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SÃO PAULO – As ações da Tec Toy (TOYB3; TOYB4) unitariamente valem menos de um centavo na Bolsa, mas a partir de hoje, elas passarão a ser negociadas a R$ 10 cada. Isso porque os acionistas da empresa aprovaram no dia 17 de junho de 2015 um grupamento na impressionante razão de 1 milhão para 1.
No entanto, essa multiplicação “mágica” de valor não tem, na verdade, nada de magia. E é aí que entra a cilada.
A “cilada” dos grupamentos
Em uma resposta à “ameaça” da BM&FBovespa de banir ações que valem menos de R$ 1,00 na Bolsa de Valores, muitas “penny stocks” têm anunciado grupamentos de ações, com o intuito de aumentar o valor de face de cada papel através da diminuição da quantidade de ativos negociados na Bovespa. A operação, em um primeiro momento, é vista como positiva no sentido de trazer maior liquidez para ativos que eram negociados próximos de R$ 0,01. Mas o que temos visto na prática é que os grupamentos têm aberto espaço para que aquelas ações que não tinham mais como cair simplesmente… voltassem a cair.
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Para explicar isso melhor é só pensar em como funciona um grupamento. O preço da ação nestas situações não foi elevado porque mais pessoas decidiram comprar e ela se valorizou, mas sim porque o preço sofreu um ajuste para cima devido à diminuição de papéis existentes no capital social. Isso significa que o mercado pode olhar para os fundamentos daquela empresa como endividamento, fluxo de caixa, Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), etc. e enxergá-la como “cara” no patamar pós-grupamento. Com isso, surge uma pressão vendedora, já que o investidor não vai querer ter em suas mãos um papel sobrevalorizado.
A consequência direta deste cenário é que os papéis que quase não tinham mais para onde cair quando a ação valia perto de 1 centavo, abriram um espaço enorme para desvalorização. Tivemos exemplos recentes que reforçam esse cenário: a JB Duarte (JBDU4), Metalgráfica Iguaçu (MTIG4) e a Lupatech (LUPA3) cumpriram a profecia e tiveram fortes quedas depois de agruparem seus papéis nas proporções de 100 para 1, 50 para 1 e 500 para 1 respectivamente.
No caso da JB Duarte, os papéis caíram 17,17% desde o grupamento. Enquanto isso, a Metal Iguaçu despencou 57,60%. A Lupatech viu uma desvalorização ainda maior, de 79,07%. Isso só para citar alguns casos.
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O caso Tec Toy
O grupamento pode finalmente “ressuscitar” a companhia na Bolsa, já que o valor mínimo de suas ações impedem que eles tenham uma maior liquidez no mercado. É o caso, por exemplo, dos papéis preferenciais (TOYB4): de abril de 2013 a outubro de 2014 esses papéis oscilaram entre R$ 0,02 e R$ 0,01 e de 3 de outubro pra cá eles não saíram mais da cotação de R$ 0,01. Lembrando que ao contrário das ações “normais”, o lote mínimo da Tec Toy é de 100 mil ações e não de 100 ações, o que significa que uma única ação custa menos do que um centavo na prática.
Após o grupamento, o capital social da Tec Toy diminuirá de 5,287 trilhões de ações para 5,287 milhões.
Veja como foi o desempenho das últimas 10 ações que fizeram grupamento:
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Empresa | Ação | Subiu/caiu | Downside do grupamento até hoje |
Recrusul | RCSL3 | Caiu | -59,33% |
Lupatech | LUPA3 | Caiu | -79,07% |
Metal Iguaçu | MTIG4 | Caiu | -57,6% |
JB Duarte | JBDU4 | Caiu | -17,17% |
Forjas Taurus | FJTA4 | Caiu | -60,73% |
Millennium | TIBR5 | Caiu | -41,67% |
Ideiasnet | IDNT3 | Subiu | 16,10% |
Unipar | UNIP5 | Caiu | -1,35% |
Oi | OIBR4 | Caiu | -66,7% |
MMX | MMXM3 | Caiu | -91,42% |