Aumento de IOF para dólar gerou movimentação anormal, mas muda pouco no geral

Para especialistas, movimentação deve voltar ao normal nos próximos dias, mesmo que o imposto continue subindo

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – O governo elevou para 1,1% o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) para compra de dólar, movimentação que, segundo especulações, deve continuar até que a taxa chegue a 3%. Isso gerou uma movimentação anormal nas casas de câmbio na segunda-feira, quando a medida foi anunciada, mas não deve mudar o ritmo de compra de moeda, de acordo com Aparecido Simões Ferreira, operador de câmbio da Ourominas.

“Na segunda-feira, quando o IOF ainda era de 0,38% e o aumento foi anunciado, o movimento de compra de dólar foi muito alto. As pessoas foram pegas de surpresa”, comenta o especialista. “Mas eu particularmente acho que isso não vai afetar a demanda por dólar turismo. Não é 2% ou 3% de IOF, como se especula no mercado, que vai fazer com que a pessoa deixe de viajar”, explica.

Com o antigo índice de IOF de 0,38%, uma compra hoje de US$ 1 mil custaria R$ 3.663,87 ao comprador. Já com a nova medida aprovada pelo governo, a mesma compra de US$ 1 mil passa a custar R$ 3.690,15, com um aumento final de aproximadamente, R$27,00. A conta é de Fernando Bergallo, diretor da assessoria de câmbio da FB Capital.

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Embora a taxa tenha um custo mais elevado, observa Bergallo, a maioria das pessoas opta por levar a maior parte dos recursos em cartões de créditos ou pré-pagos, pela comodidade. “O valor que se leva em dinheiro vivo é baixo e a alta [do IOF] não foi tão grande como foi para os cartões, que passaram de 0,38% para 6,38% de uma hora para outra”, afirma.

Para Aparecido, o imposto só deve voltar a cair depois que a crise econômica passar. Mesmo assim, a recomendação de compra de moeda para viagens permanece a mesma: “sou sempre da opinião de que, para qualquer programação de viagem internacional, o ideal é adquirindo moeda gradualmente, para garantir uma taxa média de mercado boa. Isso não muda mesmo com a previsão do aumento do IOF”, explica.

Mercado paralelo

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A opção do governo de aumentar o IOF até 3% gradualmente teria sido uma maneira de observar a reação do mercado e, ao mesmo tempo, inibir a venda no mercado paralelo ilegal.

Para os especialistas, é improvável que estas operações cresçam no médio prazo. Aparecido acredita que esse tipo de venda já está enfraquecido devido a dificuldades de conseguir acesso à moeda, o que se soma à falta de segurança e praticidade de andar com moeda em espécie. Fernando completa: “o preço do paralelo também deve sofrer alta, ajustando-se em relação ao turismo. Essas diferenças [de valores], com as oscilações hoje no preço do dólar, acabam ficando em segundo plano”.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney