De olho em tempo de TV e estrutura, campanha de Alckmin volta a se aproximar do MDB

De acordo com a coluna do jornalista Raymundo Costa, uma das alternativas seria a construção de uma chapa com Nelson Jobim como candidato a vice

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em meio à estagnação abaixo dos dois dígitos nas pesquisas eleitorais à crescente pressão de correligionários e potenciais aliados, a equipe do ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) intensificou tratativas com uma série de partidos em um ensaio de reação no plano político. De acordo com reportagem publicada no site do jornal Folha de S.Paulo, estaria na lista do pré-candidato o próprio MDB, do presidente Michel Temer, a despeito das sinalizações recentes de tucanos de impossibilidade de aliança.

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Até o momento, a campanha trabalha com o cenário de acordo com ao menos quatro siglas: PSD, PPS, PTB e PV. Também estão na mira partidos como o PRB, o Solidariedade e o Democratas, todos atualmente com postulantes à corrida presidencial de outubro. A ideia seria construir a melhor coalizão possível, capaz de oferecer estrutura, tempo de televisão e capilaridade nos estados e municípios.

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Segundo a coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, o novo coordenador da campanha de Alckmin, o ex-governador goiano Marconi Perillo (PSDB-GO), marcou um encontro com o presidente nacional do MDB, Romero Jucá (RR). O gesto marca as primeiras movimentações da campanha de Alckmin sob o comando de Perillo, em tom mais pragmático.

De acordo com a coluna do jornalista Raymundo Costa, no jornal Valor Econômico, os tucanos estão divididos entre buscar ou não uma aliança com o MDB. Uma parte chama atenção para os riscos em função do envolvimento dos principais líderes da sigla com casos de corrupção e a rejeição recorde do presidente Michel Temer. Outra ala acredita que os emedebistas aceitarão a composição e pedirão a vice-presidência para o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Nelson Jobim, cujo bom trânsito entre os Três Poderes poderia ser muito útil em um futuro governo.

O nome do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, hoje pré-candidato ao Palácio do Planalto, também poderia ser opção. Nos últimos dias, contudo, ele tem perdido força em função do ambiente econômico mais frágil sob a ótica da opinião pública. Corrobora com tal avaliação a última pesquisa Datafolha, que mostra que metade do grupo que desaprova o governo Temer justifica a avaliação negativo ao desempenho na economia.

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Hoje, Alckmin enfrenta dificuldades para crescer nas pesquisas eleitorais e conta com um nível de rejeição elevada. Parte dos votos tradicionais do PSDB nas últimas eleições hoje estão apontando para outros candidatos, como o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e até o senador Álvaro Dias (Podemos-PR). O primeiro virou alvo da campanha do tucano enquanto o segundo já foi cortejado para uma composição.

Estratégia tucana

O dilema tucano para a corrida eleitoral foi um dos assuntos do programa Conexão Brasília da última sexta-feira, na IMTV. Para o analista político Paulo Gama, da XP Investimentos, a candidatura de Alckmin precisa investir nas articulações políticas neste momento, quando não se esperam grandes alterações na distribuição de votos.

“Precisa trabalhar a política agora para chegar em julho/agosto com uma capacidade razoavelmente grande de aparecer no rádio ou na televisão, com recurso financeiro suficiente para ter essa arma à disposição para vencer a demanda por mudança, esse cansaço da política tradicional”, afirmou o especialista. O tucano precisaria de sólida estrutura para superar a vontade majoritária dos eleitores na bandeira da renovação, que ele não representa.

“Quando você olha para essa candidatura de centro, que vem da política especificamente, ela não atende nenhum desses critérios de anseios da população que agora estão bastante presentes. Se ele não tiver esse outro instrumento mais tradicional de capilaridade política, de presença na televisão, aí essa candidatura perde bastante força”, complementou.

Na avaliação de Gama, a greve dos caminhoneiros explicitou a inviabilidade de qualquer candidatura que se atrele à imagem do governo. “Essa é uma discussão que se coloca na campanha do PSDB, combinando esses dois fatores de se vale mais a pena ter um tempo de exposição maior na televisão e se atrelar ao MDB, ao governo Temer de uma maneira direta, ou se, pelo contrário, vale a pena você não ter esse tempo na televisão e deixar que o MDB tenha uma candidatura própria que absorva essa rejeição. Essa é uma discussão que ficou mais presente”.

Para o sociólogo João Paulo Cunha, gerente de pesquisas do Instituto Locomotiva, que também participou do programa, além da demanda por renovação, o tucano deve enfrentar problemas ao adotar uma estratégia de defender abertamente reformas econômicas próximas do receituário do atual governo. “Essa percepção em termos econômicos tem aparecido de forma consistente em todas as pesquisas que fazemos, mesmo nas qualitativas. Quando exploramos esse tema da melhora da economia, isso é absolutamente rejeitado, as pessoas não percebem isso. Quando você fala em inflação, a percepção das pessoas é que os preços estacionaram em um patamar alto”, observou.

“Imaginamos que esse mal estar vai chegar na eleição muito colocado, ao contrário do que se supunha no ano passado. Isso coloca um desafio enorme para qualquer candidato que tente se apropriar desta agenda do governo atual. Então, o mais provável é que isso tenha que ser feito pensando mais no futuro do que de fato na discussão da agenda do governo atual. É a única chance de esta agenda prosperar, e ainda assim vai ser muito desafiador nesta campanha”, avaliou.

Assista à íntegra pelo vídeo abaixo:

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.