Greve dos caminhoneiros é fruto do excesso de intervencionismo, diz Samuel Pessôa

"É uma soma de erros. Esse fenômeno dos caminhoneiros é uma dinâmica que vem lá de trás e é fruto deste excesso de intervencionismo", disse

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O reflexo da atual greve dos caminhoneiros será um aumento da dívida pública ou um aumento da carga tributária, afirmou o economista Samuel Pessôa no Painel WW da última sexta-feira (25). “É uma soma de erros. Esse fenômeno dos caminhoneiros é uma dinâmica que vem lá de trás e é fruto deste excesso de intervencionismo”, disse.

Segundo ele, o problema surgiu em uma política criada entre 2009 e 2013, em que preços eram subsidiados, com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) fazendo empréstimos para a compra de caminhões a taxa de juros abaixo da inflação. “Isso fez com que a indústria de caminhões produzisse a plena carga durante muito tempo, aumentando muito a oferta de caminhões”, explicou Pessôa.

Em artigo publicado na Folha de S. Paulo de domingo (27), o economista complementou seu raciocínio: “achava-se que seria política contracíclica eficaz para ajudar a economia a sair da crise iniciada em 2008. O programa de crédito muito barato persistiu até o primeiro mandato da presidente Dilma. De 2009 até hoje a frota de caminhões aumentou 40%. A economia, no mesmo período, cresceu 11%”.

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Com esta grande oferta, o frete acaba desabando, o que prejudica principalmente o motorista autônomo. O economista afirma que para as grandes empresas, é mais fácil contratar outros motoristas, ainda mais diante de um mercado de trabalho fraco e com alto desemprego.

“O frete caiu há muito tempo porque a gente aumentou a oferta de forma artificial, ou seja, aumentamos a oferta a um preço menor do que a sociedade paga para produzir. Caminhão é um produto importante, mas não faz sentido aumentar assim artificialmente”, disse ele no programa apresentado por William Waack (clique aqui e veja o debate completo).

No artigo da Folha Pessôa diz ainda que “um conjunto incrível de intervenções totalmente desastradas explica movimento grevista muito rápido e que desorganizou a vida das pessoas como poucas vezes ocorreu”.

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“Para esse setor, no Brasil, as falhas de governo ultrapassam as falhas de mercado por larga margem”, continua o economista. “Será necessário privatizar com sabedoria o setor de refino. Melhorar o marco regulatório e criar condições para que o comércio internacional ajude a disciplinar o mercado”, conclui.

Confira o trecho com a análise de Samuel Pessôa:

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.