganha e quanto gasta você deve organizar as informações, segundo os professores. “Você pode montar uma planilha ou escrever em um caderno, mas é preciso elencar os gastos e acompanhar de forma recorrente para ter um controle do seu dinheiro”, explica Cabral.

“Dentro do planejamento financeiro, o consumo é o tema mais importante”, afirma Massaro. Isso porque é preciso consumir de forma consciente se você almeja alcançar o sucesso financeiro. 

“Há alguns motivos para o consumo ser o mais importante de tudo no planejamento: todos somos consumidores, nem todo mundo faz planejamento, nem todo mundo investe, nem todo mundo se aposenta, mas todo mundo consome; grande parte das angustias financeiras e dívidas estão associadas ao consumo e é o sentido da vida no capitalismo, o que traz felicidade para as pessoas é o consumo”, explica Massaro.

Segundo Cabral, que complementa, até quando poupamos dinheiro é para consumir. “Quando guardamos dinheiro ou investimos estamos adianto o consumo”, afirma.

O modo como você age pode refletir diretamente no sucesso das suas contas. “O consumidor consciente é aquele que compra o que realmente quer e não o que deixa de comprar ou o que compra porque todos estão comprando”, explica Massaro. Ou seja, se você gasta dinheiro para algo que te traz prazer, bem-estar e você utiliza o produto,  não tem problema. Isso porque, segundo os professores, a educação financeira tem como objetivo melhorar a forma como as pessoas consomem e não incentivar que elas não consumam.

Os professores afirmam que é válido lembrar que nem todo mundo tem uma receita suficiente. Uma pessoa que ganha um salário mínimo pode, de fato, viver com um orçamento muito justo e não sobra dinheiro para gastar com algum lazer e muito menos investir. “Nesse caso, o empreendedorismo é uma solução”, afirma Cabral. Segundo ele, buscar uma segunda renda complementar é uma boa saída, vender sanduíches, doces, a fim de conseguir um dinheiro extra.

“E a partir disso você gera uma receita um pouco maior e abre a possibilidade para um planejamento”, diz. De acordo com Massaro, quando se tem uma renda mais baixa é mais fácil dar grandes passos, algo pequeno que você faz como vender doces, pode ajudar consideravelmente na receita.

Investimentos – Como começar 

A partir do momento que você monitora sua vida financeira e começa a sobrar um dinheiro, é hora de investir. É dito como verdade que o ideal é guardar pelo menos 10% da sua renda, valor que pode ser utilizado para investir ou ser aplicado na realização de algum outro desejo, mas os professores ponderam. 

“O percentual depende muito da renda e do estilo de vida que a pessoa leva. Em tese poupar 10% é o mínimo para ter uma vida financeira saudável. Se conseguir 20%, 30% melhor ainda, mas muito mais que isso pode dizer duas coisas: ou a pessoa realmente tem uma receita muito grande ou não está aproveitando a vida, considerando que o objetivo da educação financeira não é fazer com que as pessoas sejam mesquinhas”, explica Massaro.

Para começar, é preciso ter a consciência de que é preciso ter uma reserva de emergência porque, segundo os professores, você não consegue pensar no longo prazo, sem sobreviver ao curto prazo. Essa reserva, deve conter uma quantia suficiente para manter suas despesas em média por oito meses, considerando algum imprevisto como uma demissão ou emergência médica. Segundo os professores, esse é mais ou menos é tempo que demora para um profissional se realocar no mercado. 

Por outro lado, Cabral explica que se você tem um valor de cerca de R$ 4 mil ou R$ 5 mil por mês para guardar, quantia muito alta para a poupança, a melhor opção é começar pela Renda Fixa, e nesse caso investir no Tesouro Selic, que rende de acordo com a inflação. “Com R$ 30, R$ 100 você já consegue comprar um título e começar a juntar um dinheiro. Evite pensar a longo prazo, comece com investimentos de curto prazo, se você não consegue manter os custos para um período curto de tempo, não adianta pensar no depois”, afirma Cabral.

“Para começar investir você deve pensar sempre no fundo de emergência antes de tudo”, diz Cabral.

Agora se você tem cerca de R$ 10 mil na poupança, há opções melhores. “Não tenha dinheiro na poupança, aplique em opções que rendem mais. Por exemplo, com essa quantia já dá para investir em LCI (Letras de Crédito Imobiliário), ou LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) ou ainda CDB (Certificado de Depósito Bancário) de bancos médios, onde você vai conseguir um rendimento maior com essa quantia do que no Tesouro Selic, por exemplo”, sugere Cabral.

“Para investir em curto prazo, se eu tiver até R$ 5 mil, a melhor saída é o Tesouro Selic. Se consigo investir valores acima disso, é possível encontrar produto bons que rendem mais na iniciativa privada. E nada impede que você invista um valor mais alto em algum título como CDB ou LCI, e mensalmente deposite valores mais baixos no Tesouro Selic”, complementa.

Ele lembra que tanto o CDB quanto a LCI são protegidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que garante aplicações de até R$ 250 mil . “Até este valor de investimento tanto faz o banco que você aplicar, porque tem a garantia do fundo”, afirma Massaro.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.