Brasileiro sabe controlar dívidas, mas erra mesmo assim, diz presidente da Serasa

Segundo José Luiz Rossi, o problema não está apenas na oferta, mas na conservação dos velhos hábitos

Luiza Belloni Veronesi

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SÃO PAULO – O brasileiro não apenas está endividado, como também não consegue honrar com seus pagamentos. A grande oferta de crédito no mercado – uma tentação para quem já está familiarizado com cartão de crédito e cheque especial – fez com que o Brasil batesse o recorde de inadimplência neste mês. Segundo estudo inédito da Serasa Experian, até o oitavo mês de 2014, 57 milhões de brasileiros estão com as contas em atraso. No mesmo período de 2013, o número estava em 55 milhões e, em 2012, girava na casa dos 52 milhões.

Mas, segundo o presidente da Serasa, José Luiz Rossi, o problema não está apenas na oferta – e sim na conservação dos velhos hábitos. “O brasileiro é consciente sobre seu crédito. Ele sabe que se não pagar a fatura terá de pagar juros, como também sabe que precisa gastar menos do que recebe. Mas seu comportamento ainda é o mesmo”, disse o presidente durante a 18ª edição do Troféu Transparência, realizado pela Anefac, Fipecafi e Serasa Experian. “A sociedade de consumo ainda faz com que ele gaste mais do que pode gastar.”

O executivo sinaliza, porém, uma queda na demanda por crédito por parte do consumidor. A diminuição da procura está relacionada, principalmente, à situação atual da economia brasileira e à preocupação da população em quitar suas dívidas, já que ela está mais endividada.

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Segundo a Boa Vista Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), a demanda dos consumidores por crédito caiu 7,8% em julho na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano e nos últimos doze meses, a procura caiu 3,2% e 2,1%, respectivamente.

Ao mesmo passo, o abundante mercado de crédito também parece estar perdendo força. Em julho deste ano, seu crescimento foi o menor em 12 meses desde 2008, segundo o Banco Central. Mas, na avaliação de Rossi, o mercado continua em expansão. “O Brasil ainda tem um mercado de crédito com percentual da economia menor que outros países em desenvolvimento, então temos grande potencial de crescimento”, disse. “No momento, a economia cresce menos, o que acaba dando mais receio de se endividar.”

Educação financeira
Na opinião de Rossi, o principal problema é o baixo nível de educação financeira no Brasil. “O endividado só vai mudar seu comportamento investindo na educação financeira.”

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Se você está nesta situação, o executivo dá algumas dicas simples que pode lhe ajudar. “Você não pode gastar por impulso, ter um planejamento financeiro, não usar apenas sua capacidade de pagamento mensal como única maneira de avaliar sua capacidade de tomar crédito. É efetivamente ser um consumidor mais consciente”, conclui.